AgendaDançaTeatro

“Água redonda e comprida” faz três apresentações no Sesc Tijuca

Compartilhe
Compartilhe

Inspirada no conhecimento e na cosmovisão do povo indígena Kaingang, a bailarina e mestra em antropologia social Geórgia Macedo idealizou, ao lado de Iracema Gah Teh e Angélica Kaingang, o espetáculo de dança contemporânea “Água redonda e comprida”. Nos dias 20, 22 e 23 de fevereiro, o espetáculo será apresentado no Sesc Tijuca. “Água redonda e comprida” foi contemplado pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar.

Em cena, Geórgia Macedo divide o palco e a criação das coreografias com a bailarina Nayane Gakre Domingos, pré-adolescente indígena Kaingang. Neste encontro, as intérpretes brincam e criam movimentos orgânicos e intuitivos por meio de jogos e também a partir da interação com objetos, criando imagens coreográficas fluidas. O cenário remete ao movimento das águas e se transforma ao longo do espetáculo, trazendo histórias que foram apagadas por séculos. A trilha sonora é de Thiago Ramil, e Isabel Ramil está à frente do figurino e da cenografia. A bailarina Camila Vergara assina a direção de movimento e Kalisy Cabeda, a direção cênica.

Em 2015, Geórgia começou a pesquisar a educação, a territorialidade e a cosmologia Kaingang durante o seu mestrado em antropologia social na UFRGS. “Na época, conheci a Angélica Kaingang, mãe da Nayane [então com apenas 5 anos], que foi a minha primeira professora indígena. Foi ela quem me apresentou à liderança política e espiritual Iracema Gah Teh.” Angélica e Iracema fazem a orientação cênica do espetáculo.

“Água redonda e comprida” busca construir caminhos para a conscientização da conservação, preservação e proteção das águas. Pelo conhecimento do povo Kaingang, as águas não são vistas apenas como fonte da natureza, mas a partir da noção de parentesco. Conforme explica Iracema, “as águas são parte do nosso corpo e também desse corpo terra. A água que brota da terra é como o leite que brota do seio das mulheres. E jogar sujeira na água seria como jogar uma sujeira no olho da nossa avó ou mãe”. 

O povo Kaingang concebe dois tipos de água no mundo: Goj tej (água comprida, dos rios) e Goj ror (água redonda, as nascentes, os lagos). Essas águas são complementares, como toda a cosmologia Kaingang, e é na união e troca entre as duas metades que o mundo pode ficar em equilíbrio. Não só as águas, mas todo universo Kaingang é dividido entre as coisas redondas (ror) e compridas (téj). 

“No Rio Grande do Sul, nós vivemos em territorialidade com os povos Kaingang, Mbya-Guarani, Charrua e Xokleng. Como aprendi com Iracema, o Rio Guaíba e seus afluentes são compreendidos como partes de um grande corpo. Deste corpo água que é o planeta Terra. Esses conhecimentos, que buscamos trazer através da dança, quebram a ideia de que as águas, os animais e as árvores são apenas recursos da natureza”, conta Geórgia.

FICHA TÉCNICA

Orientação cênica: Iracema Gah Teh Nascimento e Angélica Kaingang

Direção geral: Geórgia Macedo

Bailarinas criadoras: Geórgia Macedo e Nayane Gakre Domingos

Direção artística: Geórgia Macedo e Kalisy Cabeda

Direção cênica: Kalisy Cabeda

Coreografia: Geórgia Macedo e Nayane Gakre Domingos

Direção de movimento: Camila Vergara

Preparação corporal: Camila Vergara e Geórgia Macedo

Figurinos e cenografia: Isabel Ramil

Criação e operação de luz: Thaís Andrade

Trilha sonora e operação de som: Thiago Ramil

Voz e narrativas: Iracema Gah Teh Nascimento e Angélica Kaingang

Design gráfico: Vini Albernaz

Redes Sociais: Ananda Aliardi

Produção Temporada SESC RJ: Vergara Produções Artísticas – Camila Vergara

Compartilhe

Comente!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sugeridos
AgendaMúsicaShows

Garbage chega em março ao Rio para show com L7

Neste mês de março de 2025, o Rio de Janeiro recebe a...

AgendaTeatro

Pérfida Iguana questiona os limites entre dança e trabalho em Reconhecer e Perseguir

O coletivo Pérfida Iguana, que pesquisa dança desde 2014, apresenta o espetáculo...

AgendaTeatro

Adaptação do romance homônimo de Pagu, Parque Industrial faz apresentações no Teatro Arthur Azevedo

Dirigido e adaptado por Gilka Verana, a peça revela como temas abordados...

AgendaTeatro

Meu Corpo em Terra Corre Para o Mar Como Tartaruga Marinha no Sesc Bom Retiro

Com atuação de Beatriz Belintani e direção de Fabiana Monsalú, o espetáculo...

AgendaInfantilTeatro

“Disney Princesa, o espetáculo” chega ao Rio de Janeiro

Mais de 20 produções clássicas da Disney são relembradas através de canções...

AgendaTeatro

Caso real de agricultora pernambucana inspira espetáculo teatral

Após mais 30 anos de existência e mais de 18 projetos, investigados...

AgendaTeatro

Verme reestreia na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho

A Cia. Los Puercos reestreia o espetáculo Verme na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho (sede da Cia....