Aretha Sadick apresentará, neste sábado, dia 9 de agosto, às 11h e às 15h, a performance “Pedra cantada em assentamento”, na exposição “Ancestral: Afro-Américas”, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro até o dia 1 de setembro de 2025. A artista fará uma releitura da performance criada em 2021, em homenagem à artista e escritora Raquel Trindade (1936-2018), ao Orixá Obaluaê e sobre a importância de nos reconectarmos com nossas origens buscando um reequilíbrio para a humanidade.
“A realidade imposta no Brasil e no mundo presente nos evoca, sem dúvida, a urgência de reconciliações que nos permitam desatar o nó da marafunda colonial, e nos reaproximarmos, enquanto humanidade, de um reavivamento do mundo com o axé (energia vital)”, afirma a artista.
Para realizar a performance, Aretha Sadick estará usando um manto espelhado criado pela multiartista A TRANSÄLIEN. A vestimenta brilhante reflete a luz do sol, símbolo do Orixá Obaluaê, evocando a cura e a saúde da terra, algo urgente ao nosso tempo. A performance começará na área externa do CCBB, seguindo até o trabalho da artista “Pedra cantada em assentamento” (2021) no primeiro andar do centro cultural, onde haverá uma percussionista tocando um opanijé (toque sagrado no candomblé) no atabaque que compõe a obra, enquanto a artista realiza a performance na instalação.
A performance marca o retorno da artista ao Rio de Janeiro, sua cidade de origem, após dez anos radicada em São Paulo, e também ao CCBB RJ, onde trabalhou como arte-educadora no início de sua trajetória profissional. “A gente viajou longamente e se inebriou com todos os neoliberalismos, capitalismos e tudo mais que se estabeleceu, mas vimos que não funcionou e isso nos levou agora para uma ideia de colapso, então o convite da performance é esse retorno ao chamado ancestral, a esse chamado da terra. Retornar ao Rio de Janeiro depois de tanto tempo, também é, para mim, mais uma parte dessa reconexão, ouvir esses chamados essenciais que a gente como humanidade acabou perdendo um pouco de vista”, conta Aretha Sadick.
SOBRE A EXPOSIÇÃO
Reunindo cerca de 160 obras de renomados artistas negros do Brasil e dos Estados Unidos, a exposição “Ancestral: Afro-Américas” está sendo apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro até o dia 1 de setembro de 2025. Com direção artística de Marcello Dantas e curadoria de Ana Beatriz Almeida, a mostra celebra as heranças e os vínculos compartilhados entre os povos afrodescendentes brasileiros e norte-americanos no campo das artes visuais, promovendo uma reflexão crítica sobre a diáspora africana. A mostra conta também com um conjunto de adornos comumente chamado de “joias de crioula”, indumentária usada por mulheres negras que alcançavam a liberdade no período colonial brasileiro, especialmente na Bahia, como forma de expressar sua ancestralidade, e uma seleção de arte africana da Coleção Ivani e Jorge Yunes, com curadoria de Renato Araújo da Silva. Os segmentos buscam localizar, por um lado, as brechas em que a ancestralidade africana se fez presente durante o Brasil colonial, e, por outro, seus elementos na arte produzida em seu território de origem.
“A palavra ‘ancestral’ é comum tanto em inglês quanto em português. É essa origem compartilhada que buscamos evidenciar na arte contemporânea, algo que ultrapasse as barreiras geográficas, linguísticas e culturais. A exposição ‘Ancestral’ demonstra que, mesmo diante de tanta dor, sofrimento e com todo distanciamento de séculos de diáspora africana, sua arte persiste na capacidade de manter uma chama acesa ao longo do tempo”, destaca o diretor artístico da mostra, Marcello Dantas.
A exposição ocupa todas as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ com obras de artistas como Abdias Nascimento, Simone Leigh, Emanuel Araújo, Sonia Gomes, Leonardo Drew, Mestre Didi, Melvin Edwards, Lorna Simpson, Kara Walker, Arthur Bispo do Rosário, Carrie Mae Weems, Mônica Ventura, Julie Mehretu, entre outros. “Nós nos deixamos guiar pelos grupos e comunidades da diáspora africana que reimaginaram o conceito de servidão nessas nações coloniais para as quais foram trazidas, contribuindo de maneira significativa para a construção da identidade nacional desses lugares. A partir da ideia de seres humanos que reinventam sua existência em um ambiente hostil, selecionamos artistas que evocam essa invenção, essa transformação, e esse processo de ‘tornar-se’ como uma poderosa ferramenta, poética e estética”, ressalta a curadora Ana Beatriz Almeida.
Neste contexto, são apresentados trabalhos inéditos das brasileiras Gabriella Marinho e Gê Viana e da norte-americana Simone Leigh, primeira mulher afro-americana a representar os Estados Unidos na Bienal de Veneza. O também norte-americano Nari Ward traz para a mostra um trabalho criado em solo brasileiro exclusivamente para a ocasião, no qual incorpora objetos do cotidiano, enriquecendo o intercâmbio artístico entre as nações.
Também fazem parte da mostra nomes como Abdias Nascimento, ícone do ativismo cultural no Brasil, amplamente reconhecido por suas contribuições à valorização da cultura afro-brasileira e por ter recebido o Prêmio Zumbi dos Palmares. Entre os artistas norte-americanos, Kara Walker se destaca com sua arte provocativa, que examina questões históricas e sociais, que lhe rendeu o prestigiado Prêmio MacArthur. Julie Mehretu é outra presença significativa, reconhecida por suas complexas pinturas que estabelecem um diálogo com a geopolítica atual, acumulando uma série de prêmios ao longo de sua carreira. Complementando esse panorama, a destacada artista brasileira Rosana Paulino traz um olhar crítico sobre raça e identidade, ressaltando a diversidade e a profundidade das vozes representadas na mostra.
Ainda se somam a eles nomes como o da jovem artista Mayara Ferrão, que utiliza a inteligência artificial para repensar cenas de afeto entre pessoas negras e indígenas não contadas pela “história tradicional”; e Arthur Bispo do Rosário, com seus mantos bordados e objetos que transcenderam o tempo e subverteram o conceito de beleza e loucura. Reforçando o diálogo poderoso sobre identidade, cultura e história, e refletindo a complexidade da experiência humana, há obras de Kerry James Marshall, Carrie Mae Weems e Betye Saar.
*Dados do ranking da ANBIMA de março de 2025
Serviço: Performance “Pedra Cantada em Assentamento”, de Aretha Sadick
Dia 9 de agosto de 2025, às 11h e às 15h
Gratuito
Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – 1º andar – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Informações: (21) 3808.2020 | ccbbrio@bb.com.br
Funcionamento: De quarta a segunda, das 9h às 20h. Fechado às terças-feiras.
Exposição Ancestral: Afro-Américas
Até 1 de setembro de 2025
Classificação indicativa: livre
Entrada gratuita
Ingressos disponíveis na bilheteria física ou pelo site do CCBB – bb.com.br/cultura.
Curadoria: Ana Beatriz Almeida
Curadoria núcleo de Arte Africana: Renato Araújo da Silva
Direção Artística: Marcello Dantas
Produção: Magnetoscópio
Patrocínio: BB Asset e GoogleRealização: Ministério da Cultura e Centro Cultural Banco do Brasil








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