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Análise das principais atrações do Rock In Rio 2017 (segunda semana)

A segunda semana de Rock In Rio foi a que o estilo musical que dá título ao festival se fez presente. Onipresente, na verdade. Os fãs de Metal não tiveram um dia inteiro dedicado a eles dessa vez. Mas houve representantes do gênero no palco sunset. Do mais, teve a longa apresentação do Guns N’ Roses, os excelentes shows de Alice Cooper e Aerosmith, e claro, a histórica apresentação do The Who. Confira abaixo um análise das principais atrações na segunda semana de Rock In Rio.

Dia 21/09

Alice Cooper + Arthur Brown (Palco Sunset)

Alice Cooper, que ano passado esteve no palco mundo com seu dream team Hollywood Vampires foi escalado para o palco sunset desta vez. E fez (muito) bonito. Sua já conhecida concepção de rock horror show manteve hipnotizado o público durante todo o tempo de apresentação. Clássicos como ‘Mr Nice Guy’, ‘Poison’, ‘Feed My Frankenstein’ (com direito a “transformação” no monstro), ‘Under My Wheels’ empolgaram os fãs de longa data e os recém-iniciados. E não podia faltar o momento em que Cooper tem a cabeça “cortada” na guilhotina. A participação de Arthur Brown era um grande chamariz. O inglês fazia, nos anos sessenta, um proto-heavy metal com matizes de psicodelia e é um ilustre desconhecido para as gerações mais novas. No entanto ele só deu o ar da graça no bis, quando executou seu clássico ‘Fire’ e entoou junto com Cooper o clássico ‘School’s Out’, com snipet de ‘Another Brick In The Wall’ do Pink Floyd e Joe Perry, que se apresentaria mais tarde, dando canja. A curta aparição de Brown foi frustrante para quem (assim como o que vos escreve) esperava um show conjunto. No entanto não há como negar que essa foi uma dos melhores apresentações dessa edição do festival.

Fall Out Boys (Palco Mundo)

Entraram no lugar de Billy Idol e simplesmente não funcionou. Ficaram perdidos em meio à noite dedicada ao hard rock, uma versão mais suave da noite do metal que não rolou esse ano. Os hits radiofônicos até empolgaram quem estava presente, mas com exceção de alguns fas que estavam ali para vê-los, ficou a nítida sensação de tapa-buraco.

Def Leppard (Palco Mundo)

A banda inglesa seria uma das atrações do primeiro Rock In Rio, mas cancelou na última hora. 32 anos depois, finalmente eles chegaram ao festival e entregaram um show energético esbanjando boa forma. Como se as três décadas não tivessem passado. A nostalgia deu o tom da apresentação. Durante a música ‘Love beats’ alguns engraçadinhos cantavam a versão em português da banda Yahoo. Mesmo com a sensação de que a sonoridade datou, foi um show bastante competente e uma digna e apropriada abertura para o Aerosmith.

Aerosmith (Palco Mundo)

O Aerosmith sempre foi visto como uma resposta americana aos Rolling Stones e viveram seus 45 anos de estrada sob esse estigma. No show do Rock In Rio 2017 eles provaram para um abrangente público brasileiro (os 100 mil que lá estavam e os milhões que assistiram pela TV) que são muito mais do que isso. O que se viu no palco foi uma banda coesa, experiente, com destaque para um Steven Tyler com fôlego e voz que não condizem com seus 69 aninhos – sem falar no inabalável carisma e presença de palco – e o guitarrista Joe Perry em estado de graça. O repertório mesclou hits mais recentes, da chamada “fase MTV” (‘Crying’, ‘Crazy’, ‘I Don’t Wanna Miss A Thing’) covers (‘Stop Messing Around’ do Fleetwood Mac com Perry nos vocais e ‘Come Together’ dos Beatles) e classicões de grosso calibre como ‘Sweet Emotion’, ‘Dream On’ e ‘Walk This Way’. A comparação com os Stones continua cabível. Só que no bom sentido.

Dia 22/09

Jota Quest (Palco Mundo)

O papel do Jota Quest foi o mesmo do Skank uma semana antes: aquecer o público para as atrações gringas que entram a seguir. Um show mais do mesmo, porém eficaz.

Ney Matogrosso & Nação Zumbi (Palco Sunset)

Um dos encontros mais esperados no palco Sunset nesse Rock In Rio entregou tudo o que prometia e mais um pouco. O entrosamento de Ney com os mangueboys foi tamanho que ficou a impressão que tocam juntos há anos. O repertório privilegiou bastante o Secos & Molhados (banda da qual Ney fez parte no início dos anos 70), mas não faltaram clássicos da Nação da época de Chico Science. Ney continua desafiando o tempo com uma invejável forma física e alcance vocal, apesar de um esforço maior para alcançar algumas notas (em sangue latino ficou evidente seu sacrifício). Um show inesquecível.

