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Corinne Bailey Rae volta em seu agradável habitat com “The Heart Speaks in Whispers”

A apropriação da black music que Corinne Bailey Rae faz em seu trabalho é muito pessoal, para não dizer muito britânica. A delicadeza de sua voz traz a medida certa da melancolia que o gênero precisa para se legitimar em sua assimilação própria. Juntando isso com a maneira confessional com que se expressa nas letras, a cantora lança seu terceiro álbum The Heart Speaks in Whispers numa evolução emocional refletida na linha temporal de seu trabalho.

Depois de explodir, num distante 2006, com o single “Put Your Records On“, e expressar toda a sua dor pela morte do marido no disco seguinte, The Sea, a britânica volta num disco que pouco avança em relação ao que já vinha apresentando até aqui, mas por outro lado solidifica sua marca, trabalhando a singeleza entre o cool e o singelo.

O trabalho tem hits consistentes, incluindo até a escolhida para abrir o CD, a harmônica The Skies Will Break“, Been to the Moon, um dance-funk banhado de deliciosos sintetizadores e Tell Me, solar e contagiante dentro de sua variação de vocais e ritmos eletrônicos. E, se no passado ela exprimia sua sensibilidade cantando quase ingenuamente “Like a Star“, hoje, ela demonstra uma relação mais madura com seus sentimentos em músicas como a delicada (e um tantinho sofrida) Hey, I Won’t Break Your Heart ou absolutamente charmosa como Horse Print Dress“.

O principal single trabalhado foi a vintage Green Aphrodisiac”, que, numa primeira ouvida, remete muito as baladinhas AM de outrora, mas ganha uma sofisticação muito interessante com os arranjos que embrulham a voz de Corinne. Voz essa que dimensiona toda sua potencialidade intimista em Do You Ever Think of Me?, um dos grandes destaques desse álbum pela força da combinação de letra simples e suave interpretação, em frases como “Do you ever think of me? Do I ever cross your mind?“.

Poderia passar esse texto falando sobre cada faixa do CD (preste atenção em “Caramel” e “Night“), mas acabaria falando variações sobre a mesma percepção: Corinne não busca surpreender, mas faz de sua vivência emocional a boa música que apresenta. O espaço que ocupa pode até ser bem conhecido, mas é sempre bem agradável passear por ele. 

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