“Um Divã Para Dois” carece da maturidade que tenta retratar

"Um Divã Para Dois" carece da maturidade que tenta retratar – Ambrosia

Num tempo em que o Cinema (pelo menos o comercial) é acusado de ter maciçamente “adolescido”, é de se admirar que, em plena temporada de verão americano, seja lançado um filme que se propõe a ilustrar a inescapável vida cotidiana de um casal de terceira idade de classe média, tipicamente americana. Porém, se a iniciativa é louvável, afinal, a ótica cinematográfica não tem idade, ainda que se prevaleça por seu público; o resultado decepciona. Mas o diretor David Frankel tinha um trunfo nas mãos: seu elenco, encabeçado por ninguém menos que Meryl Streep.

Em Um Divã Para Dois, Kay (Streep) e Arnold Soames (Tommy Lee Jones) formam um casal entrando na terceira idade e tendo de enfrentar o peso de anos de rotina acumulados. Para terem uma idéia da situação, o presente de aniversário de casamento é uma renovação na assinatura do pacote de TV a cabo, que agora disponibiliza uma maior variedade de canais. O sexo não existe há anos e parece que, por mais que se conheçam melhor do que ninguém, já não existe nada de empolgante na relação. Por isso, Kay decide investir as economias do casal em uma semana de tratamento psicológico para casais na cidadezinha de Hope Springs (nome original do filme), onde iniciarão uma terapia intensiva com o Dr. Bernie Feld (Steve Carell).

"Um Divã Para Dois" carece da maturidade que tenta retratar – Ambrosia

Frankel fez um trabalho de muita eficiência no já clássico O Diabo Veste Prada, mas perdeu a mão nessa produção, principalmente por não dinamizar um assunto que já expõe melancolia em sua natureza. Se o filme ganha em empatia, perde muito em ritmo. Assim como o roteiro que – inexplicavelmente – se vale de chavões manjadíssimos para estabelecer a comicidade da trama. Meryl ainda tem a capacidade de melhorar tudo que participa e suas sutilezas nas reações ao que a história vai trazendo a sua personagem são o ponto alto do filme. Mais uma vez (e dentro da simplicidade da coisa) sua atuação é arrebatadora. Tommy Lee Jones também dá alguma humanidade a sua “rabugência”. Vale destacar o caminho que o, outrora comediante, Carell anda buscando para sua carreira, investindo, com louvor, em personagens de pegada mais dramática.

Contando com cenas hilárias (Meryl tentando fazer sexo oral em Tommy no cinema) e buscando se apropriar com (alguma) destreza sobre as conseqüências do tempo numa vida a dois, Um Divã Para Dois acaba resultando superficial por buscar o caminho fácil de seu discurso. Tanto que o final soa apressado e até ingênuo. Vamos louvar a iniciativa mercadológica de sua existência, mas sem esquecer de seus defeitos artísticos tão visíveis quanto as precisões do passar do tempo, que o próprio busca retratar.

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