Já faz um certo tempo que não se fala em salvação do rock. Creio que tenham se dado conta de que o gênero já se exauriu, todas as variações e crossovers já foram experimentadas. Com isso, resta às novas bandas apenas fazer um trabalho honesto, e não tentar provocar a mesma comoção causada por Beatles, Stones, T Rex, Bowie e Sex Pistols.
Esse papel é bem cumprido pela banda The Gaslight Anthem. Formado em 2006 na cidade de New Brunswick, Nova Jersey, o quarteto, que conta com Brian Fellon (voz, violão e guitarra), Alex Rosamilia (guitarra e backing vocal), Alex Levine (baixo e backing vocal) e Benny Horowitz (bateria e percussão), lança seu quarto trabalho de estúdio, Handwritten (Mercury, 2012). A sonoridade do Gaslight consiste em um rock direto e despretensioso, e passa seu recado de forma competente.
O disco apresenta onze faixas que variam de dois a cinco minutos, ou seja, enxuto, sem gorduras excedentes. As composições em sua maioria dão ênfase às guitarras, mas os arranjos são bem cuidados e eventualmente há presença de instrumentos de corda. É um disco essencialmente vigoroso e ensolarado, como o trabalho dos ingleses do Kooks. Isso fica bastante evidente na faixa de abertura, 45, e na faixa título. As principais influências da banda são os heróis locais Bruce Springsteen e Misfits, dois dos principais ícones do rock de Nova Jersey, juntamente com Bon Jovi, claro (que também bebeu na fonte dos dois). Inclusive a influência de Springsteen é mais claramente percebida na dramaticidade vocal de Brian em faixas como Mae e na última do ábum, a bela National Anthem.
Handwritten é um belo e eficiente trabalho de rock que proporciona uma boa audição para aqueles que desistiram de procurar a “salvação” do gênero e ficam felizes apenas com o fato de ele se perpetuar em bandas como o Gaslight Anthem.
[xrr rating=4/5]