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“Batman: Cacofonia”: Só mais uma história de Batman

[este artigo contém spoilers]

Batman-Cacophony-cover

Kevin Smith retorna ao mundo dos quadrinhos com a minissérie em três edições intitulada Cacofonia, lançada pela Panini este mês no Brasil. Logo de cara, declaro que tal história não é tão brilhante quanto Demolidor: Diabo da Guarda (Smith, Quesada), lançado também este ano; não obstante, admito que a obra tenha lá seus valores.

Depois de ler este quadrinho chego à conclusão de que Smith TENTOU criar um novo Piada Mortal, no momento em que coloca longos diálogos entre Batman e Coringa, centrados sobre a discussão franca e direta de suas diferenças. Algo como outrora fez Alan Moore com a obra supracitada. A Batman-Cacophony-jokerhistória inicia-se em Arkham, onde Floyd (Deadshot) invadindo o asilo, tenta assassinar o Coringa. Um pequeno diálogo se interpõe à ação iminente, revelando informações um tanto “perturbadoras” à personalidade já perturbada do Coringa. Aparentemente, Maxie Zeus utilizou seu gás do riso para produzir uma nova droga chamada de risinho. Isso evoca uma profunda raiva ao palhaço do crime, que afirma: “O veneno do Coringa é pras pessoas TEMEREM, não para ‘fazerem a cabeça’ em rave!”. Após a conversa, no momento do tiro final que poria um fim ao palhaço, chega ao local o Onamatopéia (vilão criado pelo próprio Smith para sua história do Arqueiro Verde), que salva o Coringa e lhe agracia com uma maleta cheia de dinheiro. Batman entra em cena logo em seguida, impedindo o psicótico Victor Zsasz de finalizar o assassinato de uma família.

É interessante observar que Smith se dedicou até demais à construção da personalidade de seu Coringa, colocando o tradicional comportamento palhaço em uma mente violada pelo ódio e loucura. É polêmico quando faz o vilão dizer que deseja matar seu arquiinimigo e em seguida fazer sexo com sua carcaça. Seu argumento gira em torno da investigação do responsável pela soltura do Coringa de Arkham, e qual fora o motivo para fazê-lo. O palhaço nos é apresentado lendo um exemplar de “A Nascente” de Ayn Rand, filósofa americana criadora da vertente objetivista. Sua filosofia enfatiza o egoísmo racional; onde as ações humanas deveriam ser fundamentadas à luz da razão. A antítese perfeita da mente perturbada do Coringa, nos revelando a “primeira piada” do palhaço.

Batman-Cacophony-onomatopéia

Infelizmente o conto cai mais uma vez no código de conduta que impede o Batman de matar (ou deixar morrer) seu inimigo de cabelo verde. Os diálogos exploram este dilema, que já não é novidade em histórias do personagem. O vilão Onomatopéia acaba sendo mal explorado, já que o foco de toda a história cai sobre a interação dos dois eternos inimigos. Smith parece tentar justificar o porque do Homem Morcego não matar seu inimigo, infelizmente, tal explicação não é bem conduzida, deixando a questão em aberto pela qüinquagésima vez; como muitos outros autores já fizeram, reforçando a contradição da mitologia conflitual que envolve Batman e Coringa. Inicialmente acreditei que a trama seria em torno do próprio Onomatopéia e que o vilão mais clássico seria deixado como uma aparição especial, no entanto, conforme a história transcorre vemos que o coadjuvante não é o Coringa.

Batman-Cacophony-page
A arte de Walt Flanagan é apenas aceitável. Não passa disso. Flanagan foi escolhido à dedo por Smith, mas infelizmente é um artista que não soube ambientar os acontecimentos da trama. A história transmuta continuamente de um sombrio doentio para um engraçado descompromissado, porém, a arte não consegue acompanhar as palavras. As feições de alguns personagens (principalmente do Batman) incomodam um pouco, e a concepção de anatomia de Flanagan deixa muito à desejar.

A história apesar de clichê, é boa. Os diálogos e as referências expostas pelo nerd master compensa (inclusive uma referência ao Thor, da Marvel!) e a condução da trama é bem ritmada proporcionando uma leitura leve e dinâmica, no entanto, é apenas mais uma história de Batman. Nada para se lançar em encadernado de capa dura. Nada para se perdurar na memória…

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Comentários 2
  1. Rafaell eu acho que você deve pensar assim: “Qual o personagem que tem mais histórias memoráveis?”
    Lógico que a resposta é relativa,afinal cada qual tem um gosto diferente,mas não existe personagem pra ter mais histórias clássicas do que o Morcego.
    Acho sim a história boa, mas ela é muito melhor do que muitos personagens mainstream,que o pessoal fala que é bom,além do mais foi muito bom ver o Palhaço barbudo(nunca tinha visto ele assim), já tinha visto ele careca(Advogado do Diabo),mas barbudo é a 1ª vez.
    E que vilão meia boca,o cara começa a pegar o capuz de “fichinhas” e de repente sem nenhuma explicação lógica,sai a caça do Batman…tsc,tsc

    1. Exatamente. Foi o que falei, a HQ não é brilhante (apesar de ser realmente superior do que a maioria das história convencionais do próprio Morcego), mas é paga por estes detalhes. =)
      E de fato, o Onomatopéia foi o pior de tudo nessa história. Tratando-se de Smith, fico com o Diabo da Guarda.

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