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“Margin Call – O Dia Antes do Fim” faria Karl Marx sentir-se cheio de razão

A crise financeira de 2008, que destruiu a intocável economia americana vai ganhando densidade história a cada novo filme que versa sobre o assunto.

Depois do revelador documentário Trabalho Interno (vencedor do Oscar), o novo retrato é a ficção Margin Call – O Dia Antes do Fim, escrito e dirigido pelo estreante J. C. Chandor.

Uma empresa de “serviços financeiros”, também conhecida como banco de investimentos, claramente inspirada no banco Lehmann Brothers, se vê diante de um problema de trilhões de dólares e precisa vender todo e qualquer tipo de papel que possui (contratos, títulos etc.) e fazer dinheiro. A “bolha” aparentemente estourou e ninguém escutou, exceto por um veterano que, prestes a dar o alerta, é demitido, com o bolso cheio e a boca fechada. Antes de ser conduzido à rua, ele entrega a um novato membro de sua equipe (Zachary Quinto) um pen drive contendo a chave de todo o mistério. O novato inevitavelmente revisa o conteúdo do pendrive e descobre que aquele império financeiro está prestes a virar cinzas. Ele avisa ao chefe (Paul Bettany), que passa ao chefe acima (Kevin Spacey), que conta para outros chefes (Demi Moore, Simon Baker) até chegar aos ouvidos do chefão, inspirado no CEO do Lehmann Brothers, Dick Tuld, em atuação genial de Jeremy Irons.

É um impressionante primeiro trabalho de Chandor, que demonstra uma habilidade de veterano (Costa-Gravas?) ao encadear toda a estrutura dos bastidores das trapalhadas que uma mega empresa financeira ianque se meteu e reverberou por toda a economia do país. Ainda que “economês” atrapalhe muito da fluidez da trama, a opção por se pautar nas figuras humanas por trás de toda a manipulação numérica daquele caos, o filme ganha uma dimensão que vai além de um didatismo monetário, por assim dizer. Todos os personagens estão bem defendidos, desde a sensibilidade de Moore, até a passionalidade de Spacey, passando pelo boa dobradinha de Quinto e Penn Badgley. Mas é Jeremy Irons que toma conta da produção, com um personagem a altura de seu extremo talento. Há um quê de excentricidade, cinismo e conformismo no caráter de seu personagem e ele capta de forma impressionante. E nos dá uma ideia de quem são os atores dessa sanha desenfreada que virou o capitalismo na chamada pós-modernidade.

“Dick”, pela boca de Irons, tem uma fala que resume bem isso:

“Só há três maneiras de vencer nesse negócio: seja o primeiro, seja o mais esperto, ou trapaceie.”

[xrr rating=4/5]

 

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