Dez filmes da Marvel que quase chegaram às telonas na era pré-Disney

Há alguns anos, filmes de super-heróis não uma tendência e sim um evento. Era um Superman aqui, um Flash Gordon acolá, um Batman alguns anos depois. Ah, claro, havia os filmes toscos da Marvel, na verdade telefilmes derivados dos seriados, com o Homem-Aranha, Thor, Hulk e Capitão América. Em 1990 chegou a ser feita uma produção B de Capitão América, produzida por Menahem Golan, um dos ex-donos da Cannon Films, e em 1994 tivemos o já mítico “Quarteto Fantástico” de Roger Corman.

Depois de “Blade, o Caçador de Vampiros”, em 1998, e “X-Men” em 2000, a Marvel ganhou força no cinema a ponto de conseguir, anos depois, seu próprio estúdio cinematográfico, a Marvel Studios. Sob a égide da Disney, se tornou a mais bem sucedida fábrica de filmes de heróis, que lota cinemas no mundo todo e transformou os filmes de super-heróis definitivamente em gênero, muito lucrativo por sinal. O último exemplar acaba de estrear nos cinemas, a adaptação de “Doutor Estranho” (leia a crítica aqui). Agora, vamos voltar no tempo, quando a Marvel ainda ensaiava em realizar superproduções com seus heróis no cinema e lembrar de 10 filmes do universo Marvel pré-Marvel Studios que quase aconteceram.

Homem de Ferro com Tom Cruise

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Em meados dos anos 90, além de um filme do Homem-Aranha, já se cogitava uma versão para o cinema de Homem de Ferro, e o principal cotado para o papel de Tony Stark era Tom Cruise. O projeto chegou muito perto de sair no início dos anos 2000, mas o produtor Kevin Feige e Cruise não chegaram a um acordo e o ator abandonou o projeto. “Não vai acontecer. Não comigo”, revelou o astro ao Sci-Fi Wire em 2005. “Eles me procuraram no passado, mas vocês sabem, quando eu quero fazer alguma coisa, quero fazer direito. E quando me comprometo com algum projeto quero que ele seja especial. Assim, da forma com que o filme está se desenhando, não senti que ele irá funcionar”, completou.

Pantera Negra com Wesley Snipes

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Aí seria uma baita falta de imaginação. Snipes já tinha feito outro personagem negro da Marvel, Blade. Mas o projeto surgiu antes mesmo do filme protagonizado pelo herói vampiro que foi um inesperado sucesso e deflagrou a nova era dos heróis no cinema. A Columbia Pictures amadureceu a ideia de levar o herói africano às telonas em 1992. O próprio Snipes teria contribuído com algumas ideias para o roteiro. O filme ficou por anos sendo desenvolvido, e até Stan Lee disse ter se afeiçoado ao roteiro que eles tinham, mas a produção simplesmente nunca aconteceu. Em 2003 tentou-se retirar o projeto da gaveta, mas Snipes preferiu fazer um terceiro Blade.

Cristal com Bo Derek

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O ano era 1980 e o os embalos da disco ainda não haviam se dissipado totalmente. Nesse contexto, o roteirista Gary Goddard foi incumbido de escrever um roteiro para um filme da Cristal, a rainha disco do universo X-Men com poder de converter vibrações sonoras em feixes de luz e energia. A escolha para interpretá-la era a atriz Bo Derek, que estava quente depois do sucesso de “Mulher Nota 10”, e era a maior musa loura da época junto com Farrah Fawcett. Inclusive a personagem nos quadrinhos era inspirada nela. Então, nada mais justo que a atriz a encarnasse no cinema. O roteiro original era para uma animação de meia hora, com uma lista de nomes ligados incluindo Robin Williams, Cher, Donna Summer, Rodney Dangerfield, Lenny e Squiggy, Kiss (!) e o Village People (!!!). Quando bateu-se o martelo que seria um filme live action, Bo até se animou em assumir o papel-título, mas suas exigências foram muitas, incluindo que seu marido, John Derek, seria o diretor do longa. Daí o projeto foi arquivado. Mas Goddard ainda trabalharia com Bo, roteirizando aquela versão safadinha de “Tarzan”, por acaso, dirigida pelo marido da loura.

Surfista Prateado: O Musical

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Ainda na onda musical, também no início dos anos 80, o Surfista Prateado ganharia uma espécie de ópera-rock com música de Paul McCartney e Olivia Newton John no elenco que, óbvio, iria cantar. Mas o produtor cotado para tocar o filme, Lee Kramer, decidiu focar em outros projetos, ainda mais depois do fracasso do musical de 1980 “Xanadu”, estrelado por Olivia produzido por ele. E os próprios estúdios se quedavam bastante em dúvida em relação ao gênero, que parecia ir para o limbo. Uma coisa não se pode negar: seria no mínimo curioso e, certamente, hoje se tornaria um cult.

She-Hulk com Brigitte Nielsen

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Esse é um tanto controverso. Não há nada claro sobre o projeto de fazer um filme da Mulher-Hulk, mas as supostas fotos promocionais, feitas em 1986, estão aí. Há quem afirme que Brigitte Nielsen realmente assinou para estrelar o filme. É muito pouco provável que a Marvel tenha contratado a atriz (na época esposa de Sylvester Stallone) apenas para posar como a personagem em uma sessão de fotos, como alguns garantem. Por outro lado, é no mínimo estranho quererem levar aos cinemas um derivado antes do produto principal (que só sairia em 2003).

