Excelente, "True Detective" é a TV sendo adulta e precisa como poucas vezes vimos

A primeira temporada de “True Detective” veio para reeducar o espectador atual e ainda faz da TV um veículo muito melhor que a média de filmes ianques. A história criada por Nic Pizzolato está o tempo todo interessada em destrinchar seus personagens para fazer sua investigação criminal ser apenas um elemento narrativo e não a lança final do que tinha que contar. Os protagonistas, dois detetives de homicídio que vivem batendo cabeça, o cerebral Rustin “Rust” Cohle (Matthew McConaughey, ganhador do Oscar 2014 de Melhor Ator e dispensando mais apresentações nesse seu momento de carreira) e o comportado Martin Hart (Woody Harrelson, brilhante), investigam por quase duas décadas o assassinato de Dora Lange em um ritual macabro. Partindo de 1995, passando por 2002, e desembocando em 2012, os episódios expõem as personalidades de seus protagonistas que delineiam muito de suas relações mútuas e com o caso em que estão debruçados. A gente se vê enredado pelo mistério, mas somos seduzidos mesmo pelos investigadores. O ritmo lento lembra bastante outra ótima série, The Killing”, mas o subtexto de América profunda – o história se passa no Sul da Louisiana – conjugado com a boa construção dessa relação um tanto caótica e Lacaniana entre Rust e Hart fazem de True Detective” um dos grandes lançamentos do ano na TV. O último episódio estabelece um reencontro dos dois e a retomada da investigação –  o que resulta numa conclusão que não se preocupa em ser surpreendente. Mas essa nem é a questão principal da série. Quem entende isso, consegue captar por que a série é tão incrível e assertiva na tentativa de evocar dois seres em seus infernos pessoais, que precisam comungar de uma mesma obstinação (ou seria fixação?) para esclarecer o crime. Em determinado momento Rust diz “tudo é um nada e um vazio“. Desdizer isso é o princípio máximo do que o roteiro faz com seu personagem. E assim, a HBO, canal da série, entrega mais um exemplar do que de melhor tem se feito no audiovisual ianque nos últimos 20 anos.

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