Alter Bridge (Palco Mundo)

Myles Kennedy, que colaborou como vocalista com Slash provou ser o melhor vocal do hard rock em atividade. E o seu pouco conhecido no Brasil Alter Bridge realizou um show competente, com repertório satisfatório que mostra que o gênero, considerado praticamente morto no novo cenário, ainda respira.

Tears For Fears (Palco Mundo)

Os reis das light FMs fizeram exatamente o que era esperado deles: um desfile de hits. Afinal são mais de 30 anos de sucessos radiofônicos e estavam todos lá, ‘Everybody Wants To Rule The World’, ‘Advice For The Young At Heart’, ‘Head Over Heels’, ‘Pale Shelter’, ‘Shout’. Mas também teve espaço para o hit ‘Breaking Down Again’, de 1993, fase em que a banda contava apenas com Rolland Orzaball. Também rolou cover do Radiohead, a música ‘Creep’. E no final os fãs que estavam ali para vê-los saíram de alma lavada. E a vida de Bon Jovi ficou um pouco menos fácil.

Bon Jovi (Palco Mundo)

Bon Jovi se redimiu, em parte, de um show desleixado em 2013. O que não significa que esse tenha sido uma maravilha. A banda tem um repertório vastíssimo de hits, acumulados nesses 35 anos de carreira. No entanto, o vocalista Jon Bon Jovi não estava em uma noite das mais inspiradas e a ausência do guitarrista Ritchie Sambora é bastante sentida. Restou então se apoiar na força dos clássicos da fase áurea da banda (anos 80/90), o que realmente faz um show da banda valer a pena atualmente.

Dia 23/09

Titãs (Palco Mundo)

A nova formação com apenas três integrantes originais fez sua estreia para um grande público nesse Rock In Rio. Paulo Miklos faz falta (assim como Nando Reis, o falecido Marcelo Fromer e o ex-líder Arnaldo Antunes), mas o show tem que continuar. E continua redondo. Resta esperar pelo próximo disco de inéditas.

Cee-Lo Green (Palco Sunset)

Muito funk suingue e o vozeirão impecável do ex-Gnarls Barkley. Manteve o mesmo groove da apresentação anterior, Karol Conka + Bomba Stereo. Mais um dia em que o Sunset encerrou com chave de ouro.

Incubus (Palco Mundo)

A banda de hard rock Incubus não fez feio, mas a tarefa era ingrata. Os californianos tinham que lidar com um público ávido por assistir às duas principais atrações dessa edição do Rock In Rio. Diante de um público mais preocupado em conseguir a última garrafa d’água ou guardar lugar. O momento em que talvez tenham atraído mais a atenção do público foi no cover de ‘Wish You Were Here’ do Pink Floyd.

The Who (Palco Mundo)

Sem dúvida a atração mais importante do festival, e a que gerou mais celeuma. O fato de abrir para o Guns N’ Roses deixou os fãs revoltados. A justificativa era que a banda não teria popularidade suficiente para encher a cidade do rock se fosse headliner. De fato, a grande maioria dos presentes trajavam camisas do GNR, mas os fãs do The Who eram bastante numerosos. Talvez bem mais do que a organização supunha. Afinal, foram 53 anos de espera. A plateia que se apinhava em frente ao palco mundo era uma mistura de fãs de The Who de primeira hora e fãs de Guns segurando o lugar, mas que queriam saber quem é “essa banda de abertura de que todo mundo tá falando tanto”. No fim, todos foram agraciados com o que podemos dizer sem exagero que foi o melhor show dessa edição do Rock In Rio.

Os dois membros remanescentes da formação original, o vocalista Roger Daltrey e o guitarrista Pete Townshend, mostraram que apesar da idade e do desfalque de dois integrantes, ainda têm muito daquela banda que abalava todas as estruturas nos anos 60 e 70. Por ser um festival, optaram por um setlist matador com sucessos indeléveis como ‘I Can’t Explain’, ‘My Generation’, ‘Behind Blue Eyes’, ‘Pinball Wizard’, ‘Baba O’ Riley’ e ‘Won’t Get Fooled Again’, todos detonados com energia de rapazes pelo menos 30 anos mais novos (a dupla já é septuagenária). Era impossível não recordar de registros históricos como Live at Leeds e ao vivo na Ilha de Wight, como se um pouquinho daquilo estivesse diante de nossos olhos. Foi um show menor do que o que a banda tem feito (foram três músicas a menos). No entanto, por mais que não tenha sido o show completo que a organização prometeu (eles foram anunciados como co-headliners), foram uma hora e quarenta de música, apenas cinco minutos a menos do que o Red Hot Chilli Peppers, que fechou a noite no domingo.

