Crítica: "Yves Saint Laurent" é o retrato do indivíduo por sua relação emocional

Crítica: "Yves Saint Laurent" é o retrato do indivíduo por sua relação emocional – Ambrosia

Existem retratos biográficos que, mesmo presos às convenções estruturais do gênero, se impõem pela força humana de seu biografado. Ou como no notável Yves Saint Laurent, em que a relação do ícone da moda com seu companheiro e escudeiro Pierre Bergé reflete sua própria e turbulenta personalidade.
Baseado no livro “Cartas a Yves” (não lançado no Brasil) escrito pelo próprio Bergé, e dirigido por Jalil Lespert, o longa é, na verdade, a percepção do mesmo sobre o estilista. Ainda que carregue em si a propriedade de quem manteve um relacionamento de mais de 40 anos, a sensação de parcialidade (digamos) afetiva é latente. O que não diminui os efeitos da história para uma abrangência mais universal.
O ator francês Pierre Niney está assustadoramente parecido, e sua atuação soa até mais madura que sua própria idade (ator francês, né?!). Assim como Guillaume Gallienne, um dos atores e criadores mais interessantes da Europa no momento, que compõe seu Bergé com uma dignidade bem precisa.

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A história começa em Paris, 1957. Com apenas 21 anos, Yves assume a famosa marca de alta costura que foi fundada por Christian Dior. O sucesso é certeiro e a vida do jovem estilista vai se transformando na velocidade de seu prestígio e através da relação que passa a ter com Pierre Bergé.
A ambientação – dentro de uma fotografia acizentada – capta mas não se deslumbra com o glamour recorrente no universo de Saint Laurent, o que só soma a lucidez do roteiro em retratar um mito por seus conflitos internos. Há um quê de perturbação psíquica no estilista que o representa até pelas suas obras. O paternalismo de Bergé só sublinhou esse extremo, e é justamente na complexidade desses sentimentos em confrontos afetivos constantes do casal, que reside a alma da biografia. E um interessante recorte sobre quem estava por trás da perfeição estética de sua marca.

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