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Garbage põe Circo Voador abaixo em show memorável

Fotos: Patricia Moura

No último domingo (dia 11) ocorreu a primeira visita do Garbage ao Rio de Janeiro. A única apresentação da banda no Brasil foi no finado festival Planeta Terra em São Paulo, há quatro anos. Mas a espera de vinte e um anos (o seminal disco de estreia foi lançado em 1995) compensou. Nessa turnê de divulgação do (muito bom) novo álbum “Strange Little Birds”, lançado em junho deste ano, o Garbage optou por espaços menores.

O mais natural seria uma banda dessa estatura estar ocupando a posição de headliner dos principais festivais do mundo. Mas o quarteto escolheu algo que os remetesse às origens e proporcionasse uma maior aproximação de seus (fidelíssimos) fãs. Escolha mais do que acertada. O que se viu no Circo Voador foi um show que já entrou para a antologia dos melhores que aportaram na casa localizada na Lapa carioca. Nem o desfalque do baterista Butch Vig (que interrompeu a turnê acometido por uma aguda crise de sinusite) tirou o brilho da apresentação.

O Garbage é o tipo do conjunto ambivalente. Rende tão bem em um grande festival quanto em uma casa pequena. E por mais que os fãs gostem de ver sua banda favorita amparada por uma superprodução com telões e efeitos pirotécnicos, o contato mais caloroso entre palco e plateia é sempre uma experiência ímpar. Inclusive para quem está no palco. Tanto que nomes do calibre de Paul McCartney e Rolling Stones sempre procuram uma data livre para realizar um show intimista.

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Shirley Manson (vocal), Duke Erikson (guitarra e teclado) e Steve Marker (guitarra e teclado) – acompanhados por um baixista de apoio e um baterista substituto – pisaram no palco do Circo pontualmente às 20h01, horário previsto para o início, depois da interessante apresentação das meninas (e o batera) do BBGG. Recebidos por uma plateia eufórica que esgotou os ingressos, iniciaram os trabalhos com ‘Supervixen’, faixa que abre o primeiro álbum. Na sequência vieram ‘I Think I’m Paranoid’ hit do segundo disco “Version 2.0” e outra do debut, ‘Stupid Girl’, um dos maiores sucessos da banda cantado em uníssono pela massa.

Um avanço em direção à fase mais recente se deu com a seguinte, ‘Automatic Systematic Habit’ do disco de 2012 “Not Your Kind of People”. O lado b do segundo álbum ‘The Trick is Keep Breathing’ foi uma das surpresas do setlist. ‘Sex is not the enemy’, foi precedida de um discurso de empoderamento LGBT feito pela vocalista, aplaudido efusivamente. Só aí (já no oitavo número) que entraram em cena as músicas do novo disco. Foram duas seguidas: ‘Blackout’ e ‘Magnetized’. Essa última condizia com o estado dos fãs a essa altura.

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A volta aos clássicos foi com ‘Special’, que fez o Circo vir abaixo. E o bem distribuído tour pela carreira continuou com ‘#1 Crush’ (lado b do single de ‘VOW’ e parte da trilha sonora de Romeu + Julieta), ‘Even Though Our Love Is Doomed’ (de “Strange”), ‘Why Do You Love Me’ (de “Bleed Like Me”, de 2005), ‘Night Drive Loneliness’ (“Strange”), ‘Shut You Mouth’ (do “Beautiful Garbage”, de 2001) e ‘VOW’ (do Debut). A parte regular da apresentação se encerrou com dois grandes sucessos: ‘Only Happy When It Rains’ (o maior), que catapultou o Garbage ao estrelato, e ‘Push It’, primeiro single de “Version 2.0”.

Na volta para o bis, ‘Queer’, a última nova da noite ‘Empty’ e ‘Cherry Lips (Go Baby Go)’, bem mais pesada e energética na versão ao vivo. O nome da banda (lixo, em inglês), ganho por conta de uma sonoridade tida como de má qualidade, hoje é ostentado como uma fina ironia. A excelência dos músicos ao vivo é inquestionável. E o local intimista os deixou mais abrasados.

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A escocesa Shirley Manson mantém intactos seu magnetismo e domínio de cena. Mostrou desenvoltura até quando errou uma música e no momento em que teve problema no retorno. Sucessora direta de Debbie Harry no reinado do underground, era crush de 11 entre 10 indies nos anos 90, com sua languidez e um toque de estranheza. Vinte anos depois ainda tem envergadura para sustentar seu status de sexy simbol. Do alto de seus 50 anos, deixa muita menininha no chinelo. É indubitavelmente um dos nomes femininos mais relevantes do rock.

Depois das quase duas horas do show memorável no Circo Voador, a torcida é para que a volta seja breve. Os estranhas passarinhos tropicais pedem bis.

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