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Homem-Aranha e o Filho da Pátria

Nestes últimos três meses, a Panini lançou no Brasil um arco de histórias que foi bastante propagado lá fora em sua época de lançamento. Com roteiros de ninguém menos que Joe Kelly, responsável anos atrás por manter viva a chama da Liga da Justiça, de Grant Morrison, na DC Comics, e também por uma fase bastante prolífera com Superman no finalzinho da década de 1990, virando para os anos 2000 – isso, claro, sem mencionar a sua fantástica criação, Liga da Justiça Elite – ele contou uma história de cinco partes na revista Amazing Spider-man envolvendo ninguém menos que seu maior nêmesis: o Duende Verde.

Kelly contou com um time rotativo de artistas que como o grande Phil Jimenez, e teve a obrigação editorial de encaixar os momentos atuais de Reinado Sombrio, que alavancaram Norman Osborn como maior símbolo empresarial e governamental do Universo Marvel – não tornando-o presidente, mas sim chefe de agência secretíssimas e muito mais poderosas que o próprio Estado de Barack Obama – bem como fazer tudo isso funcionar na tal nova cronologia do Aranha que, como se sabe, apagou centenas de fatos ocorridos nas últimas décadas após um pacto com o demônio Mefisto. Mesmo com tamanhas dificuldades, Kelly fez o que parecia ser mais difícil nos últimos tempos: uma história realmente interessante do cabeça de teia.

É imprescindível que o leitor não some expectativas grandes demais a Filho da Pátria, já que ela não é nenhum clássico moderno. Todavia, é boa o suficiente para fazer valer cada momento de cada página. Na história, Osborn chantageia seu próprio filho, Harry Osborn, que odeia o pai com todas as forças, a trabalhar pra ele nos Vingadores e em outros projetos megalomaníacos que supostamente serão bons para o povo americano. Ficando encurralado e com seu amor Lily grávida de seu filho, e tornando-se uma vilã no universo do Aranha (a Ameaça), Harry aceita o pedido do pai e entra para o MARTELO e para os Vingadores.

Vale destacar, antes de continuarmos, que Filho da Pátria teve o nome original American Son justamente porque Kelly queria fazer com que Harry tornasse-se um símbolo para todo o país como não apenas um novo vingador, mas sim alguém tão capaz quanto o Capitão América de carregar consigo o valor do Sonho Americano. O que o leitor é levado a crer já no segundo capítulo é que o tiro de Norman sairá pela culatra, pois seu primogênito apenas aceitou tal barganha para utilizar-se dos recursos colocados à sua disposição afim de salvar Lily de suas transformações. Não tardou para que Norman descobrisse estas ações do filho e é aí que temos mais chances de ver a qualidade do texto de Kelly.

Política americana também é um tema implicado neste arco, já que a influência quase macartista é bastante aplicada na psiquê de Norman que, mesmo não usando mais a fantasia de Duende Verde, age como alguém tão influente, centralizador e controlador – além do cego tradicionalismo doentio – que nos lembra dos anos Bush.

Apoderando-se de uma reviravolta bastante empolgante, o escritor vai nos trazendo pequenos detalhes do que vem acontecendo em volta do foco deste arco, tais como a retomada de Dr. Octopus e o casamento de Tia May com o pai de JJJ, não esquecendo-se de lidar com o que os personagens do Aranha têm de mais interessante: a profundidade de suas personalidades. Cada relação é tratada com cuidado pelo roteirista, possibilitando ao leitor a compreensão e entendimento das motivações de cada peça deste tabuleiro. Curiosamente, o Aranha acaba capturado ao passar-se por Venom (tendo conseguido o simbionte do vilão pra si enfrentando Gargan, o antigo Escorpião, com armamento pesado do Quarteto Fantástico), pois fora reconhecido através do cheiro pelo filho de Wolverine. Sendo assim, Norman começa a torturá-lo para tirar-lhe a máscara e revelá-lo ao mundo após tê-lo assassinado. É nessa hora que Harry prefere assumir sua identidade de Filho da Pátria e veste a armadura fantástica e quase inconcebível que seu pai criara.

O mais bacana do embate entre pai e filho são as revelações e discussões verbais dos dois, enriquecendo um momento que seria apenas de pancadaria. A aceitação de Norman por seu filho é nula, mas o sentimento é recíproco. E mais: o filho de Lily é, na verdade, do próprio Norman, para a derrocada emocional de Harry. Curiosamente, o rapaz resiste, alia-se ao Aranha e enfrenta o pai de igual para igual, mas percebe que não deve matá-lo para não tornar-se o monstro que sempre temeu. O projeto é abandonado, a armadura cai, e Harry é o único de pé neste combate, com orgulho intacto e tendo provado que, se quisesse, poderia de fato ser um super-herói, independente de sua armadura.

Filho da Pátria foi publicado de junho a agosto de 2010 no Brasil, nas edições Homem-Aranha nº 103, 104 e 105. Leitura mais que recomendada a fãs de super-heróis.

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Comentários 5
  1. Fiz bem de não colecionar mais o Aranha depois de Back to Black. Não sei o que rolou com o lance do Mefisto, mas os caras não perdem chance de falar que o Norman é o comedor do universo Marvel. Primeiro ele traçou a Gwen Stacy e deu gêmeos a ela, agora, traça a mulher do próprio filho. Originalidade tá passando longe das revistas do Aranha faz teeeempo.

  2. Norman é o Zé Mayer da Marvel. HUAHAHAHAHAHA!!!!!!!

    Aliás, é curioso como a Marvel é meio machista. Os maiores pegadores são e o Osborn e o Tony Stark, que também são os mais ricos. =P

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