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Mahmundi sofistica e reafirma seu status em novo disco

Marcela Vale, que usa o nome artístico Mahmundi, é uma jovem cantora que despontou em 2014 com seu álbum “Efeito das Cores” e logo após lançou o EP “Setembro”. Depois de ser apontada como uma das grandes promessas da música brasileira, tendo seu trabalho divulgado no festival de música pop/eletrônica Polos, no ano passado, chega o terceiro trabalho, que leva seu pseudônimo com título. “Mahmundi” (Stereomono/Skol Music) é um disco sofisticado, classudo, que pode perfeitamente configurar entre os melhores lançamentos nacionais do primeiro semestre de 2016. Constituído de uma sonoridade etérea permeando as 10 faixas, a cantora traz nítidas influências da MPB jovem dos anos 1980 que flertava com o pop/rock, mas não chegava a ser classificada como BRock, além da música eletrônica.

As faixas ‘Hit’ (que abre o álbum) e ‘Eterno Verão’ e ‘Desaguar’ são as que colocam essa característica mais em evidência. Mahmundi celebra o amor e as doçuras e agruras do relacionamento a dois, mas emoldurando com um clima solar, que evoca o verão carioca. É música para tocar na rádio, mas sem nenhum demérito nisso. É a afirmação de que música pop e palatável não precisa ser, necessariamente, ruim ou medíocre. Uma das faixas mais interessantes do disco é ‘Meu Amor’, que vai ganhando camadas em seu decorrer, culminando em um belo mosaico sonoro. A seguinte, ‘Calor do Amor’, é um eficiente synth pop, com muita batida e teclado como se estivéssemos em 1985. Nesse ponto, sua nostalgia se assemelha bastante à da banda Chvrches.

É curioso notar a forte influência do estilo da cantora Marina sobre a performance vocal de Mahmundi. Nas faixas ‘Leve’ e ‘Quase Sempre’ ela reproduz até alguns maneirismos vocais da grande hit maker brasileira dos anos 80. Curioso porque Marina era uma cantora branca que emulava a voz de uma negra, enquanto Mahmundi é negra, e tem genuinamente a modulação vocal que a primeira reproduzia.

‘Wild’, a penúltima música, chama atenção por acrescentar elementos de percussão afro intensos logo na abertura, e pontuando o refrão intermediário, dando um clima jungle à música, oferecendo um contraste com o singelo piano, que se destaca da metade para o final da canção. A última faixa, ‘Sentimento’ talvez seja a que mais se desgarre da nostalgia oitentista que dá o tom ao álbum. Nela há até, de certa forma, uma remissão a Marisa Monte, mas não chega a soar como cópia.

Mahmoud tem uma bela voz, além disso conta com uma eficiente produção, que, apesar de não ter sido caríssima, consegue atingir o resultado desejado e muito satisfatório. E esse resgate da música popular radiofônica de três décadas atrás não é falta de personalidade ou aposta em uma fórmula já testada, e sim uma clara identificação com um estilo, que pode perfeitamente ser abandonado no próximo trabalho. Por enquanto, temos um belo exemplar de uma cantora nacional que tem tudo para ganhar ainda mais destaques na cena musical.

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