Festival do Rio: “O Mordomo da Casa Branca”

A História Americana Contemporânea sempre atraiu o grande público e várias produções foram feitas para mostrar, especialmente, como se desenvolveu o jogo do poder dentro da residência mais famosa dos EUA. No Brasil, isso não é muito recorrente, provavelmente porque nossos presidentes, em sua maioria, não conseguem deixar sua marca como grandes líderes. Mas entre os americanos, mesmo com algumas administrações controversas, os chefes de Estado despertam uma imensa curiosidade. Se for possível mostrar alguém do povo, que acabe participando de eventos históricos importantes, melhor. Isso é, possivelmente, uma das justificativas para que o filme “O Mordomo da Casa Branca” (“The Butler”) tenha se tornado um sucesso de bilheteria na terra do Tio Sam.

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Inspirado pelo artigo “A Butler Well Served by This Election”, de Wil Haygood, o filme conta a história de Cecil Gaines (Forest Whitaker), um homem comum que, em 1957, consegue um emprego como mordomo na Casa Branca. Logo, ele aprende a ser um bom e eficiente serviçal, executando seu trabalho com discrição e mantendo algum contato com os presidentes Dwight E. Eisenhower (Robin Williams), John F. Kennedy (James Marsden), Lyndon Johnson (Liev Schreiber), Richard Nixon (John Cusack) e Ronald Reagan (Alan Rickman) – curiosamente, o filme não mostra os períodos em que Gerald Ford e Jimmy Carter foram chefes de Estado. O problema é que, enquanto faz tudo para realizar bem o seu trabalho, Cecil acaba tendo problemas em casa, especialmente com a esposa Gloria (a apresentadora de TV Oprah Winfrey, de volta ao Cinema como atriz desde que estrelou “Bem-Amada”, em 1998), que acaba se tornando alcoólatra,  e com o filho mais velho Louis (David Oyelowo), que luta por direitos iguais para os negros e se envolve com os Panteras Negras e até com Martin Luther King (Nelsan Ellis).

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Como se fosse um “Forrest Gump” afro-descendente, “O Mordomo da Casa Branca” desenrola a trama pelo ponto de vista de Cecil, que vai narrando e testemunhando momentos sociais históricos dos EUA, especialmente em relação aos direitos dos Negros. O diretor Lee Daniels, que chamou a atenção do mundo com seu poderoso drama de 2009 “Preciosa – Uma História de Esperança” (que ganhou os Oscars de Melhor Atriz Coadjuvante e Roteiro Adaptado), volta a lidar com questões raciais, agora com um orçamento bem maior e contando com um bom texto de Danny Strong, dos ótimos telefilmes “Recontagem” e “Virada de Jogo”.

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Um dos destaques do filme é a edição de Joe Klotz e Brian A. Kates, especialmente nos momentos que contrastam a pompa e circunstância que faz parte do trabalho de Cecil com os momentos difíceis que vive o filho Louis, espancado e preso por puro racismo. A trilha sonora do português Rodrigo Leão é interessante, mas não consegue fugir de alguns clichês para tornar algumas cenas mais emotivas. Outro ponto fraco está na caracterização de alguns personagens. O Nixon de John Cusack se baseia apenas numa estranha prótese no nariz e aparece bastante cabeludo, sem entradas de calvice. A maquiagem usada em Liev Schreiber falha no acabamento, ficando pouco natural. No entanto, acertam no Ronald Reagan de Alan Rickman, que fica muito parecido com o ex-presidente.

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Mas o que realmente salta aos olhos do espectador é a qualidade do elenco de nesta produção. O cineasta conta com um verdadeiro Dream Team, que além dos já citados anteriormente, possui outros nomes como Jane Fonda, Cuba Gooding Jr, Vanessa Redgrave e Terence Howard, além dos pop stars Mariah Carey e Lenny Kravitz, que também trabalharam com Daniels em “Preciosa”. O diretor consegue extrair excelentes interpretações de quase todos, em especial de Forrest Whitaker e Oprah Winfrey, especialmente numa cena tensa dos dois e o filho Louis, durante um jantar. Já se fala em possíveis indicações ao Oscar 2014 para o filme, nas principais categorias. Isso não seria uma surpresa, já que a Academia adora produções que mostrem a superação do homem comum diante de adversidades. Mesmo que elas sejam em como servir corretamente um jantar para os homens que se dizem os mais poderosos do mundo.

“O Mordomo da Casa Branca” tem previsão de lançamento para Novembro no Brasil. Mas quem ficar curioso, pode conferir o filme no Festival do Rio nas sessões abaixo:

DIA SESSÃO CINEMA
Quinta, 03/10 16:30 Roxy 3 RX026
Quinta, 03/10 21:30* Roxy 3 RX028
Domingo, 06/10 16:30 Leblon 2 LB038
Domingo, 06/10 21:30 Leblon 2 LB040

* Sessão com convidado(s)

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