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Crítica: "Tim Maia" empolga ao mostrar o som e a fúria do Síndico

Polêmico, explosivo, intenso, genial… Estes são alguns dos adjetivos que geralmente são usados para descrever Sebastião Rodrigues Maia, um homem cujo talento musical é inquestionável e tem fãs em todas as classes sociais brasileiras. Sua obra é lembrada por muitos até hoje e muitas de suas canções animam festas de Norte a Sul do Brasil. Depois de ter sua vida contada em livros, teatro e TV, só faltava chegar ao cinema. Já não falta mais com o lançamento de “Tim Maia”, com toda a pompa e circunstância que o controverso cantor merece, num filme que conta com uma boa produção e uma trilha sonora de não deixar ninguém indiferente na cadeira.

O filme começa em 1942, ano de nascimento de Tim Maia, e segue mostrando os principais fatos de sua vida, como quando era entregador de marmitas durante a infância pobre no subúrbio do Rio de Janeiro, passa por suas primeiras experiências musicais no fim dos anos 50, quando conhece Roberto Carlos (vivido no filme por George Sauma) e Erasmo Carlos (Tito Naville) e formou a banda The Sputniks, que tocou no programa de Carlos Imperial (Luis Lobianco, do “Porta dos Fundos”). Depois, ele vai para os Estados Unidos, onde aprende a Soul Music, mas acaba sendo deportado por cometer alguns crimes. De volta ao Brasil, passa por várias dificuldades até conseguir se consagrar após o sucesso de sua composição “Não Vou Ficar”, gravada por Roberto, e lançamento de seu primeiro disco, que tinha hits como “Azul da Cor do Mar” e “Primavera”. A partir daí, a produção enfoca vários episódios de sua vida, como os problemas com drogas, os vários processos judiciais, seu envolvimento com a doutrina Cultura Racional (que o levou a gravar dois discos controversos para a época, mas hoje consagrados), seus fracassos que o levaram ao fundo do poço, sua incrível recuperação nos anos 1990 até sua morte, em 1998.

Para contar a história deste personagem único na Música Popular Brasileira, o diretor Mauro Lima, de “Meu Nome Não é Johnny” e “Reis e Ratos”, conseguiu um resultado bem empolgante e realizou um filme com bastante vigor, que se comunica diretamente com o público, ao contrário de outras cinebiografias recentes, como “Não Pare na Pista”, sobre a vida de Paulo Coelho. O cineasta, que também escreveu o roteiro (inspirado no livro “Vale Tudo”, de Nelson Motta) ao lado de Antonia Pellegrino, não deixa de mostrar os problemas causados pelo temperamento esquentado do cantor, como as brigas que tinha com seus músicos e até com os amigos, assim como o lado divertido de Tim, com suas tiradas inspiradíssimas. No entanto, o resultado final apresenta uma certa irregularidade, especialmente com a escolha de colocar o personagem Fábio (interpretado por Cauã Reymond, também produtor do filme) como o narrador da história em detrimento de outras pessoas mais importantes na vida do artista, como o próprio Nelson Motta ou a cantora Elis Regina. Outra que deveria ter mais destaque é Rita Lee, vivida por Renata Guida, que aparece em poucas cenas e de forma bem superficial.

Mas, além de sua ótima trilha sonora, que usa praticamente todos os grandes sucessos da carreira de Tim Maia, os grandes destaques do filme são mesmo os atores Robson Nunes, que interpreta o protagonista na juventude, e Babu Santana, que vive o biografado na fase adulta. Os dois entregam atuações realmente sensacionais e, graças a eles, o público é fisgado durante os 140 minutos de projeção. Babu, em especial, impressiona não só por parecer muito com o verdadeiro Tim (especialmente na fase final de sua vida), que fica ainda mais semelhante graças ao ótimo trabalho de maquiagem, mas também por cantar algumas músicas do “Síndico” durante o filme. Além disso, ele mostra uma boa interação com Alinne Moraes, que no filme é Janaína, uma personagem que é uma mistura das várias mulheres que se envolveram com o cantor durante a sua vida, tanto nas cenas românticas quanto nas mais dramáticas. Robson (que já tinha interpretado Tim Maia no programa da TV Globo “Por Toda a Minha Vida”) também não fica atrás e obtém um excelente resultado, especialmente nos momentos onde mostra o temperamento explosivo do artista. A dupla merece ser lembrada em premiações nos próximos meses.

Apesar de alguns momentos irregulares, como demorar tempo demais na parte em que o protagonista passa um tempo na Europa e passar rapidamente pelo momento em que volta a fazer sucesso, “Tim Maia” consegue ter um saldo positivo e cativa o espectador com uma história tão interessante quanto o próprio biografado, cujo legado permanece presente na memória de muitos brasileiros. Um dos méritos do filme é o seu distanciamento em relação à ótima peça de teatro que também se inspirou no livro de Nelson Motta e conta praticamente a mesma história, mas sob um prisma diferente. No fim das contas, a produção faz jus ao grande artista que se foi cedo demais, mas ainda é capaz de animar qualquer festa.

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