Entrevista com o desenhista Carlos Rafael

Entrevista com o desenhista Carlos Rafael – Ambrosia

O Ambrosia entrevistou, um dos mais novos desenhistas brasileiros no mercado internacional de quadrinhos, Carlos Rafael Duarte, que já trabalhou nos títulos da série clássica de Battlestar Galactica, Highlander, capas para Red Sonja, dentre outros. Carlos reside na Ilha do Governador no Rio de Janeiro, e é professor da filial carioca no curso Impacto Quadrinhos.

Na nossa entrevista, o desenhista e professor nos conta um pouco sobre o mercado de quadrinhos, suas experiências e algumas dicas para a galera que quer entrar no ramo, confiram:

Para começar, conte como entrou no mundo dos quadrinhos, como leitor e profissional? Quais os sentimentos pessoais e decisões profissionais que te levaram a essa escolha?
Sempre desenhei desde pequeno. Gostava de desenhos na TV e quadrinhos, pois copiava os desenhos e ilustrações e criava desenhos próprios com os personagens. Mesmo com essa necessidade de desenhar, nunca achei que levaria isto a sério, que seria um profissional disso. Mas mesmo seguindo outras carreiras, no final do dia eu corria para a prancheta e fazia histórias com personagens próprios, ilustrações e treinava para melhorar meu desenho. Era algo que eu não podia negar ou fugir, eu precisava daquilo diariamente.

Mais tarde, vi que havia brasileiros trabalhando com isso e ganhando a vida desse jeito. Foi então que decidi ir nos fins de semana para São Paulo para aprender com os profissionais da área. Fiz a Impacto Quadrinhos e consegui melhorar meu traço a um nível profissional. Aí foi só treinar muito e insistir bastante até ter meu primeiro trabalho para o mercado norte-americano.

Entrevista com o desenhista Carlos Rafael – Ambrosia

Há algum desenhista, roteirista ou qualquer outro artista que lhe inspira ou inspirou? Qual a conduta que um profissional de quadrinhos deva seguir?
Existem vários artistas que me inspiram. De todas as épocas. Andrew Loomis, Alex Ross, Frank Cho, Adam Hughes, Luke Ross (um dos meus professores), Ivan Reis… essa lista é extensa e desde que comecei a desenhar tive vários artistas que me ensinaram e inspiraram. Entre os roteiristas vale citar os principais: Alan Moore, Neil Gaiman, Grant Morrisson, Warren Ellis e Mark Millar. Para mim esses estão no topo da lista, mas também já li tantos roteiristas inspiradores que não cabem aqui citá-los todos.

Quanto a conduta dos profissionais, o que eu tive de experiência me mostrou que um bom profissional deve cumprir o prazo que lhe foi estipulado, fazer um quadrinho bem pensado, com uma narrativa clara, pensando no que os leitores precisam ou querem ver e não no que o artista gosta de desenhar. Também é uma boa qualidade o desenhista fazer o trabalho que lhe é passado, independente de suas preferências. Eu posso gostar muito do Batman, mas até eu desenhar o Batman, muitos trabalhos diferentes podem passar na minha mão. Imaginem se eu recusar todos porque não são trabalhos do meu gosto pessoal… não seria uma conduta profissional, além do que eu morreria de fome!

