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“Cosmópolis” é um filme para poucos

São raros os diretores atuantes em Hollywood que decidem se manter fiéis as suas essências e acreditem em filmes não tão comerciais. Cronenberg sem sombra de dúvidas faz parte dessa lista. Seus filmes são mais experimentais, psicológicos e enervantes. Talvez seja preciso entender o próprio diretor para conseguir entender os seus filmes.

Em Cosmópolis, não seria diferente. Tudo o que o bilionário Eric Packer (Robert Pattison) quer é um corte de cabelo. Mas, para isso ele deve atravessar até o outro lado da cidade e passar em meio a um caos anárquico que vem se formando ao seu redor. Seu império corre o risco de ruir a qualquer momento pois ele não sabe o que deixou escapar e os muitos personagens que vão passando em sua limousine lhe dão respostas, como também o fazem ter mais e mais dúvidas se o que ele quer é realmente o que ele deve fazer.
 Temos um bilionário, em um aparente dia comum procurando algo tão mundano quanto um corte de cabelo. Mas não é só isso. Nunca é só isso.

O universo dentro da limousine é constantemente comparado com o que se passa fora dela. Enquanto Packer parece calmo, o mundo lá fora se rompe em protestos e manifestações. Aqui o poder real é o capitalismo e em como Packer parece estar acima  justamente por estar no topo de tudo. No que ele se interessar, seu dinheiro pode comprar e ainda assim nada parece ser suficiente, já que passa grande parte do filme a procura de emoções, e/ou problemas que justifiquem sua apatia. Se torna uma busca infinita, porque por mais que ele consiga o que quer, ele só fica mais e mais insatisfeito.

A atuação de Robert Pattinson é o que ergue esse longa tão confuso e com um ritmo quase monótono.  Ele consegue e muito bem apresentar as idiossincrasias de um personagem tão complexo quanto Eric Packer. Mesmo com um elenco composto de estrelas como Juliette Binoche e Paul Giamatti, é Pattinson quem leva o filme por sua atuação.
A dobradinha final entre Giamatti e Pattison é um show a parte, lembrando muitas vezes ricos diálogos só visto em peças de teatro. O que não chega exatamente a favorecer o filme, pois só acontece beirando os últimos minutos e o telespectador já está tão saturado com tantos diálogos longos e complexos, que tal cena pode passar completamente desapercebida.

Baseado num livro homônimo de Don DeLillo talvez o tema abordado não seja realmente do interesse de muitos. Afinal, quem é que vai para uma sala de cinema, com um balde de pipoca, assistir a quase duas horas de diálogos longos e complicados sobre o futuro do capitalismo?

Justamente por isso muitas pessoas abandonaram a sessão bem no meio, só provando a teoria de que filmes do David Cronenberg são mais voltados para um público seleto.

[xrr rating=2/5]
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