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Diretor diz que "Alemão" tem um quê de faroeste

No dia 10 de março, aconteceu em Copacabana uma entrevista coletiva com o diretor, o produtor e elenco de “Alemão”. O produtor Rodrigo Teixeira iniciou dizendo que estava muito feliz com o processo e que teve a ideia de fazer o filme com agilidade de produção e que não precisasse de um grande orçamento. Para ele, ficou mais fácil, em termos de logística, concentrar boa parte da ação no local onde os policiais ficaram presos dentro do do Complexo do Alemão antes da ocupação. Mas, mesmo assim, a equipe conseguiu filmar em cinco comunidades durante apenas 18 dias. “Acho que foi um dos primeiros longas-metragens a serem filmados dentro do Alemão. Diga-se de passagem, foi uma energia maravilhosa!”, disse Teixeira, que elogiou a direção de arte e destacou o fato de que as cenas feitas na parte de cima da pizzaria foram feitas num lugar diferente em relação da parte de baixo.
Já o cineasta José Eduardo Belmonte fez elogios ao elenco e ao trabalho colaborativo de todos: “Foi muito bonito de ver tantos bons atores juntos. Cada dia foi um novo aprendizado para mim e, ao mesmo tempo, um grande prazer. Não só por ter trabalhado com o (Antônio) Fagundes, que é um ícone!”, afirmou Belmonte, o que gerou alguns risos dos jornalistas.

O diretor disse que seu filme é um pouco híbrido, por ser metade baseado em fatos reais e metade ficção. Belmonte confessou ter visto vários filmes de ação de cineastas como Katryn Bigelow, Michael Mann e Ridley Scott para entender a linguagem utilizada por eles. Mas também assistiu a clássicos como “Rio Bravo”, por achar que a história tinha um quê de faroeste. Mas sua principal inspiração foi mesmo “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa. Ele afirmou que não queria fazer um filme nos moldes de “Tropa de Elite” ou “Cidade de Deus” e sim, criar discussões e espera conseguir mexer com o espectador.

Outro filme que também serviu de referência para “Alemão”, segundo Rodrigo Teixeira, foi “Meu Ódio Será Tua Herança”, de Sam Peckinpah. Ele declarou que não fez esse filme para levantar bandeiras e que não quis mostrar seus policiais como super-heróis, mas sim, como homens comuns. O produtor defendeu a escalação de Belmonte para a direção porque muitos atores querem trabalhar com ele e acredita que um diretor de arte como desse porte, pode muito bem fazer um filme comercial. Para ele, foi muito prazeroso trabalhar com o cineasta.

O ator Cauã Reymond, que vive o traficante Playboy, disse ter tido sorte por ter trabalhado com pessoas como Jefferson Brazil, MC Smith e Marco Sorriso (que também estavam na coletiva), que o guiaram pelas comunidades. “Ouvi muito (Funk) Proibidão para pegar a forma como o pessoal fala. Algumas das frases que o meu personagem fala eu ouvi da boca de pessoas que estiveram dentro desse universo”, afirmou Cauã. “Este laboratório foi muito rico para mim e, se Deus quiser, vai ter um “Alemão 2”!”, completou o ator. Cauã também falou sobre sua experiência como produtor associado, onde disse ter se  sentido mais ativo no processo de criação e acredita que terá outras experiências semelhantes no futuro.

Antônio Fagundes, que interpretou o delegado Valadares,  lamentou não ter participado do laboratório realizado pelos atores nas comunidades. “Como o filme foi feito em 18 dias, dá para imaginar que eu filmei em dois! (risos) Foi muito rápido, mas também foi muito intenso, muito gostoso de fazer”, disse Fagundes. Milhem Cortaz, o policial Branco, disse que “Alemão” é um filme sobre pessoas e foi isso que o interessou no projeto, mais do que falar sobre as falhas nas instituições, já mostradas em outros filmes. “Se eu conseguir fazer o público refletir sobre a questão do Alemão, mas colocar as pessoas no meio disso tudo com suas fraquezas, acho isso positivo”, afirmou o ator.

