[Atualizado] Demolidor 45 Anos: Le Diable à la Vertigo

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Ann Nocenti quase não era conhecida por leitores de quadrinhos na época em que assumiu o título mensal do Demolidor, tendo trabalhado muito mais como editora e jornalista e escrevendo só algumas histórias esporádicas para a Marvel. A escolha na época não era apenas inconvencional como também explicitamente inesperada e é considerada controversa pelos fãs até hoje. Mesmo assim, Nocenti ficou por cinco anos escrevendo Daredevil tendo pouquíssimos intervalos e algumas de suas histórias entraram para o hall de grandes contos do herói cego.

[o índice dos artigos deste especial se encontra ao final do post]

A escritora colocou Matt Murdock em situações nunca imaginadas pelos escritores anteriores, tais como exercitando sua profissão como um fora-da-lei, lidando com o próprio demônio em pessoa em uma série de casos e aventuras psicológicas, metafísicas e complexas. Alguns defensores dela preferem definir sua passagem pelo título como “Demolidor na Vertigo” e de fato é algo bem parecido com isso. As histórias são todas fechadas, sem grandes arcos, sempre com altos questionamentos de acontecimentos sérios no mundo real e um aprofundamento na ironia da busca pela justiça de um homem que se veste de demônio. Podemos então dividir a fase de Ann Nocenti no Demolidor em 3 grandes fatias:

  • superaventuras-marvel-80-capaPlanejar a nova vida de Matt após os eventos que se passaram em “A Queda de Murdock”, que não foram tão maus assim como quem leu a saga já sabe

  • Colocá-lo em situações inovadores, irônicas, mais sombrias e questionadoras e derrubá-lo com ainda mais força que a saga anterior, mas fazendo-o sofrer vagarosamente

  • Mostrar uma faceta da personalidade de Matt que pouco havíamos visto anteriormente e desenrolá-la com alta intensidade, modificando a relação entre os coadjuvantes conhecidos e acrescentando uma série de novos personagens ao mito

Sem dúvida o desejo da autora era um tanto presunçoso, mas de muitas formas, durante seus cinco anos à frente da mensal do herói, ela conseguiu atingir esse objetivo e ficou muito famosa por trabalhar ao lado de John Romita Jr., que já havia desenhado uma série de títulos da Marvel desde então (inclusive tendo uma boa passagem pelo Homem-Aranha) mas se tornou alguém realmente venerado ao desenhar o diabo justiceiro.

Em primeira instância Nocenti fez com que Matt Murdock voltasse a atuar como advogado, mas de forma clandestina ao lado de Karen Page auxiliando pessoas com problemas sociais sérios, tais como pessoas muito pobres e injustiçados pela sociedade. Nesse contexto ela aproveitou para inserir suas primeiras contestações politicas contra as próprias decisões do governo americano naquela época, utilizando suas narrativas como ensaios sobre a sociedade do país. Podemos citar as histórias “Buum” (Daredevil #250 / Superaventuras Marvel nº 79) e “Justiça” (Daredevil #251 / Superaventuras Marvel nº 80) em que Matt e Karen, através de advogados permitidos pela justiça de exercerem sua profissão, cavocam provas contra a Kelco, uma empresa culpada de várias causas anti-ambientais descaradas e que foi responsável por um acidente que deixou um menino cego (numa clara alusão e homenagem à própria origem do herói).

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Surge Mary Tyfoid
Publicadas em Daredevil #266, Daredevil #278-#282
No Brasil: Superaventuras Marvel nº 115, nº 136-140

Nocenti começou a mostrar suas forças como escritora ao apresentar sua primeira grande criação aos leitores. A vilã Mary Tyfoid tem esse nome devido à própria forma como a doença febre tifóide funciona: ela infecta o contaminado progressivamente e pode causar confusão mental em estados mais graves – e foi o que ela fez com o Rei, que passou a tê-la ao seu lado para qualquer decisão, e depois com o Demolidor, que caiu de amores por ela e quase acaba morto quando Mary se uniu a muitos outros vilões.

