Livro de poemas "Erro tácito" joga a visualidade dos não acertos poéticos

Livro de poemas "Erro tácito" joga a visualidade dos não acertos poéticos – Ambrosia

Aceito o erro, diz o matemático.  O físico o olha de lado. Com ciúme e inveja, diz o mesmo, aceito o erro. Acerto o erro, diz o caçador, entre a pressa e a presa. A presa suspira, agradecida.  O nome de batismo veio com erro. Não terá esta vida, mas outra. Nomes dão à história os seus personagens.
Assim como prosa sempre cheia e caudalosa pediu às musas um pouco de silêncio e vácuo. Havia se cansado de narrar e contar com alguma moral os fios do novelo de outrem – dizia João de Minas que o trem, não de passageiros, mas o de carga, carrega pensamentos (pesados- passados) que dão histórias…
Basta vê-lo na subida da serra, com puxa pelo laço da memória os seus comboios.
Quando terminei “Erro Tácito”,  da poeta Priscilla Menezes, (Editora Patuá) Tarcísio, este personagem, que invento agora tinha saído pelo vão que é o lugar de guardar silêncio. Estava amuado, queria escrever uma carta que tivesse canções à amada. Mas a carta guarda apenas a escrita e não sons. Em inglês son é filho. Será que ele aguardava isso?
Me interrompi com Tarcísio, quando ia falar de Priscilla Menezes com este belo son ou canção. Textos entre a forma poética do verso livre e do texto corrido como uma prosa melódica.
O que vi e ouvi foi algum tipo de silêncio na ação. Numa ação transcursiva elaborando uma vida em comum, ou enfiando, no caso aqui, não o colocar algo mas o efeito de discursar fios, a tessitura de fiar ou de confiar na fenda do livre curso da autora.
Através de uma linguagem moldada em argila/barro, por tanto maleável e moldadora, ela cria enredos de ações possíveis tanto na lembrança quanto de futuros devires. A relação de eventos e imagens se correspondem de forma não empírica-conteúdo. Não estão a preencher nada.  Querem zerar um tipo de percepção ledora conclusiva. A autora trabalha seu texto de forma que camadas de sugestões (de trilhas a-pegadas) através de escolhas, e belas escolhas, de um vocabulário colorido em matizes e filigranas, de oscilações entre fechar e abrir a passagem da afetividade no humano.
Aqui cabe uma acerto com certos filões que dizem que a prosa não cabe prosódia, não cabe lira, não cabe formosura. Abra ao acaso uma página de Priscilla e leia a forma textual cheia que ocupa toda mancha tipográfica da página. A autora trova com muita musicalidade cada metro de sua histórias cheias de nuances e encanto.

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