Entrevista com o desenhista Carlos Rafael – Ambrosia

Você tem alguma teoria sobre a razão de os quadrinhos nacionais, fora os infantis e alguns “gatos pingados” como Holy Avenger, não conseguirem vingar comercialmente no nosso mercado? Para o artista nacional, qual o caminho para arranjar trabalho nas editoras gringas?
Bom, não dá para dizer ao certo o porquê disso acontecer. Acho que as iniciativas sempre ficam aquém do que é oferecido pelo material importado. Ou o roteiro deixa a desejar em algum ponto, ou o desenho não é atraente, ou na maioria dos casos os dois. Falta também identificação com o leitor. Não adianta fazer a revista de super-herói brasileira se a história vai ficar falsa ou se não vai ter um atrativo a mais para o leitor, ele vai continuar comprando o quadrinho norte-americano de costume, com a qualidade de costume. É preciso inovar, encontrar a identificação com o público brasileiro, e oferecer um produto melhor do que o importado. Por outro lado, os bons artistas daqui, os de nível internacional que ganham até prêmios lá fora, não encontram uma situação atraente para trabalharem aqui. Batalhar por uma editora, por um pagamento justo, lutar contra a falta de profissionalismo, etc… é muito mais interessante trabalhar para o mercado lá fora.

Agora, para o artista daqui entrar no mercado estrangeiro, é só ele possuir um traço elegante, atraente, uma boa narrativa, figuras bonitas e um cenário convincente. Não falta trabalho, o difícil é elevar o desenho ao nível exigido por eles. São muitas horas de dedicação, muita paciência, um ouvido aberto para as críticas mais pesadas e um acompanhamento, mostrar os desenhos para um profissional da área, um curso dirigido e um agente competente.

O que você tem lido nos últimos tempos? Tem algum título ou personagem favorito?
Tenho comprado encadernados com histórias completas, por questões de qualidade gráfica e de espaço para guardar as HQs. Não tenho mais espaço para comprar revistas todo mês que eu só leio uma história e levo mais quatro que não me interessam. Esse tipo de vendas funciona para um público que lê todas as histórias das editoras, mas não para quem quer ler apenas algumas histórias. Acho que isso funcionava mais na época do formatinho, mas essa é a minha opinião.

As últimas histórias boas que li foram Os Supremos (The Ultimates), XIII ,Tom Strong, Os Leões de Bagdá (Pride of Bagdad), Samurai: Entre o Céu e a Terra (Samurai: Heaven and Earth), Predadores (Rapaces), e outras que conseguiram prender minha atenção de alguma forma. Estava acompanhando as histórias do Demolidor (Daredevil) que está numa fase excelente, mas o mix de histórias está tão ruim na minha opinião que parei de comprar. Tenho muita pena disso, espero que saiam encadernados para eu poder ter essa série. Aliás gosto muito do Demolidor, provavelmente é meu personagem favorito… se estivermos falando de quadrinhos.

Entrevista com o desenhista Carlos Rafael – Ambrosia

Se você pudesse escolher um título para trabalhar, qual seria? Dos quais você trabalhou, qual foi o mais gratificante?
Acho que seria muito bacana desenhar o Batman ou o Demolidor. Batman principalmente por causa dos vilões. Mas eu gostaria mesmo de desenhar algo para o universo Star Wars. O trabalho mais gratificante que fiz creio que foi Highlander. Foi muito trabalhoso pesquisar sobre diferentes épocas, roupas e cenários, mas gostei do desafio, acho que cresci muito fazendo isto.

Muito obrigado pela entrevista, alguma última mensagem para os aspirantes a artistas profissionais?
Se você quiser mesmo trabalhar com isso, porque não consegue deixar de desenhar e vai ficar maluco se não viver a vida desenhando… bom, então se prepara muito! Não é fácil. Não desista se você escutar críticas severas. Use isto como trampolim para melhorar seu desenho. É um caminho longo e cansativo. Mas é mais cansativo ainda ficar 8 horas ou mais por dia sentado numa prancheta com a cara no papel. Se mesmo assim você é compulsivo e tem vontade de desenhar todo santo dia… você não tem escapatória. Não jogue fora seu dom e corra atrás.

Melhorar o traço é questão de prática e qualquer um pode fazê-lo. É só ter a vontade. Tem pessoas com um ótimo desenho mas que mesmo assim não tem o dom para viver disso, assim como outros que correm atrás, melhoram muito o desenho e ganham o mercado. A regra é a insistência e força de vontade. E boa sorte a todos!

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O que eu acho? Esse é o meu professor, hehehe!

Lam.

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