Muddy Waters eletrifica Montreux Jazz Festival 1977: uma lenda do blues sem igual – Ambrosia

Muddy Waters eletrifica Montreux Jazz Festival 1977: uma lenda do blues sem igual

No verão de 1977, as pitorescas margens do Lago Genebra foram palco de uma das apresentações mais eletrizantes da história do Festival de Jazz de Montreux. O lendário Muddy Waters, uma figura imponente no género blues, subiu ao palco e deixou uma marca indelével nos corações dos entusiastas da música.

O Casino Montreux, banhado pelas quentes luzes do palco, fervilhava de expectativa. O ar estava denso de excitação enquanto o público se acomodava em seus assentos. Muddy Waters, nascido McKinley Morganfield, conhecia bem o festival. Suas aparições anteriores já haviam consolidado seu status como ícone do blues.

Quando a banda tocou os primeiros acordes, Muddy Waters surgiu, vestido com um terno elegante e seu chapéu característico. Sua voz rouca, desgastada por anos de narrativa emocionante, ressoou pelo salão. A multidão se inclinou, cativada pela emoção crua que emanava.

O setlist foi uma viagem pelo coração do blues. Cada nota, cada riff carregava o peso de uma vida inteira de experiências. Desde os compassos de abertura de “Nobody Knows Chicago Like I Do” até a comovente versão de “Still a Fool”, Muddy manteve o público em transe.

A gaita tocou, o violão chorou e os dedos de Muddy dançaram pelas cordas. “Can’t Get No Grindin’ (What’s the Matter With the Meal)” ecoou as lutas da vida cotidiana, o desejo por algo mais. A multidão balançou, perdida no ritmo.

Em um momento comovente, Muddy prestou homenagem a seu amigo e colega bluesman, Howlin’ Wolf. Sua versão de “Howlin’ Wolf” foi uma homenagem sincera, uma ponte entre o passado e o presente. A sala pareceu prender a respiração, honrando o legado de uma lenda falecida.

E então veio o hino – aquele que causou arrepios nas espinhas e incendiou as almas. “Hoochie Coochie Man” irrompeu como uma tempestade. O trabalho de slide guitar de Muddy foi uma força da natureza, e a multidão explodiu em aplausos. O blues nunca soou tão vivo.

Enquanto as notas finais de “Got My Mojo Working” reverberavam, Muddy Waters recuou, encharcado de suor, mas triunfante. O público levantou-se, um mar de mãos batendo palmas em uníssono. O Montreux Jazz Festival testemunhou um mestre trabalhando.

A atuação de Muddy Waters naquela noite transcendeu o mero entretenimento. Foi uma prova do poder duradouro do blues – um gênero nascido da luta, da resiliência e do espírito humano. Sua influência continua a se espalhar por gerações de músicos, de Eric Clapton aos Rolling Stones.

À medida que as luzes diminuíam e os ecos de Montreux se desvaneciam, Muddy Waters deixou uma marca indelével na história do festival. Seu espírito continua vivo, levado pelos ventos que varrem o Lago Genebra, sussurrando histórias de um bluesman que certa vez incendiou o palco.

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