“O Último Caçador de Bruxas” não empolga como aventura sobrenatural

"O Último Caçador de Bruxas" não empolga como aventura sobrenatural – Ambrosia

Embora não seja brasileiro, Vin Diesel não desiste nunca. Ainda mais agora, que voltou a ter prestígio graças a montanha de dinheiro gerada pelos mais recentes capítulos da série “Velozes e Furiosos”, além de sua festejada participação em “Guardiões da Galáxia”, e deu moral para que pudesse tirar do papel seus projetos de estimação. Um deles está ligado ao famoso RPG “Dungeons and Dragons”, que Diesel jogou por muitos anos e que até já foi (mal) adaptado para o cinema.

O ator achou, então, que dava para criar uma trama a partir de um de seus personagens (mais, especificamente, Melkor, um caçador de bruxas) e, assim, desenvolver uma nova franquia com elementos de ação e fantasia. É uma pena, no entanto, que “O Último Caçador de Bruxas” (“The Last Witch Hunter”) não corresponda às boas intenções do astro, principalmente por causa de uma direção inadequada, que abusa de efeitos especiais, não gerando o encantamento necessário para o filme funcionar de forma satisfatória.

A história acompanha a trajetória de Kaulder (Vin Diesel), um valente caçador de bruxas que, no passado, lutou contra a terrível Rainha Bruxa (Julie Englebrecht), que tinha o desejo de acabar com toda a humanidade com uma versão mais terrível da Peste Negra. Durante o embate final, a feiticeira amaldiçoou Kaulder com o dom da imortalidade, o que o obrigou a ver sua família morrer diante de seus olhos. Séculos depois, e vivendo em Nova York, o guerreiro continua a lutar contra forças ocultas, a serviço de uma ordem milenar e ajudado por Dolan (Michael Caine), que vem de uma linhagem de especialistas em ameaças sobrenaturais, que possuem o mesmo nome e auxiliam os caçadores, e que está prestes a passar seu posto para um assistente mais novo (Elijah Wood). As coisas começam a complicar quando Kaulder descobre que um misterioso grupo está em posse de um objeto que pode trazer de volta as forças do mal que ele acreditava estarem extintas e acabarem com a Terra. Para evitar o pior, ele acaba unindo forças a jovem bruxa Chloe (Rose Leslie), ao mesmo tempo em que descobre coisas surpreendentes sobre o seu passado.

O que mais se destaca (negativamente) em “O Último Caçador de Bruxas” é a direção frouxa de Breck Eisner, que tem em seu currículo filmes nada exemplares, como “Sahara” (2005), com Matthew McConaughey e Penélope Cruz, mas que tinha até feito um bom trabalho em 2010 com o suspense “A Epidemia”. Aqui, ele não consegue imprimir um bom ritmo à trama, fazendo as cenas de ação serem as mais comuns possíveis e sem nenhuma tensão. Não há um momento em que parece que os protagonistas estão em perigo e faz com que o espectador não se importe com eles.

Além disso, Eisner enche a tela com efeitos especiais computadorizados que parecem ter sido feito às pressas, devido à sua artificialidade. Basta reparar numa sequência em que um dos personagens é preso por raízes e galhos de árvores e dá para perceber que eles foram inseridos na pós-produção. Para piorar, o diretor não tem pudores nem de utilizar enquadramentos e cenários de outros filmes, como “Gladiador” e “Eu Sou a Lenda”, só para citar alguns. O roteiro, escrito por Cory Goodman, Matt Sazama e Burk Sharpless também não funciona muito bem, ao criar reviravoltas demais na trama que acabam não fazendo muito sentido e, ao invés de surpreender, só aumentam o tédio. Alguns personagens somem e reaparecem sem a menor cerimônia, o que evidenciam as várias pontas soltas no texto, que utiliza, além da conta, flashbacks para explicar repetidamente o que Kaulder sente por estar sem sua família, deixando o recurso redundante e desnecessário.

À frente do elenco, Vin Diesel atua como se estivesse em mais uma sequência de “Velozes e Furiosos”, não conseguindo nem dar profundidade nos momentos mais dramáticos de seu personagem, e contando sempre com sua “marra” para parecer carismático, o que não acontece aqui. A bela Rose Leslie, que se destacou como a Ygritte da série de TV “Game of Thrones”, pouco tem a fazer como a mocinha com atitude, a não ser dar alguns socos e servir de suporte para o herói. Os vilões interpretados por Julie Englebrecht e Ólafur Darri Ólafson são genéricos e nada carismáticos. Os maiores desperdício de talento, porém, são os atores Michael Caine e Elijah Wood. O veterano astro foi claramente contratado para ter a mesma dinâmica que teve com Christian Bale nos três filmes de Batman dirigidos por Christopher Nolan. Mas, aqui, ele nem tem grandes chances de criar a mesma cumplicidade que desenvolveu na trilogia e parece que só topou o papel para pagar as contas. Já o eterno Frodo Bolseiro é vítima de um personagem mal escrito e que perde a importância lá pelo meio da história, embora volte a ficar relevante no final.

Incapaz de empolgar, ou mesmo assustar, “O Último Caçador de Bruxas” só deve alegrar os fãs mais radicais de Vin Diesel, enquanto não surge um novo filme com Dominic Toretto e seus carrões. Para quem quer ver uma aventura com personagens que lutam contra forças das trevas, é melhor ficar com episódios da série televisiva “Sobrenatural” ou mesmo rever Keanu Reeves enfrentando anjos e demônios em “Constantine”, que a diversão está garantida. Melhor sorte para Diesel na próxima vez.

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