Festival do Rio – Repescagem: “Cidade de Deus – 10 Anos Depois” amplia a grandeza da Ficção para seu retrato como documentário

Lembro até hoje quando, aos 17 anos, ainda sem demarcar bem os caminhos que queria dentro da Comunicação e do Audiovisual, fui assistir “Cidade de Deus” num cinema de shopping da Zona Oeste do Rio e, ainda que já soubesse de sua impressionante repercussão artística pelo Brasil e o mundo, e ter ficado tão impactado, saí da sala do cinema convicto de que era possível fazer Cinema no Brasil com a relevância e a dignidade que o a Sétima Arte merece.
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Eis que, anos depois, o prolífero produtor/cineasta Cavi Borges e diretor Luciano Vidigal, ambos de alguma forma ligados ao filme, lançam o documentário “Cidade de Deus – 10 Anos Depois”, que busca retratar como o clássico filme de Fernando Meirelles reverberou na vida de seu elenco, majoritariamente inexperiente, 10 anos após a badalação e intensa visibilidade que o filme trouxera à suas vidas. Paira sobre essa busca documental o impacto por parte do pessoal e se insere no social quase que como uma justificativa de discurso. Nessa contradição, os diretores não poupam pormenores que vão do salário que cada um ganhou até como o papel do Negro se insere na Cultura. Tamanha propriedade sobre fatos faz com que o tempo inteiro essa radiografia trafegue entre o corrosivo e afetivo. Daí pode se questionar até que ponto a Arte é auto transformadora? Em que medida o envolvimento artístico é redentor? Colocar a questão diante do diapasão do sucesso é um dos grandes méritos do filme.
cidade O alcance do filme foi tamanho que agregou valor a seu elenco. Pois é confrontando o que foi feito desse ganho que entendemos o quanto a humanidade das expectativas ou das frustrações forma aquilo que somos. No fundo, Cidade de Deus fez de seu ofício de entreter um panorama de contradições entre seres em suas condições sociais na realidade e na ficção. E Cidade de Deus – 10 Anos Depois documenta esse passado incidindo sobre o presente, nos fazendo refletir que a Arte, para interceder sobre o futuro, depende mesmo é da complexidade de uma tela chamada Vida. Não só um grande documentário, como uma grande lição.

[xrr rating=4.5/5]

 

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