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“Conan, o Bárbaro” é um emblema sagaz da decadência do gênero em Hollywood

O cinema comercial é feito de ciclos. E algumas “profecias” mercantilistas são clichês tão constantes que suas confirmações soam banais. Quem não previu que o estupro dos estúdios em filmes de heróis baseados (ou não) em Hqs ia acabar por desgastar a fórmula? Pois Lanterna Verde e, agora Conan, O Bárbaro estão aí para nos dar a prova.

Pessoalmente, observei com muita desconfiança essa exagerada expectativa em cima da nova versão do clássico (!!!) filme de 1982, protagonizado por Arnold Schwarzenegger, baseado no livro “bagaceiro” de Robert E. Howard. O filme tinha lá sua base de fãs mas não era tão forte assim no mosaico da cultura Pop. Inclusive, visto hoje, nota-se que a produção não conseguiu fugir do emblema de datado.

Eis que os estúdios identificaram ali uma possibilidade de franquia e então, escalou o grandalhão Jason Momoa (que aqui mostra suas possibilidades dramáticas de forma mais contundente do que em Game Of Thrones) para “modernizar” a obra. Óbvio que a tentativa foi um tanto fracassada (e, dado o resultado de bilheteria, em todos os sentidos).

A história é a mesma: Conan é um pequeno cimério com impressionantes habilidades de guerreiro que sobrevive a uma verdadeira carnificina de seu povo, e ainda presenciando a morte de seu pai. Tudo pela desmedida busca do vilão Khalar Zim pela imortalidade, através de partes de uma máscara espalhadas por alguns reinos.

Enquanto o filme original, tinha aquele ar underground que nos jogava para dentro daquele universo kitsh e bizarramente violente, a nova versão é de um artificialismo tamanho que torna tudo tão genérico… Ainda que Momoa incorpore dignamente seu Conan, o filme não corresponde a isso, resvalando sempre para a banalização das cenas épicas de brutalidade, com vilões caricatos e direção insossa.

O diretor, Marcus Nispel, não imprime personalidade mesmo diante de uma produção que abre muitas possibilidades estéticas e/ou dramatúrgicas, ficando tudo muito indolor e fazendo com que a possível força de sua história se perca em lutas evasivas e olhar de bravura alheios… Nem a tal cena de sexo consegue injetar alguma vitalidade nisso…

Desse exemplo pontual nós tiramos a conclusão automática da lógica de mercado de Hollywood que anda minando sua própria subsistência: a quantidade aqui suplanta não só a qualidade mas também a legitimidade de seus “produtos” e a banalização revela-se fatal até para os adolescentes que tanto sustentam o mercado (pelo menos o valioso mercado norte-americano).

Não que a simples retórica aponte para alguma solução prática, afinal, filmes muito bons como Watchmen não deram dinheiro, mas o princípio de um trabalho que alie entretenimento e substancialidade, sem descontar a inteligência do espectador começa justamente na verdade com que aquilo é criado e trabalhado. Uma pena que nem todo Blockbuster se leve a respeito como um certo “cavaleiro das trevas”…

[xrr rating=2/5]
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Comentários 5
  1. Ao fim o que temos? Mais um “God of War” genérico. Eu profetizei, alhures, que God of War é a nova estética do “espada e feitiçaria” e que faria muito mal a este gênero da ficção fantástica. Mas, os cães de Hollywood não viram os erros do remake de Fúria de Titãs (cuspo no remake, a Fúria legítima é o de 1982!). Enfim, paciencia.

  2. Assisto o filme ontem e achei legal. Eu só não acho que deviam comparar com o de 1982. O Conan daquela época, pelo que eu me lembro tinha pouco coisa de “filme sério” ou de adaptação fiel. Se for parar para pensar era mais uma galhofa mesmo.
    Acho que não tem muito sentido comparar os dois filmes, o mais novo deve ser considerado uma obra diferente. Pelo menos é o que eu acho.

  3. Bob, sentido realmente não tem, mas quando o remake é irritantemente aquém do anterior, as comparações são inevitáveis… Não para justificar mas para apontar a falta de caminho do projeto…

  4. Vou te falar que finalmente assisti Conan O Bárbaro e tenho de concordar com esse texto.

    Sempre fui fã do personagem e o principal problema é justamente não ver nada que se sustente no filme, nenhuma cena épica que possamos lembrar com carinho ou mesmo uma aventura bem amarrada que nos queira levar para o universo fantástico criado por Robert E Howard.

    É tudo plástico, é tudo artificial e Conan ficou insosso, infelizmente.

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