Um momento curioso foi quando foi perguntado aos entrevistados onde eles estavam e o que faziam quando aconteceu a ocupação do Complexo do Alemão, em 2010. Rodrigo Teixeira disse que naquele dia seu cão tinha morrido e, por isso, ele não se esquece da data. Mas ressaltou que a fuga dos bandidos da Vila Cruzeiro foi uma das imagens mais impactantes que já viu. Cauã Reymond afirmou que pela segunda vez ao tentar divulgar um trabalho na TV Globo, acabou ficando fora do ar por conta da ocupação do Alemão. A primeira vez aconteceu quando o avião Air France caiu no mar. Antonio Fagundes estava gravando, mas conseguiu ver a transmissão da operação. Otávio Muller, que interpreta o policial infiltrado Doca, disse que viu tudo de casa, assim como o diretor. Mas criticou o exagero de tudo, em termos de mídia. Milhem Cortaz foi sucinto: “Em casa!”. Já MC Smith, que vive na comunidade e viu tudo de perto, comparou a situação vivida no Alemão como a de Israel. “Foi uma coisa muito extraordinária, como se fosse um filme de Hollywood. Só quem estava lá mesmo pôde assistir. Foi sinistro!”, disse Smith.

Mariana Nunes afirmou que fazer o papel da ex-namorada de Playboy foi o papel mais difícil de fazer porque nunca tinha feito nada tão dramático. Ela confessou que fez um teste para interpretar outra personagem, mas que acabou sendo chamada por Belmonte para fazer a protagonista. A atriz confessou que, na primeira leitura do roteiro, ficou muito apreensiva ao conhecer o elenco, composto por atores que admirava. Mas que Belmonte soube aproveitar a situação para que pudesse dar o melhor de si em seu trabalho.

Cauã Reymond também explicou por que resolveu fazer o bandido Playboy, já que, inicialmente, tinha sido escalado para ser um dos policiais. Como ele havia feito três novelas em sequência (“Passione”“Cordel Encantado” “Avenida Brasil”) com papéis de bonzinho, decidiu que dessa vez, seria o vilão. “Como o ator que faria o Playboy não pôde fazer, liguei imediatamente para (o diretor) e fiquei muito feliz que tenham me dado essa possibilidade”, disse Cauã, que considerou os traficantes como verdadeiros homens de negócios e diz ter se inspirado no Nem (preso durante operação na Rocinha) para compor o seu personagem. Ele também destacou os ensaios que fez com Mariana Nunes para criar uma história que explica porque os dois começam o filme já separados. A atriz declarou que, depois que sua personagem ficou grávida, ela decidiu deixar a vida de mulher de traficante e que isso motivou a situação do ex-casal na trama.

No fim da coletiva, chegaram os atores Caio Blat e Gabriel Braga Nunes, que não responderam a nenhuma pergunta. Mas Jefferson Brazil, ao lado de MC Smith e Marco Sorriso, comentou a questão de, independente de ser visto pela burguesia ou pelo pessoal da comunidade, o importante é que “Alemão” consiga fazer o público pensar sobre as questões levantadas. Os três também elogiaram os moradores do Complexo e que a produção ajudou a quebrar a segregação social e que tenham mais respeito. As declarações arrancaram aplausos dos jornalistas.

Após a coletiva, os atores deram mais algumas declarações. Cauã Reymond falou sobre seus futuros projetos, como viver Dom Pedro I no novo filme de Laís Bodansky e que está com a agenda bem lotada, além de esperar o lançamento da cinebiografia de Tim Maia, que também produz. Ele diz que, apesar do sucesso, não está muito interessado em “bater perna” por Hollywood. O ator também gravou essa chamada para o Ambrosia:

Antonio Fagundes disse que deve trabalhar no próximo filme de José Eduardo Belmonte e que as filmagens curtas e de baixo orçamento são o caminho do cinema brasileiro, que ainda tem no roteiro o seu ponto fraco. Ele elogiou o resultado final de “Alemão”, mas se declarou um pouco assustado com as improvisações que surgiram nas filmagens. Já Caio Blat, que vive o policial Samuel, afirmou estar orgulhoso de ter trabalhado no filme. Para o ator, a TV aberta precisa se reciclar, já que com as novas tecnologias os hábitos dos espectadores mudaram. Ele também anunciou que está para dirigir seu primeiro filme em 2015, chamado “Juliano Pavolini”, que será estrelado por Cassia Kis Magro, Julio Andrade, André Frateschi e a trilha sonora será de Criolo.

“Alemão” estreia nos cinemas brasileiros no dia 13 de março.

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