A trajetória de Tyfoid é muito bem colocada nas histórias e muito lógica também: Nocenti não precisava trabalhar sempre com Elektra (coisa que ela pouquíssimo fez durante toda sua passagem pelo Demolidor), preferindo criar ela mesma uma nova vilã/anti-heroína/interesse romântico para o herói, com uma personalidade tão ou mais complexa que a da própria criação de Frank Miller. A dualidade da personalidade de Mary fez com que muitas pessoas conseguissem se identificar com alguns dos estados de espírito pela qual a personagem passou.daredevil-278-capa

Sua primeira aparição é uma trilogia, na qual ela conhece Matt, se torna sua amante e sua inimiga, com um propósito parecido com o do Justiceiro: matar apenas criminosos. Mas logo descobrimos que o Rei entra em cena e ela age para ele. Durante toda a jornada da dupla, Tyfoid se torna progressivamente um calcanhar de aquiles para o herói e, meses depois, acaba com ele ao lado de muitos vilões dele, deixando-o sem identidade, sem trabalho, dinheiro e nem vida, no meio do mato. É o início de uma jornada de renascimento para Matt Murdock.

Quando o Demolidor lidou com o próprio Demônio
Publicadas em Daredevil #266, Daredevil #278-#282
No Brasil: Superaventuras Marvel nº 115, nº 136-140

Numa excelente narrativa, Nocenti e Romita Jr. colocam o herói como um pária após ter sido transformado em um pedaço de carne abatido por Mary Tifoyd com força brutal. Matt vaga pelos EUA em busca de sua identidade (claro, sem saber) enfrentando os mais diversos desafios, psicológicos ou físicos, entrando numa espiral de paranoia e uma quase esquizofrenia. Partido em pedaços, Matt confronta-se com Mefisto e sua mais nova criação, o Coração Negro, em diversas vezes, mas é na hexalogia iniciada em Daredevil #266 (e continuada, de forma corrente, um ano depois) que a autora mostra seus melhores trabalhos. Primeiramente, Matt é visto num bar largado às traças, cheio de pessoas tristes e que nada têm para passar o Natal felizes. Numa analogia aos 40 dias que Jesus passou meditando e foi tentado por Satanás, Nocenti tenta Murdock com Mefisto, disfarçado de mulher, provocando-o e daredevil-279-capaprovocando a todos em sua volta, caracterizando uma das naturezas clássicas do mal: o caos e a discórdia.

Claramente, a autora também quis brincar com o fato de que Matt se veste de demônio como um símbolo de justiça absoluta e vilania para com seus inimigos e praticantes da injustiça mas nunca havia enfrentado o próprio tinhoso. Criando Coração Negro (personagem que ficou famoso nos anos 1990 pelos jogos de video-game da Marvel na época), Nocenti colocou o Demolidor em reinos que ele nunca esteve, trabalhando seu psicológico para a destruição de uma forma que Miller e nenhum outro autor havia feito antes com ele: passar pelo próprio inferno REAL para sair renascido com um novo ESPÍRITO.

A passagem de Ann Nocenti pelo título mensal do herói da Cozinha do Inferno ainda trouxe muitas outras grandes histórias, tratando de temos seríssimos coma a paranoia nuclear em crianças, as corrupções dos valores sociais da América e os grandes defeitos do capitalismo e da cegueira da lei daquele país, sedaredevil-280-capampre simbolizando alguns desses assuntos em personagens ou acontecimentos para a vida do herói. Mesmo que controversas (e que algumas sejam realmente fracas), as histórias da escritora figuram entre as mais criativas e ricas em conhecimentos diversos que um super-herói já teve.

Fechando toda sua participação em Demolidor, Nocenti, em sua última edição, preparou todo o terreno para a chegada de D. G. Chichester com o desenhista Lee Weeks, dando os primeiros sinais de que o herói conseguiria algo nunca antes alcançado: a derrocada do Rei do Crime. Matt Murdock volta para Nova York semanas depois de o Mercenário ter queimado seu nome ante a população vestindo sua roupa e praticando crimes hediondos e começa a limpeza pelo seu próprio bairro. Mais que isso: ele se reencontra depois de meses com o fracassado e magoado com a vida Foggy Nelson para trabalharem juntos novamente e tentarem descobrir a resposta para a pergunta: onde está Karen Page, que desapareceu desde que Matt foi abatido por Tyfoid.

