Para início, mais um adolescente que vivia uma vida normal. Jamie Carpenter morava num destes subúrbios estadunidenses até a noite que seu pai chega em casa muito nervoso, ao mesmo tempo que criaturas estranhas e um grupo de homens com roupas negras irrompem num combate acirrado. Resultado: o pai, acusado de conspiração desaparece para jamais ser visto e ele e sua mãe passam a viver numa sucessão de mudanças que leva a Jamie se tornar um adolescente ressentido e solitário, descontente pela vida que leva. Contudo, outro episódio o afetará mais ainda, o encontro com uma garota de olhos vermelhos e o desaparecimento de sua mãe. Daí o jovem descobre que tudo o que Bram Stoker escreveu era verdade. Vampiros existem e uma agência ultra-secreta controla e monitora suas atividades.
Eis o enredo de Departamento 19 (Department 19, tradução de Ana Death Duarte, Rocco) do inglês Will Hill, uma ficção para adolescentes que envolve os temas conspiração, sobrenatural e serviços secretos com bastante ação. Pela capa, podemos até imaginar uma distopia futurista, no entanto está mais para um ‘Robert Lundlum’ juvenil de coração stokerniano. O autor utiliza do gênero clássico de terror para criar uma agência responsável pelo controle de atividades sobrenaturais que tem entre seus membros nomes como Van Helsing e Frankenstein. Mesmo com os costumeiros clichês, podemos pontuar a história pelas cenas de ação, bem ininterruptas por sinal, pela linguagem fluida, longe do intrusivo e do irrealismo, pelo desenvolvimento das tecnologias usadas pela agência e pelo protagonista, exemplo claro de um personagem arquétipo da relutância, bem transparente à adolescência, entremeado com nuances de coragem e de medo, determinação e hesitação.
Inevitavelmente, é mais uma série e por ser mais uma entre tantas perde um pouco o foco, o autor vai além dos arcos narrativos principais – o sumiço da mãe de Jamie e o plano dos vampiros – e desenvolve cenas com sequencias de flashbacks, que podem até ajudar a explicar como surgiu o Departamento 19 e o papel da família de Jamie nele, mas poderia ter sido menos utilizadas no primeiro volume. Uma ficção adolescente para entreter e só.
[xrr rating=3.5/5]