Last Splash, A Fúria Indie dos Breeders

O ano era 1993, o auge da era grunge. O Pearl Jam lançava o sucessor de Ten, Versus, que seguia o mesmo sucesso do primeiro. O Nirvana lançava seu segundo disco de estúdio, In Utero ainda colhendo os louros do estouro de Nevermind, que deflagrou todo aquele levante alternativo. Mas de um outro lado, uma perda irreparável: o Pixies chegava ao seu fim. A banda capitaneada por Frank Black (ou Black Francis, como ele assinava na época) já era uma lenda indie e uma das principais influências de Kurt Cobain. O vocalista e guitarrista do Nirvana dizia para quem quisesse ouvir que a sua banda não existiria sem o Pixies, do qual ele fora roadie.

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Black e a baixista Kim Deal àquela altura tinham diferenças irreconciliáveis, e com isso o fim era iminente. Kim voltou ao estúdio para gravar com o The Breeders, banda que formara com sua irmã Kelly paralelamente ao Pixies e largou a banda. Last Splash era o sucessor do debut (muito elogiado pela crítica) Pod, de 1990. Ironicamente, com esse disco, o Breeders alcançou um sucesso comercial que a banda anterior de Kim jamais atingira, graças ao single Cannonball. Devido ao estouro alternativo impulsionado pela turma de Seattle, a MTV, principal fonte de novidades e tendências musicais naquela era pré Youtube, executava o videoclipe de Cannonball à exaustão. Holofotes à parte, Last Splash é um disco fundamental da década retrasada. A pegada era bastante similar à do Pixies, rocks poderosos, com um certo contorno experimental e psicodélico e muita influencia do punk e do rock dos anos sessenta.

São 15 faixas que comprovam todo o poder de fogo de Kim Deal longe da sombra genial do companheiro. Para os que achavam que todo o brilhantismo do Pixies residia em Black e Kim era apenas uma coadjuvante, viu-se redondamente enganado. O álbum passeia entre polos como a estranheza de Mad Lucas e um power pop delicioso de Divine Hammer, o segundo single de maior sucesso do disco. Ah, claro, e tome distorções como em S.O.S., rezando na cartilha do Sonic Youth, o patriarca indie.

Junto com o Breeders, várias bandas formadas ou lideradas por mulheres ganharam grande projeção, como Veruca Salt, Belly, Throwing Muses, Letters to Cléo e Echobelly.

Vinte anos se passaram desde o lançamento e Last Splash é um disco que com certeza ainda soaria avant garde, devido à sua sofisticação e crueza, apelo pop e estranheza. A indústria fonográfica atual, pasteurizada e repetidora de fórmulas que deram certo há 15 anos não deixa espaço para que um trabalho nos moldes do fizeram os Breeders. Por isso mesmo, para afrontar e sacudir a mesmice que assola as MTVs VH1s e Youtubes da vida é que a banda resolveu fazer uma turnê comemorativa das duas décadas do disco, turnê essa que passará pelo Brasil, em pleno momento de visita papal. Será hoje, 24 de julho de 2013,  no cine Jóia em São Paulo e amanhã no Circo Voador no Rio.

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