Tim Burton se perde totalmente em “Sombras da Noite”

Tim Burton se perde totalmente em "Sombras da Noite" – Ambrosia

Quando acabou a sessão de Sombras da Noite, eu só me situei de que tinha acabado de assistir a um filme de Tim Burton, pois a exímia direção de arte (marcadamente plástica) ainda é uma expressão de sua identidade, mas o DNA do diretor só se nivelou por aí, pois o filme é tão surpreendentemente primário que o estranhamento foi inevitável.

Oitava parceria de Burton com o ator Johnny Depp, Sombras da Noite já demonstra o cansaço da dupla. A trama do filme não foge muito da premissa do seriado de TV, Dark Shadows, em que se baseia. Em 1972, vemos a realidade da família Collins, que dá nome à cidade de Collinsport, no Estado americano do Maine; mas não tem mais o mesmo prestígio do passado. Casamentos desfeitos e crianças infelizes hoje ocupam a mansão Collinwood, mas isso muda quando um antepassado, o vampiro Barnabas Collins (Depp), desperta de um sono de 175 anos. Enquanto se habitua aos alucinados anos 70, Barnabas decide restabelecer o bom nome dos Collins – e quem sabe reencontrar o amor que perdera no passado, Josette (Bella Heathcote).

Tim Burton se perde totalmente em "Sombras da Noite" – Ambrosia

Para grande maioria das pessoas que não conheceu a série original, o entendimento já fica estremecido. Para piorar, o roteiro de Seth Grahame-Smith (autor do livro Orgulho e Preconceito e Zumbis) só prejudica essa co-relação com o espectador. A trama não consegue manter mais de 10 minutos de coerência, mudando bruscamente de foco, esquecendo de desenvolver seus principais personagens (Michelle Pfeiffer e Helena Bonham Carter têm seus papéis perdidos e banalizados) e ainda não dando profundidade alguma para sua dramaturgia. Resultado: a impressão que fica é que Burton, ciente da fragilidade do texto que tinha em mãos, optou por estetizar sua história, agregando uma áurea pop setentista como forma de distrair melhor o resultado final. São boas soluções que conferem mais cosmética do que substância ao filme, quer dizer, “gato por lebre”.

Assim como em Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, Burton não conseguiu aqui fazer o que tanto lhe deu fama e importância no cinema: se valer de seu universo como um veículo para algum tipo de reflexão ou mensagem. Mesmo dando a exuberante Eva Green o papel dos sonhos para qualquer atriz, Sombras da Noite só confirma a teoria (levantada por muitos) de que a série original na qual se inspirou, não era tão relevante para uma revisão. Assim como também não teria nada além do clichê para justificar essa adaptação, e ainda um nome tão importante da sétima arte.

[xrr rating=2/5]

 

Total
0
Links
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ant
The Raid: Redemption

The Raid: Redemption

Operação Invasão, como este filme foi comercializado nos distribuidores

Prox
“Os Mercenários 2” diverte por se assumir totalmente “trash”

“Os Mercenários 2” diverte por se assumir totalmente “trash”

Se você está procurando assistir a um filme que lhe dê respostas para questões

Sugestões para você: