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Espetáculo traz IA para à cena teatral

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Com o desafio de integrar tecnologia e linguagem digital em um espetáculo teatral, o Impacto Agasias Grupo de Teatro estreia: PROGRAMA AKÁSHICO [peça jogo]. A sétima montagem do coletivo, que desde 2011 atua na comunidade de Heliópolis, chega aos palcos dia 15 de fevereiro, sábado, às 20h, na Casa Cultural Alcântara Sampaio, sede do grupo.

PROGRAMA AKÁSHICO [peça jogo] do Impacto Agasias Grupo de Teatro é o resultado final do projeto Cidade que Habita em Mim, contemplado pela 42ª edição do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo e dá continuidade à pesquisa do grupo sobre teatro, cultura, política e questões sociais com um olhar específico para a comunidade de Heliópolis.

Numa mescla entre o épico, o dramático e o surrealismo distópico, PROGRAMA AKÁSHICO [peça jogo], sob a direção de Wallace Borges, conduz o público pelo dilema de três personagens – os atores Henrique Sanchez, Katia Bocalon e Lucas Becerra –, que ao entrarem no jogo, precisam fazer escolhas cruciais em suas vidas. Por meio das histórias dessas personagens, o público é convidado a se confrontar com temas como machismo, homofobia, saúde mental, assim como estruturas que regem a sociedade contemporânea.

Aplicativo no celular

Na peça-jogo, o grande protagonista é o público, que através de sua opinião, muitas vezes decisivas, conduz a dramaturgia, construída coletivamente pelos próprios integrantes do Impacto Agasias em parceria com Verônica Gentilin, da Cia. Mungunzá de Teatro, e o Chat GPT. A interatividade com o público acontece por meio de um aplicativo desenvolvido exclusivamente para o espetáculo pelo programador de software Ian Borges, que deve ser baixado no celular antes da apresentação.

Em PROGRAMA AKÁSHICO [peça jogo],o público é convidado a exercer seu poder de decisão, por meio da utilização de um aplicativo, julgando os dilemas que as personagens enfrentam ao longo da encenação.

O diretor Wallace Borges conta, que em determinados momentos a peça só continua após a intervenção dos espectadores. “Dependendo de como o público joga, a peça é levada para caminhos diferentes, já que existem seis formas dramatúrgicas de assistir a montagem. Espero que as pessoas se divirtam e se sintam pertencentes à obra e que sintam que de alguma maneira elas estão alterando a trajetória de vida dos personagens”.

A ideia é que a tecnologia esteja a serviço do espetáculo e que o celular não seja um distrativo, mas um atrativo, para propor uma experiência diferente ao espectador, decidindo os dilemas das personagens com toda a sua bagagem e vivência pessoal.

Tecnologia e inteligência artificial

O Impacto Agasias Grupo de Teatro atua há 14 anos com uma pesquisa continuada sobre a cidade e o humano trazendo uma perspectiva poética em seus trabalhos, tendo a arte e o teatro como fenômenos de transformação. Para a encenação de PROGRAMA AKÁSHICO [peça jogo], o uso da tecnologia se deu de maneira orgânica, com o objetivo de agregar, não de maneira efetiva e única, mas como potencializador das cenas.

Toda a equipe criativa se debruçou para potencializar a ideia de um espetáculo distópico e extremamente tecnológico. “Foi desafiador integrar isso ao teatro, que pulsa vivacidade, que tem a magia do olho no olho, na arte do aqui e do agora. É um tanto óbvio que a máquina não substitui o humano, o bom senso e a poesia de um artista, mas o uso da inteligência artificial (Chat GPT) veio como uma grata surpresa para o nosso processo. Utilizar a ferramenta para fazer perguntas e questionamentos sobre alguns encaminhamentos foi muito divertido”, pontua o diretor.

Dramaturgia matemática

Para Verônica Gentilin, da Cia. Mungunzá de Teatro, que assina o dramaturgismo do espetáculo e a autoria dos textos ao lado dos integrantes do Impacto Agasias e da ferramenta Chat GPT, a principal ideia na construção da dramaturgia foi trabalhar os conceitos de julgamento e cancelamento, mas sem cair no panfletário de arte militante já esgotada.

