“Hereditária” volta aos palcos cariocas nas arenas culturais municipais do Rio de Janeiro. A montagem terá duas apresentações gratuitas neste mês de maio: dia 21/05, às 14h, na Areninha Cultural Terra, em Guadalupe, zona norte; e dia 28/05, e às 15h, na Areninha Cultural Sandra Sá, em Santa Cruz, zona oeste da cidade.
“Hereditária” foi idealizado pela artista Moira Braga, que descobriu, aos 7 anos de idade, uma condição genética rara – Stargardt – que causaria a perda de sua visão. A partir daí, Moira investiga os múltiplos sentidos da hereditariedade, do genético ao social. O espetáculo teve duas indicações ao Prêmio Shell de Teatro – nas categorias direção (Pedro Sá Moraes) e Cenografia (Ricardo Siri), além de indicação ao Prêmio APTR, categoria Jovem Talento (Luize Mendes Dias).
Há quase duas décadas atuando como autora, bailarina e atriz em espetáculos de dança, teatro e no audiovisual, esta é a primeira vez que Moira traz ao palco sua biografia, e tematiza a doença de Stargardt. “A ideia é dar uma resposta larga sobre de onde vem a doença”, explica Moira, “e abrir a reflexão para um leque mais amplo, investigando o que são nossas heranças e nossa hereditariedade, tudo que chega para nós através da ancestralidade, tudo que fica pelo caminho, assim como as heranças que escolhemos ter”.
A dramaturgia, composta pela atriz junto com o diretor do espetáculo Pedro Sá Moraes, entrelaça eventos da vida pessoal e dos antepassados de Moira a referências históricas e mitológicas — como o mito grego das Moiras: três irmãs funestas que tecem o destino de todos os seres. Entre o biográfico, o poético e o político, “Hereditária” reflete sobre o quanto de nossas vidas é predeterminado e o quanto temos o poder de escolher.
Um musical diferente
A narrativa, atravessada por canções originais compostas por Sá Moraes, possui uma abordagem estética diferente do que costuma se entender por “Teatro Musical”. A direção musical, assinada por Pedro junto com Isadora Medella, explora as vozes, os corpos e até os objetos cênicos como instrumentos musicais. Nesta forma de fazer teatro, que recebe o nome de Teatrocanção “a musicalidade é o Norte que ajuda a encontrar o tom da atuação, a pulsação de cada cena, mesmo quando não há nenhuma nota musical sendo tocada”, diz o diretor, indicado ao Prêmio Shell em 2023 pela direção musical e canções originais do espetáculo “Em busca de Judith”.
O cenário é uma instalação visual e sonora do músico e artista plástico Ricardo Siri. É composto por objetos que, ao serem manipulados (pisados, percutidos, tocados, transportados) produzem os ambientes e sonoridades da peça. Para que pessoas cegas e de baixa visão tenham acesso a este cenário, serão convidadas a entrar no teatro alguns minutos antes da abertura de portas e explorar os objetos cênicos de forma táctil.
Ao contrário dos musicais tradicionais, com números de dança virtuosísticos, a direção de movimento de “Hereditária”, assinada pelo performer, ator e professor da UFBA, Edu O. parte da diversidade de potências de cada corpo para compor gestos e movimentos cênicos. Edu, primeiro professor de dança cadeirante de uma universidade pública brasileira, é uma referência no debate sobre a deficiência nas artes, e traz sua reflexão a respeito do capacitismo, ou “bipedismo compulsório” para a criação de Hereditária.
FICHA TÉCNICA
Idealização- Moira Braga
Dramaturgia – Moira Braga e Pedro Sá Moraes
Direção – Pedro Sá Moraes
Elenco – Isadora Medella, Luize Mendes Dias, Moira Braga
Canções originais – Pedro Sá Moraes
Direção musical – Pedro Sá Moraes e Isadora Medella
Direção de movimento – Edu O.
Cenografia – Ricardo Siri
Figurino – Vania Ms. Vee
Iluminação – Ana Luzia De Simoni
Técnico de Luz – Guiga Ensa
Técnica de som – Raquel Brandi e Maria Clara Coelho
Identidade visual – Vinícius Santilli | Grambolart
Fotos – Junior Zagotto, Felipe Rodrigues, Pedro Sá Moraes, Thelma Vidales
Maquiagem – Lucia Carrara
Assessoria de Imprensa – Marcelo Moreira
Consultoria em Libras – Jadson Abraão
Consultoria em Audiodescrição – Felipe Monteiro
Contabilidade – Davi Andrade
Assistência de produção – Guilherme Soares
Direção de Produção – Jordana Korich
Realização – Movimento Falado ltda., Pedro Sá Moraes produções e Grande Mãe Produções
SERVIÇO:
“Hereditária”: apresentações gratuitas nas arenas culturais do Rio
Dia 21/05 (quarta-feira), às 14h
Local: Areninha Cultural Terra – Rua Marcos de Macedo, s/nº – Guadalupe, RJ
Dia 28/05 (quarta-feira), às 15h
Local: Areninha Cultural Sandra Sá – Rua 12, 1 – Conjunto Guandu, Santa Cruz, RJ.
Ingressos gratuitos: distribuição por ordem de chegada, uma hora antes, na bilheteria das arenas.
Todas as apresentações contam com acessibilidade atitudinal ou comunicacional para pessoas com deficiência. Libras e audiodescrição fazem parte da encenação da peça.
Duração: 60min
Classificação Livre