Édipo e Seus Duplos (ou porque dois é igual três) é o segundo solo que compõe o repertório da trilogia intitulada Teatro, Mito e Genealogia e que dá continuidade à pesquisa que tem em Antonin Artaud sua principal referência de pesquisa cênica, iniciada em “Para Acabar de Vez com o Julgamento de Artaud”. O espetáculo fica em cartaz de 12 a 15 de junho – somente quatro apresentações (quinta a sábado às 19h e domingo às 18h), no Teatro Glauce Rocha (Funarte), no centro do Rio, integrando a mostra “Teatro, Mito e Genealogia”, de Samir Murad. Um ator andarilho chega cantando, fingindo-se de cego, empurrando seu carrinho, cheio de panos, manequins e uma árvore até um suposto templo em escombros onde existem corpos transpassados de galhos. Logo percebemos que esse ator é Édipo, mas poderia ser também um ator fingindo ser Édipo ou seja, um duplo de si mesmo.
Édipo retorna ao oráculo, onde um dia seu destino foi profetizado, para novamente entrar em contato com o deus e tentar compreender o rumo de sua Vida, em um severo e ressentido ajuste de contas com a divindade. Inicia se assim uma jornada onde o Ator-Édipo dá passagem a vozes e corpos de sua história pregressa, em uma espécie de sessão de constelação familiar, onde vai revivendo seus duplos familiares e compreendendo a trama mítica que desenhou seu destino em “um complexo e sinuoso misto de mitologia e psicologia, usando toda a amplitude de interpretação oferecida pelas versões do mito” (Barbara Heliodora – Jornal O Globo -26.04.08)

O cenário, composto por pedaços de manequins, tecidos e galhos de árvores, torna-se uma extensão fragmentada e espinhosa do universo interior do personagem central e foi sendo construído ao longo do processo de ensaios.
Alguns desdobramentos dessa linguagem incluem a utilização de tecidos, que funcionam como extensão dos figurinos, formando signos e símbolos à semelhança dos recursos utilizados no teatro oriental, assim como manequins, elementos cênicos mencionados por Artaud e que aqui como fragmentos de corpos, evocam a memória estilhaçada das personagens evocadas pelo
protagonista, podendo ser lidos ainda como ex-votos de um suposto local sagrado onde a ação
se passa.
Confundindo-se com o personagem que representa, o ator vai desvendando os mistérios da história que narra, se perdendo, se confundindo e se descobrindo, refletindo sobre os limites da
representação, passeando por estilos que vão da tragédia a bufonaria.

Esse texto-encenação foi resultado de uma pesquisa que se utilizou de algumas licenças
poéticas e manteve-se absolutamente fiel às narrativas originais do mito assumindo a força
atemporal do mesmo, propondo-se assim, a levantar questionamentos sobre a verdadeira
liberdade de escolha do Homem diante das opções que a Vida lhe apresenta. Uma discussão
que acreditamos extremamente contemporânea, de âmbito familiar e sócio-político. A trilha sonora de Felipe Radicetti acentua o clima épico e desértico que a caminhada de Édipo atravessa.

SERVIÇO
ÉDIPO E SEUS DUPLOS (OU PORQUE DOIS É IGUAL A TRÊS)
Criação e atuação: Samir Murad
De 12 a 15 de junho, quinta, sexta-feira e sábado, às 19 h e domingo, às 18h.
Teatro Glauce Rocha – Av. Rio Branco.179 -Centro. RJ Telefone – (21) 2220-0259
80 minutos | 14 anos | Ingressos: R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia entrada) – via Sympla ou bilheteria
do teatro.
FICHA TÉCNICA
Criação, texto e atuação: Samir Murad
Supervisão de movimento: Letícia Infante
Cenário: Pamela Vincenta
Figurino: Anna Secco
Música Original: Felipe Radicetti
Desenho de luz: Chico Hashi
Programação Visual: Fernando Alax
Assessoria de Imprensa e media Social: Rodolfo Abreu | Interativa Doc
Produção executiva: Wagner Uchoa
Operação de luz: Chico Hashi
Operação de som: Marco Agrippa
Realização: Cia.Cambaleei, mas não caí…