A autora teve conversas individuais com cada um dos três atores do espetáculo e a partir daí começou a construção dos pontos nevrálgicos de cada personagem e a teia de relações entre eles. “Como o público poderá escolher os caminhos de cada personagem dentro da peça-jogo, a dramaturgia foi ficando muito intrincada, porque tinha que ter dilemas contemporâneos e, ao mesmo tempo, que não fossem de fácil decisão. Queríamos que as duas possibilidades de escolha fossem uma sinuca de bico para o público presente. É uma dramaturgia matemática, um verdadeiro jogo de xadrez”, explica Verônica.

Então a autora começou a entrar no Chat GPT para pedir sugestões de dilemas contemporâneos utilizando a ferramenta como um provocador. “Quanto mais a ferramenta dá, mais você precisa provocar para onde você quer chegar. Na verdade, foi um instrumento de inspiração para me conduzir na escrita. Não há nenhum texto produzido pelo Chat GPT na dramaturgia do espetáculo”.

O uso do Chat GPT entrou no processo colaborativo como mais uma “cabeça” jogando junto, não necessariamente com as soluções, mas com elementos que Verônica Gentilin foi cruzando no exercício do dramaturgismo. A dramaturga e os integrantes do Impacto Agasias então decidiram que a ferramenta de inteligência artificial deveria estar na ficha técnica como autora, assinando a criação do texto em conjunto.

Memória da humanidade

O nome do espetáculo surge a partir do akasha, que na cosmologia indiana significa espaço. Desde o século XIX, o termo foi adotado por outras religiões e pensamentos. Na psiquiatria é o espaço onde estão armazenados todos os conhecimentos e feitos humanos, sendo a memória da humanidade e no espiritismo é chamado de fluido cósmico universal.

Sendo assim, akáshico é uma expressão que se refere a um campo de energia que armazena informações sobre todas as experiências de vida de uma pessoa. Os registros akáshicos são a memória viva de tudo o que já aconteceu, está acontecendo e vai acontecer na vida de uma pessoa.

“Esperamos que o público saia das apresentações de PROGRAMA AKÁSHICO [peça jogo] com a reflexão de que ele pode intervir no seu akasha pessoal, e quem sabe até mudar a realidade do mundo, por meio de suas ações, sonhos, pensamentos, atitudes e escolhas. Daquilo que escolhemos viver, ou daquilo que deixamos de lado para viver”, acredita Wallace Borges.

Serviço:

PROGRAMA AKÁSHICO [peça jogo]

De 15 de fevereiro a 27 de abril, sábado às 20h e domingo às 19h.

Sessões extras dias 17 e 24 de fevereiro e 10 e 17 de março, segunda-feira às 20h.

Não haverá apresentações nos dias: 1º e 2 de março.

Casa Cultural Alcântara Sampaio – Rua Tamuatá, 236 – São João Clímaco, São Paulo.

16 anos | 150 minutos | Gratuito (retirada de ingressos no site Sympla).

Em caso de chuva a apresentação será cancelada.

Ficha Técnica:

Textos – Verônica Gentilin, Impacto Agasias e Chat GPT. Dramaturgismo – Verônica Gentilin. Direção – Wallace Borges. Artistas-Pesquisadores – Henrique Sanchez, Katia Bocalon, Lucas Becerra e Wallace Borges. Orientação de Direção – Luis Fernando Marques (Lubi). Direção de Movimentos e Preparação Corporal – Roberto Alencar. Direção Musical e Trilha Original – Mariane Mattoso. Orientação Interpretativa – Celso Correia Lopes. Visagismo – Alisson Rodrigues. Figurino – Juliana Bertolini. Cenografia – Cris Decot. Cristina Decot e Rita Aires Anderaos. Cenotécnicos – Jaciara de Souza Santos e Bruno Gabriel dos Santos. Marcenaria – Mateus Fiorentino. Iluminação – Junior Docini. Operador Técnico – Nicholas Matheus. Treinamento Corporal – Cristina Ávila. Treinamento Vocal – Mariane Mattoso. Treinamento de Instrumentos – Luas Olivieri. Programador de Software – Ian Borges. Ações Formativas – Srta. Bira, Tiche Vianna, Marcelo Soler e Andreia Almeida. Desenhos – Bernardo Santana (7 anos). Comunicação – Lucas Becerra. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Fotografia – Jackeline Oliveira. Designer Gráfico – Jhon Kianogo. Produção Executiva – Wallace Borges. Produção Artística – Henrique Sanchez. Produção Geral – Lucas Becerra. Assistente de Produção – Railane Santana, Bruna Pires e Paloma Freitas.

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