"John Wick - Um Novo Dia para Matar" funciona bem melhor do que o filme original – Ambrosia

“John Wick – Um Novo Dia para Matar” funciona bem melhor do que o filme original

Evolução. Essa é a palavra que parece surgir na mente de quem assiste a “John Wick – Um Novo Dia para Matar” (“John Wick – Chapter 2”), filme que continua a história do implacável e praticamente indestrutível assassino profissional interpretado por Keanu Reeves pela primeira vez em “De Volta ao Jogo”, lançado em 2015. A produção, feita praticamente para ser um cartão de visitas para os diretores Chad Staheski e David Leitch, conquistou diversos fãs graças às inúmeras cenas de tiros, lutas e explosões, que escondiam uma trama fraca, com um roteiro raso e personagens mal construídos, e que fizeram atores como Willem DafoeJohn Leguizamo e Ian McShane ficarem perdidos no meio de tanto tiroteio. Por isso, é uma agradável surpresa descobrir que essa sequência supera a aventura original em praticamente todos os aspectos, tornando a produção um verdadeiro deleite para os amantes dos filmes de ação incessante, e com algo essencial que o primeiro filme não tinha: uma história com começo, meio e fim.

"John Wick - Um Novo Dia para Matar" funciona bem melhor do que o filme original – Ambrosia

Desta vez, John Wick (Keanu Reeves) – após promover mais um banho de sangue para recuperar seu carro roubado em “De Volta ao Jogo”, numa ótima participação de Peter Stormare – decide que vai finalmente se aposentar de sua vida como matador. Ainda atormentado pela morte da mulher, Helen (Bridget Moynahan), Wick só deseja ficar em paz na sua casa, acompanhado apenas de seu novo cachorro. Só que, uma noite, é procurado pelo mafioso Santino D’Antonio (Riccardo Scamarcio), que vem cobrar uma antiga dívida, por causa de um pacto de sangue, realizando um serviço em Roma.

A princípio relutante, Wick é “convencido” por Santino a aceitar o trabalho, que pode abalar as estruturas da Alta Cúpula, uma organização internacional secreta, perigosa e mortal, de assassinos procurados em todo o planeta. Só que Wick vai descobrir que nem tudo é o que parece e terá que usar todas as suas habilidades para escapar com vida de uma intensa caçada, que o faz encarar conhecidos inimigos, como Cassian (Common), e também pessoas de seu passado, como um misterioso líder de um grupo de mendigos assassinos, conhecido apenas como Bowery King (Laurence Fishburne).

"John Wick - Um Novo Dia para Matar" funciona bem melhor do que o filme original – Ambrosia

É realmente incrível a sensação de que todos os envolvidos no primeiro filme se dedicaram a fazer uma sequência que superasse o original em praticamente tudo. A começar pela direção, comandada desta vez apenas por Chad Staheski (já que seu parceiro David Leitch caiu fora para ser o cineasta da aguardada continuação de “Deadpool”). O cineasta consegue a proeza de realizar sequências de ação ainda mais alucinantes, a começar pelas que abrem o longa, num ritmo que geralmente é visto na parte final de filmes semelhantes. Mas “John Wick – Um Novo Dia para Matar”,  ao contrário do que é visto ultimamente, não perde o fôlego nem o foco até o seu último minuto, prendendo a atenção do começo ao fim. E isso é um grande feito de Staheski, que utiliza enquadramentos diferentes para dar mais originalidade em alguns momentos, por mais surreais que eles sejam.

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Outro que parece ter percebido que precisava dar um melhor tratamento para a nova aventura do matador bom de tiro, porrada e bomba foi o roteirista Derek Kolstad, também responsável pela história de “De Volta ao Jogo”. Desta vez, o autor se preocupou em dar mais sentido para a trama que, se não é original, pelo menos não é tão rasa e é mais bem desenvolvida, mesmo que suas reviravoltas sejam pouco criativas.

Além disso, Kolstad se esmera em tornar seus personagens mais cativantes, como Winston (Ian McShane), o gerente do hotel de assassinos profissionais, que tem mais relevância aqui, ou mesmo Santino D’Antonio, um vilão bem mais carismático (e odioso) do que Viggo Tarasof, interpretado por Michael Nyqvist no primeiro filme. O escritor também foi feliz em aprofundar questões envolvendo o submundo dos assassinos profissionais que, embora sejam bastante ficcionais, despertam uma curiosidade no espectador.

"John Wick - Um Novo Dia para Matar" funciona bem melhor do que o filme original – Ambrosia

À frente do elenco, Reeves não mostra muita diferença em relação aos trabalhos que já realizou, mas também não compromete, já que seu personagem, assim como diz uma canção de Erasmo Carlos, tem que manter a sua fama de mal. Por isso, o ator capricha na sua cara dura e inexpressiva, ao mesmo tempo que volta a impressionar com o seu vigor nas cenas de luta e tiroteio. McShane se mostra menos perdido e bem mais interessante, assim como Common, que se mostra mais perigoso e um adversário à altura de John Wick. Tanto que os dois protagonizam algumas das melhores sequências de pancadaria do filme, especialmente uma que é tão alucinante quanto surreal.

Entre os “novatos”, o principal destaque vai para a entrada de Laurence Fishburne que, além de realizar mais um notável trabalho graças ao seu talento, faz os fãs da franquia “Matrix” (que estrelou ao lado de Reeves) vibrarem de alegria por ver os dois astros juntos novamente, ainda mais que Fishburne é responsável pela melhor piada do filme. Riccardo Scamarcio aproveita bem a oportunidade de viver o vilão da trama e dá a ele o tom certo de antipatia e até covardia para o antagonista de Wick.

A bela Ruby Rose, que já surgiu em mais dois blockbusters num curto espaço de tempo só neste início de ano (“xXx: Reativado” e “Resident Evil 6: O Capítulo Final”), marca presença como a mortífera assassina Ares, mesmo sem dizer uma só palavra e usar linguagens de sinais. A participação mais do que especial de Franco Nero (conhecido por interpretar o pistoleiro Django em vários faroestes) ajuda a deixar o filme ainda mais saboroso para os admiradores do gênero.

"John Wick - Um Novo Dia para Matar" funciona bem melhor do que o filme original – Ambrosia

Com uma belíssima fotografia, assinada por Dan Laustsen (de “A Colina Escarlate”), e uma trilha sonora eficaz de Tyler Bates e Joel J. Richard, “John Wick – Um Novo Dia para Matar” surge como um dos melhores filmes de ação da temporada. É possível que algumas pessoas se cansem de ver tantas cenas sucessivas de ação incessante, seguindo uma dinâmica parecida de uma para outra. Mas quem embarcar nesta produção que eleva consideravelmente o nível em relação ao que foi visto há dois anos, certamente irá curtir bastante e vai querer ver mais quando as luzes do cinema se acenderem. Talvez nos próximos anos, John Wick ressurja para mais um festival de tiros, lutas e confrontos em ritmo alucinante. Mas tome cuidado! Pode ser que acabe sobrando para você se ficar no meio do fogo cruzado.

Filme: “John Wick – Um Novo Dia Para Matar”
Direção: Chad Stahelski
Elenco: Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Riccardo Scamarcio, Ruby Rose, Ian McShane e John Leguizamo.
Gênero: Ação, Aventura
País: EUA
Ano de produção: 2017
Distribuidora: Paris Filmes
Duração: 2h 02 min
Classificação: 16 anos

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