Wolverine com Bob Hoskins

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Esse é no mínimo curioso. Mas, para quem se acostumou a ver Wolverine no cinema com 1 metro e 90, vale lembrar que o personagem é baixo e atarracado, como o animal cujo nome ele usa como alcunha. E quem desejava ver o personagem vivido pelo ator britânico falecido em 2014 era ninguém menos que seu criador, Chris Cleremont. “Não pense em ‘Super Mario’ (em referência à pífia adaptação de 1993 do game) e sim em ‘Caçada na Noite’” disse ele em nota.

Homem-Aranha da Cannon Films

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Lembram daquele para lá de profícuo estúdio dos primos israelenses Menahem Golan e Yoram Globus, que faturou alto nos anos 80 com produções baratas que davam retorno nas bilheterias e locadoras? Eles tinham um projeto de um filme do aracnídeo. A dupla tinha um modo de produção bastante peculiar, que consistia em comprar toneladas de direitos de adaptação e scripts e filmar todos a custo reduzido. Foram esses os (ir)responsáveis por “Superman IV: Em Busca da Paz”. E a Cannon havia comprado os direitos do Homem-Aranha. No entanto, não sabendo nada sobre o material de origem, eles iam ter Tobe Hooper (de “O Massacre da Serra Elétrica” e “Poltergeist”) para dirigir e a trama giraria em torno de um cientista louco corporativo chamado Dr. Zork, que teria intencionalmente exposto Peter Parker à radiação, o transformando em uma tarântula humana. O conflito viria então da recusa de Parker, então com oito braços, de se juntar ao exército de de monstros mutantes Zork. Felizmente, o próprio Stan Lee, percebendo como seria ridículo, impediu a desgraça de acontecer. Chegaram a produzir até um teaser. Veja aqui.

Homem-Aranha de James Cameron com Leonardo DiCaprio

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É exatamente a continuação da história acima. Em 1990, na esteira do sucesso de “Batman”, a Carolco comprou os direitos do amigão da vizinhança de Menahem Golan por cinco milhões de dólares. O orçamento para o filme era estipulado em US$ 50 milhões. Seria a entrada triunfal do principal herói da Marvel nas telonas. O contratado foi James Cameron, que fizera “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final” para o estúdio, para a função de diretor e roteirista. Cameron queria Arnold Schwarzenegger como Dr. Octopus e Leonardo DiCaprio (com quem viria a trabalhar em “Titanic”) no papel principal. O script era um tratamento do que fora apresentado pela Cannon. Seria um filme de origem, mas com variações nos personagens dos quadrinhos Electro e Homem-Areia como vilões. Este “Electro” (chamado Carlton Strand, em vez de Max Dillion) era uma paródia megalomaníaca de capitalistas corruptos. Em vez do personagem de Flint Marko, o Homem de areia de Cameron (simplesmente chamado Boyd) é transformado por um acidente envolvendo bilação e mistura de átomos no estilo “Projeto Filadélfia”, em vez de ser pego em uma explosão nuclear em uma praia. A história culmina com uma batalha no topo do World Trade Center e Peter Parker revela sua identidade a Mary Jane Watson. Em 1991, a Carolco Pictures ampliou o acordo de Golan com a Marvel até maio de 1996, mas em abril de 1992, deixou a produção devido a problemas financeiros e jurídicos contínuos, que levaram ao fechamento do estúdio.

Doutor Estranho de Bob Gale

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Antes de chegar à Marvel Studios, o projeto de levar o Dr. Estranho às telonas passaou por algumas mãos. Um script havia sido encomendado ao roteirista Bob Gale em 1986, recém saído do sucesso de “De Volta Para o Futuro”. Mais tarde, em 1992, Wes Craven (de “A Hora do Pesadelo” e “Pânico”) foi considerado para dirigir o roteiro de Gale. Enquanto isso, uma empresa de cinema perdeu os direitos do personagem ao desenvolver a sua versão do filme, por essa razão mudou o nome para “Doctor Mordred” e fez de qualquer maneira. Antes ainda, no início dos anos 1980, aventou-se a possibilidade de o supremo feiticeiro ser interpretado por Tom Selleck. Em 1995 David Goyer foi chamado para escrever o roteiro de um novo filme do mago, que não aconteceu. Em 2001, fora chamado novamente quando a Dimension Films adquiriu os direitos do personagem. E o filme também não rolou.

Elektra de Oliver Stone

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Ao invés daquele spin off pífio com Jennifer Garner do pavoroso “Demolidor – O Homem Sem Medo”, com Ben Affleck, poderíamos ter um história, certamente muito mais densa, dirigida por Oliver Stone. O diretor realizaria em 1992 uma adaptação baseada na minissérie de Frank Miller/Bill Sienkiewicz. Stone queria Gabrielle Reece – uma jogadora de vôlei profissional e modelo que virou atriz – no papel principal. Contudo, o filme teria uma mudança em relação à minissérie. A heroína seria perseguida pelo lendário clã ninja A Mão ao invés de ser caçada pela S.H.I.E.L.D. (Os direitos de S.H.I.E.L.D. e Nick Fury estavam com outro estúdio). Stone estava interessado em fazer o filme até os direitos da personagem serem vendidos, juntamente com Daredevil, para a Fox. Por isso, nunca aconteceu.

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