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Crítica: "Drácula – A História Nunca Contada" transforma o Príncipe das Trevas em super-herói

Desde o lançamento do livro de Bram Stocker em 1897, “Drácula” se tornou a referência máxima quando se fala de vampiros. O personagem já foi vivido de diversas maneiras, principalmente no Cinema, que consagrou as versões defendidas por Bela Lugosi, Christopher Lee e Gary Oldman, entre outros. Porém, durante muito tempo, o Príncipe das Trevas não era tema de nenhuma grande produção e estava se tornando uma simples lembrança na memória do público em geral. Com o sucesso dos vampiros sentimentais da “Saga Crepúsculo” e da séries de TV “True Blood” e “Diários de um Vampiro”, não demorou muito para que surgisse um novo filme sobre o cultuado sanguessuga. Mas como os tempos são outros, desta vez há mais ação e pouquíssimo terror em “Drácula – A História Nunca Contada” (“Dracula Untold”), que pretende contar a origem de sua lenda.

A trama se passa no ano de 1462 quando a Transilvânia passa por um período prolongado de paz no reinado justo e sensato do guerreiro Vlad III, Príncipe de Wallachia (Luke Evans), e sua mada esposa, Mirena (Sarah Gadon). Mas quando o Sultão Mehmed II (Dominic Cooper) exige que mil dos meninos de Wallachia, inclusive o próprio filho de Vlad, Ingeras (Art Parkinson), sejam tirados de casa e forçados a servir seu exército, Vlad tem que decidir entre fazer o que o seu próprio pai fez e entregar seu filho para o sultão ou pedir ajuda de uma força oculta e muito poderosa. Ele viaja para a Montanha do Dente Quebrado, onde encontra um ser demoníaco (Charles Dance) e faz um pacto macabro que lhe dá a força de 100 homens, uma velocidade incrível e poder suficiente para esmagar seus inimigos. O único porém é que ele passa a ter uma sede insaciável de beber sangue humano. Vlad volta para salvar o seu povo, torna-se um guerreiro praticamente invencível e precisa resistir durante três dias para voltar ao normal. Mas, se cair em tentação, terá que viver nas trevas para o resto da vida e destruirá tudo que ama.

Inspirado na história de Vlad, o Empalador (que realmente existiu), “Drácula – A História Nunca Contada” carece de mais personalidade, já que tanto as cenas de batalha lembram demais a de outros filmes recentes, como a trilogia de “O Senhor dos Anéis” e “300”. Além disso, as sequências que mostram os morcegos que surgem sob o controle do protagonista contra seus inimigos remetem a um momento importante de “Batman Begins”. A direção de Gary Shore, estreante em longas-metragens, é apenas correta, sem nenhuma inovação, e peca em se preocupar mais com a questão épica da história – amparado por efeitos especiais apenas corretos – do que dar um aspecto mais aterrorizante a ela. O roteiro escrito por Mark Sazama e Burk Sharpless ameniza o lado sombrio do personagem principal e lhe confere atributos que mais se assemelham ao de um super-herói, como sua preocupação em salvar seu povo inocente do exército vilão com seus novos poderes e ter várias cenas que reforçam seu bom caráter e seu amor à família. Algo que não condiz muito com a aura sinistra que fez com que Drácula fosse um ícone do Terror. Vale ressaltar também alguns erros de continuidade e sequências ilógicas que prejudicam a verossimilhança necessária para que possamos embarcar na trama.

Com a difícil missão de viver seu primeiro protagonista na telona, Luke Evans até que se sai bem, dando o tom certo para o seu personagem corajoso e ao mesmo tempo atormentado por suas decisões. Sua interpretação digna ajuda a tornar o filme um pouco mais relevante. Sarah Gadon não faz mais do que viver a típica mocinha deste tipo de produção, como alguém eternamente apaixonada pelo seu príncipe, apesar dos problemas enfrentados. Já Dominic Cooper repete seus maneirismos já vistos em produções como “Capitão América: O Primeiro Vingador” e “Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros” e não impressiona como vilão. O veterano Charles Dance é o único que consegue dar um ar mais sombrio e correto para um filme de Terror como o vampiro mestre. Mas para quem já interpretou personagens maus, como o Tyrion Lannister em “Game of Thrones”, isso não é nenhuma surpresa.

Com um desfecho que dá a entender que pode haver uma continuação (e até mesmo uma nova franquia), “Drácula – A História Nunca Contada” poderia ir além do que ficou o resultado final. Mas, do jeito que ficou, o filme nada mais é do que um simples passatempo, sem maiores profundidades, e que pode ser facilmente esquecido algumas horas depois de ser assistido. Se alguém quer ver algo mais relevante sobre a história do Príncipe das Trevas, é melhor ver (ou rever) “Drácula de Bram Stocker”, onde Francis Ford Coppola conta em pouco tempo a origem do vampiro de uma maneira muito mais marcante do que essa produção em seus 92 minutos.

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