Foi uma apresentação maiúscula, barulhenta e sem pausa para bis. As 19 músicas foram disparada seguidamente. E era visível a empolgação estampada nos olhos dos dois. Mick Jagger disse uma vez, em relação ao especial Rock N’ Roll Circus (especial de TV de 1968 que reuniu grandes nomes do rock britânico), que a maior insensatez que já cometera em sua carreira foi entrar em um palco logo depois do The Who. E de fato a vida do Guns N’ Roses ficou bem difícil.

Guns N’ Roses (Palco Mundo)

Ninguém sobe em um palco após o The Who impunemente. O Guns pagou caro pelo preço de suceder a lenda do rock na penúltima noite de Rock In Rio. Ter a torcida a favor não era o bastante. O show começou com um som meio embolado, que só melhorou ali pela terceira música, e havia um problema no retorno que fez Axl Rose atravessar algumas vezes e desafinar feiamente. Para não fazer vergonha frente ao que a plateia vira logo antes, fizeram uma apresentação (que só atrasou 20 minutinhos, nada em comparação com o histórico da banda) de incríveis três horas e meia. Quem resistiu bravamente até o final assistiu a algo como o que o Led Zeppelin fazia nos anos setenta, com muitos solos, jams costurando um repertório vasto que alternava hits indispensáveis (‘Welcome to the Jungle’, ‘You Could Be Mine’, ‘Sweet Child of Mine’, ‘Patience’, ‘Paradise City’), músicas não tão conhecidas (‘Double Talking Jive’, ‘Coma’) e covers (‘Attitude’ do Misfits com Duff McKagan nos vocais, ‘Live an Let Die’, de Paul McCartney e ‘Black Hole Sun’ do Soundgarden em homenagem a Chris Cornell, falecido esse ano). Assim como no shows que passaram pelo Brasil em 2016 (saiba como foi aqui) os destaques foram Slash e Duff, no primeiro RIR da banda com os dois desde 1991. Axl Rose, mais magro e com mais fôlego, compensou a voz que não estava muito boa na noite do último sábado (parece que no SP Trip estava bem melhor), embora muito superior à desastrosa apresentação de 2011, com vigor e presença de palco.

Dia 24/09

Capital Inicial (Palco Mundo)

A banda brasiliense ficou encarregada de abrir a última noite do festival. Ao contrário do que se pensava, não foi uma reprodução do “Acústico NY” e sim o habitual greatest hits, adequado para colocar o povo em brasa.

Sepultura (Palco Sunset)

Ficou provado que poderia sim haver uma noite do metal a despeito de não haver uma banda internacional para a função de headliner. O Sepultura poderia perfeitamente ter cumprido esse papel. Um ótimo show, com muito som e fúria e a improvável participação da Família Lima que em alguns momentos era interessante e em outros soava estranho. Mas o saldo foi positivo em mais uma apresentação impecável dessa que é a banda com mais participação em edições do Rock In Rio e merece o devido reconhecimento sendo escalada para headliner em 2019.

Offspring (Palco Mundo)

O palco sunset ficou pequeno para o Offspring quando a banda se apresentou por lá. Daí, foram escalados para o palco mundo e puderam abranger um público maior. Não estão mais no auge do sucesso, mas seus sucessos dos anos 90, como ‘Come Out and Play’, ‘All I Want’ e ‘Pretty Fly’, ainda têm poder de fogo para agitar plateias.

Thirty Seconds To Mars (Palco Mundo)

Rock insosso que se apoia na presença até carismática do vocalista galã Jared Leto. Fora isso não há muito o que se considerar sobre o Thirty Seconds além do fato de Leto como vocalista de rock é um ótimo ator.

Red Hot Chilli Peppers (Palco Mundo)

Junto com o Guns N’ Roses são os maiores queridinhos do RIR. Essa já é a terceira edição que tem a banda como atração (Axl e cia têm uma a mais). O RHCP veio com a turnê de divulgação do bom álbum “The Gettaway”, lançado no ano passado. O show coincidiu com o aniversário de 26 anos do disco Blood Sugar Sex Magic, que catapultou a banda de vez ao mainstream. A surpresa do setlist ficou por conta das três músicas do álbum que não têm sido executadas ao vivo recentemente: ‘The Power of Equality’, ‘Sir Psycho Sex’ e ‘They’re Red Hot’. Além das obrigatórias ‘Under the Bridge’ e ‘Give It Away’. De resto, houve predominância dos sucessos mais recentes (do álbum “Californication” em diante) e de faixas do último trabalho. Não chegou a ser um show arrebatador, memorável, mas cumpriu bem a função de fechar para cima a sétima edição do maior festival de música do Brasil.

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