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“Um Lugar Qualquer” for dummies

A condição humana vive muito longe da fantasia desejada, mas seríamos plenamente felizes caso nossos maiores sonhos se concretizassem? Em “Um Lugar Qualquer” Johnny Marco (Stephen Dorff) foi agraciado com beleza, dinheiro e fama, mas vive o mesmo vazio de qualquer mero mortal.

Em algum lugar da California, num deserto  tão árido quanto seu coração, Johnny dá voltas sistemáticas em sua Ferrari e mais tarde, de volta no chateau onde vive, adormece perante um par de coelhinhas da playboy fazendo pole dancing. Johnny não se sente oprimido com sua vida ou deseja lutar para escapar do caminho trilhado, ele apenas cumpre seu papel como poderíamos desejar de alguém em seu lugar.

Somos então apresentados a sua filha Cleo (Elle Fanning), uma garota reminescente de uma relação outrora amorosa, enquanto Johnny a acompanha em seu treino de patinação artística. Nenhuma surpresa, nenhum desastre, tudo segue absolutamente como qualquer outro dia.

Por vivermos uma existência cerceada por costumes, regras e (principalmente) a necessidade de sobreviver buscamos na ficção o extraordinário, mas o cinema de Sofia Coppola não entrega de bandeja sua mágica. Em “Encontros e Desencontros” Bill Murray e Scarlett Johansson vivenciam momentos preciosos quando se perdem da sociedade, já em “Maria Antonieta” Kirsten Dunst ostenta a sufocante vida de ser a última rainha da França. Em ambos filmes Sofia utiliza um gatilho sobre seus protagonistas, já “Um Lugar Qualquer” (Somewhere, 2010) mostra seus personagens exatamente no lugar esperado.

Quando Cleo retorna para ficar uns dias com seu pai aos poucos a vida de Johnny parece ganhar um sentido. O signo água dá lugar as tomadas desérticas, mas aos poucos vemos que não houve um catalizador para uma mudança na vida de Johnny, ele apenas absorveu Cleo em sua sua rotina. Nada possui valor quando tudo se consegue sem esforço, assim, quando precisa tomar uma decisão sobre sua filha ele opta pelo caminho mais simples, se vendo novamente no deserto de sua vida.

Um Lugar Qualquer” é construído nos detalhes e pequenas metáforas e no final Johnny Marco, ou Stephen Dorff, ou Sofia Coppola, nos surpreende ao mostrar que, mesmo não existindo fórmulas mágicas, ninguém está preso a um destino.

[xrr rating=4/5]

Obs: Este é apenas uma interpretação das várias possíveis em Um Lugar Qualquer, mas se estiver procurando uma resenha clássica do filme, temos a opinião do Renan e do Cesar Monteiro aqui mesmo no Ambrosia.

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Comentários 2
  1. eu estava querendo escrever uma resenha tbm, mas depois desta do camino, acho q não vou conseguir. muito bem colocado. mas eu observaria uma coisa: o final do filme não repete o início. no início, o carro dá voltas, insanamente, num circuito. no final, o carro segue por estradas longas e retas como se procurasse uma saída. ao final, ele abandona o carro. enfim, eu gostaria de ler este final como uma delicada lembrança q algo mudou sim na sua vida, mas de forma muito sutil. O deslocamento, tema de todos os filmes de sofia, afinal entrou por alguma brecha em sua tão programada vida…

    1. Obrigado pelo elogio, eu realmente fico feliz com isso.

      E quando ao final, concordo plenamente contigo, deixei de fora do texto para que as pessoas pudessem se surpreender com o final – tanto que eu termino o texto meio que dando essa dica.

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