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Continua…

[Parte 1: O Começo de Tudo] [Parte 2: A Justiça é Cega, mas tem cores fortes!] [Parte 3: Demolidor Amarelo] [Parte 4: Chega Frank Miller] [Parte 5: Sai Frank Miller, volta Frank Miller]

Ann Nocenti quase não era conhecida por leitores de quadrinhos na época em que assumiu oi título mensal do Demolidor, tendo trabalhado muito mais como editora e jornalista, escrevendo só algumas histórias esporádicas para a Marvel. A escolha na época não era apenas inconvencional  como também explicitamente inesperada e é considerada controversa pelos fãs até hoje. Mesmo assim, Nocenti ficou por cinco anos escrevendo Daredevil tendo pouquíssimos intervalos e algumas de suas histórias entraram para o hall de grandes contos do herói cego.

A escritora colocou Matt Murdock em situações nunca imaginadas pelos escritores anteriores, tais como exercitando sua profissão como um fora-da-lei, lidando com o próprio demônio em pessoa em uma série de casos e aventuras psicológicas, metafísicas e complexas. Alguns defensores dela preferem definir sua passagem pela título como “Demolidor na Vertigo”, e de fato é algo bem parecido com isso. As histórias são todas fechadas, sem grandes arcos, sempre com altos questionamentos de acontecimentos sérios no mundo real e um aprofundamento na ironia da busca pela justiça de um homem que se veste de demônio. Podemos então dividir a fase de Ann Nocenti no Demolidor em 3 grandes fatias:

Planejar a nova vida de Matt após os eventos que se passaram em “A Queda de Murdock”, que não foram tão maus assim como quem leu a saga já sabe
Colocá-lo em situações inovadores, irônicas, mais sombrias e questionadoras e derrubá-lo com ainda mais força que a saga anterior, mas fazendo-o sofrer vagarosamente
Mostrar uma faceta da personalidade de Matt que pouco havíamos visto anteriormente e desenrolá-la com alta intensidade, modificando a relação entre os coadjuvantes conhecidos e acrescentando uma série de novos personagens ao mito

Sem dúvida o desejo da autora era um tanto presunçoso, mas de muitas formas, durante seus cinco anos à frente da mensal do herói, ela conseguiu atingir esse objetivo e ficou muito famosa por ao lado de John Romita Jr., que já havia trabalhado em uma série de títulos da Marvel desde então (inclusive teve uma boa passagem pelo Homem-Aranha) mas se tornou alguém realmente venerado ao desenhar o diabo justiceiro.

Em primeira instância Nocenti fez com que Matt Murdock voltasse a atuar como advogado, mas de forma clandestina ao lado de Karen Page auxiliando pessoas com problemas sociais sérios, tais como pessoas muito pobres e injustiçados pela sociedade. Nesse contexto ela aproveitou para inserir suas primeiras contestações politicas contra as próprias decisões do governo americano naquela época, utilizando suas narrativas como ensaios sobre a sociedade do país. Podemos citar as histórias “Buum” (Daredevil #250 / Superaventuras Marvel nº 79) e “Justiça” (Daredevil #251 / Superaventuras Marvel nº 80) em que Matt e Karen, através de advogados permitidos pela justiça d exercerem sua profissão, cavocam provas contra a Kelco, uma empresa culpadas de várias causas anti-ambientais descaradas e que foi responsável por um acidente que deixou um menino cego (numa clara alusão e homenagem à própria origem do herói)

Surge Mary Tyfoid
Publicadas em Daredevil #266, Daredevil #278-#282
No Brasil: Superaventuras Marvel nº 115, nº 136-140

Nocenti começou a mostrar suas forças como escritora ao apresentar sua primeira grande criação aos leitores. A vilã Mary Tyfoid tem esse nome devido à própria forma como a doença febre tifóide funciona: ela infecta o contaminado progressivamente e pode causar confusão mental em estados mais graves – e foi o que ela fez com o Rei, que passou a tê-la ao seu lado para qualquer decisão, e depois com o Demolidor, que caiu de amores por ela e depois caiu quase morto por ela e muitos outros vilões.

A trajetória de Tyfoid é muito bem colocada nas histórias e muito lógica também: Nocenti não precisava trabalhar sempre com Elektra (coisa que ela pouquíssimo fez durante toda sua passagem pelo Demolidor), preferindo criar ela mesma uma nova vilã/anti-heroína/interesse romântico para o herói, com uma personalidade tão ou mais complexa que a da própria criação de Frank Miller. A dualidade da personalidade dela fez com que muitas pessoas conseguissem se identificar com alguns dos estados de espírito pela qual a personagem passou.

