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Bruna Betito faz novas apresentações gratuitas do solo Vaca em SP

Espetáculo explora a condição da figura da “amante”, a partir das experiências pessoais da atriz, diretora e dramaturga, deslocadas para um universo onírico, surreal e mitológico

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O universo e a condição da amante, essa figura transgressora e indissociável ao casamento que geralmente é condenada sem direito à defesa, inspira a criação do solo teatral Vaca, com direção, dramaturgia e atuação de Bruna Betito.

O espetáculo, agora volta à cidade e ganha várias apresentações gratuitas em diversos espaços de São Paulo, entre os meses de março e julho. Além disso, a artista organiza uma série de encontros públicos online com outras artistas e pesquisadoras para discutir questões que norteiam o trabalho e promove uma residência artística.

No mês de junho também acontece a residência “Biografemas na cena amorosa”, com duração de cinco dias, de 9 a 13/6, das 18h30 às 22h, no “O Andar”, espaço cultural que fica na região central. A oficina téorico-prática investiga formas de trazer a autoficção para a cena, utilizando como estudo as obras de Annie Ernaux e Roland Barthes. No último dia de oficina, haverá uma abertura pública com as cenas desenvolvidas pelos participantes. A residência é gratuita e a inscrição será por meio de formulário de inscrição, disponível no instagram @brunabetito.

A dramaturgia

O solo VACA parte da autobiografia da própria atriz e autora do texto, mas, já de início, essas experiências são deslocadas para um universo onírico, surreal e mitológico, a partir dos sonhos dela com o Apocalipse, que são narrados e dramatizados, misturando realidade documental, ficção e uma dose de sarcasmo.

Em cena, a performatividade, a dança, o recurso de materiais e situações que presentificam a atriz e o público num jogo interativo e irrepetível também são pontos essenciais para a criação cênica e dramatúrgica. Exemplo disso é o estabelecimento de uma espécie de santa ceia, que, na verdade, se transforma em um fórum, no qual o público é convidado a discutir sobre “infidelidade” de forma anônima. Nesse sentido, trata-se de uma dramaturgia na qual a presença do público soma sentidos e conteúdos para a obra.

Além da referência autobiográfica, a criação dramatúrgica utiliza-se de outros autores como inspiração, entre eles Gustave Flaubert com sua “Madame Bovary”; Elisabeth Abbot com seu compêndio “Amantes: uma história da outra”, que retrata a biografia de várias amantes desde a Antiguidade até os anos 60; e Esther Perel com seu “Casos e Casos”, um diário de psicoterapia com casais que passaram por situações de infidelidade.

Outras referências importantes são o universo da mitologia grega com suas histórias de amor e traição, em especial a história do triângulo Zeus-Hera-Io (também retratada na peça “Prometeu Acorrentado”, de Ésquilo). Nesse mito, Hera, transforma a amante de Zeus, Io, em uma vaca branca. E por último, a Bíblia, que possui histórias, parábolas e mandamentos muito precisos a respeito deste tema.

A História da Outra, por Bruna Betito

“Não tive relações sexuais com aquela mulher” – Presidente Bill Clinton

“Henrique VIII e Ana Bolena. Cleópatra e Júlio César. Elizabeth Taylor e Richard Burton. Monica Lewinsky e Bill Clinton. Shakira e Piqué. Eu e você. Histórias de casos amorosos nos consumiram, cativaram, aterrorizaram e excitaram ao longo da história. Além do voyeurismo desses casos públicos de celebridades, todos os dias podemos encontrar casais que foram devastados pela infidelidade. 

Neste exato momento, em todos os cantos do mundo, alguém está traindo ou sendo traído, pensando em ter um caso, aconselhando alguém que está no meio de um ou completando o triângulo como amante secreto. O adultério existe desde que o casamento foi inventado. Ele é tão condenado que possui dois mandamentos na Bíblia: um por consumá-lo e outro só por pensar nele. Portanto, como devemos entender esse tabu consagrado pelo tempo? Universalmente proibido e universalmente praticado?

Há poucos termos neutros para falar sobre o adultério. O próprio termo ‘adultério’ é derivado da palavra ‘corrupção’. Raramente alguém, em meio a uma conversa sobre ‘casos’, quer ficar isenta de tomar algum partido. O que o trabalho aqui pretende é ampliar as fronteiras do problema, uma vez que se reduzirmos a conversa apenas para um juízo de valor, não nos resta conversa nenhuma, muito menos, um trabalho artístico. 

Longe de propor uma ‘receita’ de como se relacionar ou criar ‘certo ou errado’ para as situações da vida humana, o que interessa ao espetáculo, são seus clichês, rituais, gestos, discursos e coreografias sociais culturalmente construídas. Olhar para estas práticas a fim de investigá-las, tensioná-las e confrontá-las, na tentativa de deslocar imagens profundamente enraizadas a respeito do papel da mulher.

A proposta é de um encontro baseado na contradição, um acontecimento irrepetível que possa nos convocar a uma ultrapassagem de nós mesmos e a um trabalho ético-político, ético-estético. Potencializar a experiência amorosa no que ela tem de revolucionária e não de conformista”.

Sinopse

VACA parte do universo das amantes – ou da condição das amantes ao longo da história: essa figura transgressora e indissociável ao casamento, condenada e sem direito de defesa. É a saga e peregrinação de uma mulher que está em constante busca pela identidade animal a qual foi destinada.

Ficha Técnica

Direção, atuação e dramaturgia: Bruna Betito

Provocação artística: Debora Rebecchi e Janaína Leite

Preparação corporal: Thiane Nascimento

Adereços em arame: Ítalo Iago

Videografia: Vic Von Poser

Vídeo final: Tati Caltabiano

Iluminação: Daniel González

Figurino: Silvana Carvalho

Operador de som: Carlos Jordão

Atores-Contrarregras: Emilene Gutierrez e Rafael Costa

Montagem de Luz: Daniel González e Felipe Mendes

Direção de Produção: Aura Cunha | Elephante Produções

Serviço
VACA, de Bruna Betito
Classificação: 18 anos
Duração: 60 minutos

Apresentações de Vaca

Sede d’A Próxima Companhia (centro)

Quando: 15 a 25 de maio, de quinta a sábado às 20h, domingos às 19h.

Endereço: R. Barão de Campinas, 529, Campos Elíseos

Quanto: Grátis

Cia de Teatro Heliópolis (zona sul)

Quando: 31 de maio a 8 de junho, aos sábados às 20h e domingos às 19h 

Endereço: Rua Silva Bueno, 1533, Ipiranga 

Quanto: Grátis

Espaço Cultural Inventivo

Quando: 21 a 29 de junho, aos sábados às 20h e domingos, às 19h

Endereço: R. Limeira, 19 – Quinta da Paineira, São Paulo – SP

Quanto: Grátis 

Teatro Alfredo Mesquita

Quando: 10 a 13 de julho, quinta a sábado, às 20h e domingo, às 19h

Endereço: Av. Santos Dumont, 1770 – Santana, São Paulo – SP, 02012-010

Quanto: Grátis

Oficina “Biografemas na cena amorosa”

Sinopse: Oficina teórico-prática sobre autoficção na cena teatral a partir de Annie Ernaux e Roland Barthes. 

Quando: 9 a 13 de junho

Onde: O Andar

Quanto: Grátis

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