Crítica: Última temporada de "True Blood" expõe sua inescapável decadência

True Blood surgiu como um sopro de renovação ao universo vampírico, com a marca HBO de dramaturgia: bons roteiros, excelentes diálogos, adorável amoralidade e muito nonsense dentro de um gênero comumente banhado a suspense.
Como acontece quase sempre no mundo das séries, após as primeiras temporadas, principalmente após a terceira, a história foi tomando um rumo esquizofrênico dentro de sua própria mitologia. Quer dizer, o excesso de mitologia para adensar a falta de fôlego de sua trama (e o mal costurado lenga-lenga emocional de Sookie) acabou por diluir sua boa premissa inicial – e a perspectiva de oxigenar uma história tão contada – tornando praticamente um fardo chegar a essa lamentável sétima e ultima temporada.
O ponto mais sintomático de sua mediocridade nos últimos anos, está na estapafúrdica história que move o fim da série. Bill e Eric praticamente viraram fantoches da falta de trama até chegar ao último episódio (a razão para o dilema moral de Bill nesses últimos chega a ser constrangedora).

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Junte a isso à banalização de dezenas de outros personagens (quase todos nem ganharam direito a um desfecho que valha: o que foi a sanha espírita de Tara? E o esvaziamento dos “núcleos” de Sam e da personalidade sempre tão rica de Lafayette?), assim como o sentido da função da “mocinha” ser uma fada, em contraste com os vampiros. True Blood terminou sua longa carreira de forma tão medíocre que nem sabemos ao certo se isso é uma recorrência adquirida nos últimos anos, ou um reflexo objetivo do qual seus criadores expressaram não saber lidar com o que tinham em mãos, nesse último ano. Nem mesmo a gama de bons personagens justifica tal lambança narrativa que a  série se tornou nesse final.
Acaba que virou um pastiche, um fardo até para a própria HBO, habituada a saber lidar com o desgaste de suas atrações com dignidade (só observar Boardwalk Empire). Uma pena que essa longevidade não seja consequência de seus bons serviços artísticos prestados. Para isso, temos a lucidez de Breaking Bad ou até o apuro técnico do mediano Penny Dreadful. True Blood acabou com atraso de pelo menos 3 temporadas. Infelizmente (com o pesar de quem se entusiasmou com os bons primeiros anos), já vai tarde…

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