Para não desanimar a folia, o Rec-Beat ocupa as plataformas digitais no dia 14 de fevereiro, domingo de Carnaval, com mais de cinco horas de duração com transmissão gratuita através do YouTube do festival (youtube.com/recbeatfestival).
O lineup reúne Mateus Aleluia, MC Troia, Getúlio Abelha, O Terno, Luiza Lian, Spokfrevo Orquestra, Ilú Obá de Min e Céu, que gravaram as apresentações entre São Paulo e Recife.
Além dos shows, performances compactas, em formato de drops de poesia, dança e música, pontuarão os intervalos dos shows. Se apresentam na programação de drops a poeta Kimani, a escritora e também poeta Luna Vitrolira, a cantora e compositora Alice Marcone com seu queernejo, a violeira pernambucana Laís de Assis, o bailarino e coreógrafo Rubens Oliveira, além da poesia de Adelaide Santos e uma homenagem ao poeta Miró da Muribeca.
As filmagens trazem o conceito de fazer da cidade um palco, com cada atração em paisagens urbanas, com mais proximidade com o artista e tomadas que exploram as relações com o lugar. “Nós rompemos totalmente com o conceito de evento padrão, que é filmado a partir de uma estrutura única, com o mesmo cenário onde apenas trocam-se os artistas. Aqui buscamos que cada apresentação fosse algo especial”, diz Filipe Franco, da Panamá Filmes, responsável pela direção das filmagens junto com o duo Cinza. “Nós conseguimos chegar mais perto dos músicos e, como não temos palco, foi possível ter mais liberdade para pensar em abordagens diferentes para cada atração. Ainda conseguimos estabelecer uma ligação muito forte entre esses lugares, os artistas e o próprio Rec-Beat”, conta.
A realização desta edição é resultado de uma associação da Rec-Beat Produções com Digo Amazonas (Ao Redor Produções) e João Bagdadi (selo RISCO). A produção do conteúdo audiovisual é da Panamá Filmes, com direção de Filipe Franco e duo Cinza.
Programação
Gravado no topo de um edifício no centro da capital paulista, a cantora Céu, acompanhada por Pupillo e Lucas Martins, apresenta um show delicado e intimista com os hits dos seus mais de 15 anos de carreira, além de faixas do seu mais novo e aclamado álbum, “Apká”, trabalho em que ela adiciona ao pop eletrônico referências sonoras como o reggae e a psicodelia.
A programação conta também com o eterno Tincoã Mateus Aleluia. Seu álbum Olorum consta no topo das listas de melhores de 2020. A performance do músico baiano foi gravada no interior da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, território de resistência e articulação das culturas negras na cidade de São Paulo. O músico põe em cena sua estética afro-barroca em um espetáculo inédito que atravessa de forma sensível a presença dos povos bantos no Brasil. Acompanhado do Maestro Ubiratan Marques, com quem possui uma longa parceria criativa, e pelo percussionista Vitor da Trindade, ele passeará por um repertório que afirma a força das conexões espirituais, para além das formas e designações do homem.
Representantes da nova música brasileira, os paulistas d’O Terno derrubam as fronteiras entre a MPB e gêneros como jazz e rock e trazem seu aguardado show inédito do seu elogiado quarto álbum, “<atrás/além>”, lançado no ano passado. Formado por Tim Bernardes na guitarra e voz, Guilherme no baixo e Biel Basile na bateria, a gravação foi realizada no Viaduto Santa Ifigênia, espaço histórico da capital paulista.
A SpokFrevo Orquestra vem internacionalizando o frevo ao levar o ritmo original pernambucano para festivais ao redor do mundo, do Roskilde, na Dinamarca ao tradicional Montreaux, na Suíça, entre outros. No show, com o Maestro Spok à frente de seus 17 músicos, a orquestra dá ao frevo um tratamento diferenciado, com arranjos modernos e harmonias que buscam a liberdade de expressão em improvisos, com clara influência do jazz. A apresentação no festival foi gravada no Marco Zero, um dos espaços tradicionais do Carnaval pernambucano.
Cantora, compositora e artista visual, Luiza Lian se apresenta ao lado de Charles Tixier numa performance que une espiritualidade e realidade urbana com repertório dos seus discos Azul Moderno e Oyá Tempo, e uma música inédita. Com mapping e iluminação planejadas especialmente para essa edição do Rec-Beat, o show foi gravado na escadaria do Theatro Municipal, espaço que já testemunhou eventos importantes da arte no Brasil.
Gravado no Cais da Alfândega, onde acontece tradicionalmente o Rec-Beat, o fenômeno do brega-funk recifense MC Troia realiza seu espetáculo com direito a dançarinas de passinho. O brega-funk é hoje um dos gêneros mais populares do país e uma das mais legítimas expressões das periferias do Brasil. O Rec-Beat foi pioneiro entre os festivais a incluir o gênero na programação e reconhecer sua importância, hoje um dos mais ouvidos do Brasil, no contexto da nova música brasileira.
O grupo Ilú Obá de Min é referência na cultura negra do Brasil e conhecido por seus cortejos pelas ruas de São Paulo, uma grande intervenção que promove a cultura negra, a cultura popular e a participação ativa da mulher na sociedade através da arte, e trazem diversas manifestações culturais negra, como o maracatu, batuque, coco, jongo, entre outras. O show foi registrado no Largo do Paissandú, na capital paulista, tradicional espaço do Carnaval de rua de São Paulo.
Unindo suas experiências no teatro, Getúlio Abelha, uma das grandes revelações da cena independente brasileira, traz seu olhar iconoclasta para os gêneros musicais em uma apresentação que une o forró tradicional, o pop (com atitude punk) e o eletrônico. Sua música reverbera questões de gênero, sexualidade e classe social ao mesmo tempo em que mescla referências da música tradicional nordestina. Getúlio prepara o lançamento do seu primeiro disco para este ano e acaba de fazer uma participação no disco da Pabllo Vittar, em dueto com “Amor de Que?”. Seu show acontece na Praça Antônio Prado, em São Paulo.
“Nesta edição digital do Rec-Beat conseguimos manter intactas as principais características do festival, principalmente no que se refere ao conceito artístico, com uma programação que transita livremente entre tradição e novas tendências, permanecendo atual, pulsante. O registro das performances, aproxima também esta edição de outra característica do festival, que é a experiência estética, da rua, do contato com o espaço público. Acredito que nossa ida para o digital ficará entre as edições mais memoráveis que já fizemos”, diz Antonio Gutierrez, o Gutie, mentor e diretor do Rec-Beat.