Sua primeira aparição é uma trilogia, na qual ela conhece Matt, se torna sua amante e sua inimiga, com um propósito parecido com o do Justiceiro: matar apenas criminosos. Mas logo descobrimos que o Rei entra em cena e ela age para ele. Durante toda a jornada da dupla Tyfoid se torna, progressivamente, um calcanhar de aquiles para o herói e, meses depois, acaba com ele ao lado de muitos vilões do herói, deixando-o sem identidade, sem trabalho, dinheiro e nem vida no meio do mato. É o início de uma jornada de renascimento para Matt Murdock.

Quando o Demolidor lidou com o próprio Demônio
Publicadas em Daredevil #266, Daredevil #278-#282
No Brasil: Superaventuras Marvel nº 115, nº 136-140

Numa excelente narrativa, Nocenti e Romita Jr. colocam o herói como um pária após ter sido transformado em um pedaço de carne abatido por Mary Tifoyd e outros de seus vilões com força brutal. Transformado num pária, Matt vaga pelos EUA em busca de sua identidade (claro, sem saber) enfrentando os mais diversos desafios, psicológicos ou físicos, entrando numa espiral de paranoia e uma quase esquizofrenia. Partido em pedaços, Matt confronta-se com Mefisto e sua mais nova criação, o Coração Negro, em diversas vezes, mas é na hexalogia iniciada em Daredevil #266 (e continuada, de forma corrente, um ano depois) que a autora mostra seus melhores trabalhos. Primeiramente, Matt é visto num bar largado às traças, cheio de pessoas tristes e que nada têm para passar o Natal felizes. Numa analogia aos 40 dias que Jesus passou meditando e foi tentado por Satanás, Nocenti tenta Murdock com Mefisto, disfarçado de mulher, provocando-o e provocando a todos em sua volta, caracterizando uma das naturezas clássicas do mal: o caos e a discórdia.

Claramente, a autora também quis brincar com o fato de que Matt se veste de demônio como um símbolo de justiça absoluta e vilania para com seus inimigos e praticantes da injustiça mas nunca havia enfrentado o próprio tinhoso. Criando Coração Negro (personagem que ficou famoso nos anos 1990 pelos jogos de video-game da Marvel na época), Nocenti colocou o Demolidor em reinos que ele nunca esteve, trabalhando seu psicológico para a destruição de uma forma que Miller e nenhum outro autor havia feito antes com ele: passar pelo próprio inferno REAL para sair renascido com um novo ESPÍRITO.

A passagem de Ann Nocenti pelo título mensal do herói da Cozinha do Inferno ainda trouxe muitas outras grandes histórias, tratando de temos seríssimos coma a paranoia nuclear em crianças, as corrupções dos valores sociais da América e os grandes defeitos do capitalismo e da cegueira da lei daquele país, sempre simbolizando alguns desses assuntos em personagens ou acontecimentos para a vida do herói. Mesmo controversas (e que algumas sejam realmente fracas), as histórias da escritora figuram entre as mais criativas e ricas em conhecimentos diversos que um super-herói já teve.

Fechando toda sua participação em Demolidor, Nocenti, em sua última edição, preparou todo o terreno para a chegada de D. G. Chichester com o desenhista Lee Weeks, dando os primeiros sinais de que o herói conseguiria algo nunca antes alcançado: a derrocada do Rei do Crime. Matt Murdock volta para Nova York semanas depois de o Mercenário ter queimado seu nome ante a população vestindo sua roupa e praticando crimes hediondos e começa a limpeza. Mais que isso: ele se reencontra depois de meses com o fracassado e magoado com a vida Foggy Nelson para trabalharem juntos novamente e tentarem descobrir a resposta para a pergunta: onde está Karen Page?

Continua…

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Comentários 3
  1. Olha, na boa, é muito difícil ler esses textos. O conteúdo é muito bom, mas estão muito mal escritos. Uma revisão já ajudaria a tirar os erros mais flagrantes, como palavras repetidas no mesmo parágrafo ou escritas de forma errada e/ou com letras faltando. Fica a dica.

  2. Nossa, essa fase parece mesmo interessante vou procurar lê-la. Acho incrível cada parte da mitologia do Demolidor, são histórias muito ricas.
    Só uma obs. A Mary Tiphoid realmente existiu era uma louca que contaminava a comida que vendia com o tifo. Louca de pedra.

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