2017 chegou ao fim e não podíamos deixar de fazer a nossa listinha com os melhores filmes do ano. Os filmes mais lembrados pelos nossos autores foram “Dunkirk”, de Christopher Nolan, a surpresa do ano, “Em Ritmo de Fuga”, o inusitado “Corra!”, e também o campeão de indicações e quase vencedor do Oscar 2017 “La La Land”. Abaixo você confere relação de Renan Andrade, com uma breve análise de cada um. Em seguida, as listas de Raquel Gandra, Célio Silva e Cesar Monteiro.
“O APARTAMENTO” de Asghard Farhadi
Um filme bem duro, como quase sempre são as produções iranianas. Mas esse longa perturbador do diretor Asghard Farhadi tem uma habilidade de espelhar nos seus personagens nossas próprias fragilidades. É um exercício estranho de empatia e complacência. Vai fazer um ano que não me sai da cabeça…
“BOM COMPORTAMENTO” de Josh e Benny Safdie
Mais do que um contundente retrato de uma “América” radicalmente distante de idealizações culturais, os irmãos Safdie fizeram um filme provocador ao humanizar os marginalizados (Robert Pattinson, brilhante) sem necessariamente justifica-los. É sobre a razão que se espreita entre a ação e a reação. Puta filme!
“EM RITMO DE FUGA” de Edgar Wright
Divertidíssimo, “Em Ritmo de Fuga” é mais do que uma elegia técnica do diretor Edgar Wright. É um bem pensado planejamento estrutural contendo em si toda a alma de uma história até bastante sensível na premissa de seus personagens. Uma narrativa pautada por cadências, compreendendo bem as possibilidades cinematográficas do som e da imagem para se construir.
“LADY MACBETH” de William Oldroyd
Seja pelo DNA Shakespeareano, seja pelo cerne de sua reinterpretação russa, “Lady Macbeth” é um grande filme se valendo de muito pouco. Mais precisamente de destrinchar perfeitamente o olhar impávido de sua protagonista Katherine (a ótima Florence Pugh) quando o filme termina.
“COMO NOSSOS PAIS” de Lais Bodanzky
O melhor filme da diretora e também o melhor filme nacional de 2017. Mesmo que porventura arranque lágrimas, “Como Nossos Pais” foi feito para arrancar do espectador algo muito mais difícil: sua certeira identificação. Nessa bem sucedida habilidade está a justificativa para ser um dos grandes filmes do ano.
“DUNKIRK” de Christopher Nolan
Um filme impactante na absoluta e cada dia mais apurada propriedade de Chris Nolan com seu cinema. É impressionante o domínio técnico que esbanja a cada filme, e aqui isso chega ao seu paroxismo por nos jogar inteiramente dentro de sua transposição histórica. A dimensão sonora, a abrangência imagética e lucidez dramatúrgica resultam próximo da perfeição.
“MONSIEUR & MADAME ADELMAN” de Nicolas Bedos
Bedos relativiza o amor romântico acompanhando a jornada de um casal ao longo dos muitos anos que ficam juntos. Mas essa visão é de uma amoralidade que só o cinema francês sabe fazer sem soar absurdo ou idealizado demais. Afinal, o amor é o que nasce do encontro de duas pessoas. “Monsieur & Madame Adelman” investiga esses dois indivíduos para desmitificar e evocar esse sentimento que tanto as revelam. E, melhor, as contradiz.
“CORRA!” de Jordan Peele
Um dos grandes filmes de 2017, especialmente pela abordagem colérica e contundente do racismo intrínseco na sociedade americana (só lá?). Muito interessante a forma como a trama fermenta o clima de desconforto sobre os “não-ditos” raciais cotidianamente, com um roteiro que capta as nuances desapercebidas entre o opressor e oprimido. Tudo isso numa alegoria de gênero, equilibrando a reflexão através do entretenimento.
“LA LA LAND” de Damien Chazelle
2017 trouxe um clássico para o cinema e ele se chama “LA LA LAND”!
Chazelle é um diretor apaixonado e seu filme exprime tanto isso que o engrandece. Para além de uma ode ao sonho (afinal, o filme se passa em Los Angeles), é uma trama sobre o que fazer com ele. E extremamente bem feito, bem fotografado e envernizado com deliciosas referências do passado dialogando com o presente na forma arrojada de ser um musical. Ou seja, um clássico!
“MOONLIGHT” de Barry Jenkins
Que filme lindo. Que filme triste. Que filme! Tem tanta humanidade escorrendo nas lágrimas do protagonista que a história precisa de muito pouco para nos envolver. Mas ela tem muito. É na direção engajada e emocionada que está o grande mérito do filme, pois, seja pela escolha estética, seja pelo aprofundamento de personagens (muitas vezes num silêncio bem compreendido), a trama nos enreda para uma reflexão sobre como o amor, a identidade e o discurso podem ser tão híbridos e tão demasiadamente humanos.
Os dez melhores de 2017 por Raquel Gandra
- Em Ritmo de Fuga – Edgar Wright
- Blade Runner 2049 – Denis Villeneuve
- O Artista do Desastre – James Franco
- Eu Não Sou Uma Feiticeira – Rungano Nyoni
- Brigsby Bear – Dave McCary
- Corra! – Jordan Peele
- Projeto Flórida – Sean S. Baker
- Dunkirk – Christopher Nolan
- Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe – Noah Baumbach
- Barbara – Mathieu Amalric
Os dez melhores de 2017 por Célio Silva
- A Criada – Park Chan-Wook
- Logan – James Mangold
- Corra! – Jordan Peele
- La La Land – Damien Chazelle
- Manchester à Beira-Mar – Kenneth Lonergan
- Planeta dos Macacos: A Guerra – Matt Reeves
- Mulher Maravilha – Patty Jenkins
- Bingo: O Rei das Manhãs – Daniel Rezende
- Mãe! – Darren Aronofsky
- Star Wars: Os Últimos Jedi – Rian Johnson
Os dez melhores de 2017 por Cesar Monteiro
- Como Nossos Pais – Laís Bodanzky
- Dunkirk – Christopher Nolan
- Em Ritmo de Fuga – Edgar Wright
- A Criada – Park Chan-Wook
- La La Land – Damien Chazelle
- Moonlight – Barry Jenkins
- Roda Gigante – Woody Allen
- Logan – James Mangold
- O Formidável – Michel Hazanavicius
- Planeta dos Macacos: A Guerra – Matt Reeves