Cultura colaborativa! Participe, publique e ganhe pelo seu conteúdo!

A perturbadora assimilação do tenso “Contágio”

Na sua busca por um diálogo mais conciso com aquilo que acredita ser o seu cinema, o cineasta Steven Soderbergh muitas vezes consegue transcender o seu tino experimentalista banal e nos proporcionar a verdadeira transcendência do intricado limite entre realidade e ficção.

Foi refletindo sobre isso que cheguei a uma conclusão a cerca de mais novo filme, o tenso Contágio. Como o próprio nome supõe, o filme acompanha a rápida evolução de uma epidemia que começa na Ásia e se alastra por todo o globo causando mortes em massa e fazendo com que a Organização Mundial da Saúde entre em verdadeira crise (ética e estrutural) para conseguir conter a matança.

O diretor, que tem bons contatos na seara Hollywoodiana, nutre seu filme com um elenco de dar inveja: Matt Damon, Kate Winslet, Gwyneth Paltrow, Jude Law, Marion Cotillard e Laurence Fishburne são alguns dos nomes mais importantes que estão no numeroso elenco da produção. E com isso, Soderbergh vai delineando a trama pelos pontos vitais (!) de sua história. Seja pelo drama de um marido (Damon) que descobre que sua esposa é uma das primeiras vítimas da doença. Seja pelo ativista político (Law) que mantém um blog implacável contra os desmandos da indústria farmacêutica ou até por uma representante institucional que se envolve com as repercussões éticas e políticas da problemática, para além de seu continente.

A câmera documental e fria do diretor vai planando sobre as ramificações desse caos trazendo consigo uma boa dose de tensão, principalmente pela bem sucedida forma com que os extremos são transpostos ao espectador, resvalando numa assimilação assustadora.

Claro que em tempos recentes e principalmente com exemplos como a gripe suína, vaca louca e afins, nosso inconsciente busque probabilidades reais do que é visto na tela. E Soderbergh é hábil em potencializar isso quando humaniza cada ponto de vista de sua alegoria. São focos narrativas diferentes que encontram seu ponto nevrálgico na vulnerabilidade do homem diante dos efeitos da natureza.

Ponto para o cineasta que quando foca em fazer um cinema apenas coerente, é brilhante. Resultado: saí da sessão do cinema com a mesma sensação paranoica que senti aos 9 anos ao ver em VHS o filme O Dia Seguinte.

[xrr rating=4/5]
Compartilhar Publicação
Link para Compartilhar
Publicação Anterior

Em novo álbum, “Elo”, Maria Rita trafega pela zona de conforto

Próxima publicação

A Mentira – um filme no melhor estilo ‘anos 80’

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia a seguir