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Levante faz novas apresentações em São Paulo

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Vencedor da 8ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo, o espetáculo LEVANTE, texto de Andrezza Czech e direção de Eliana Monteiro, faz novas apresentações em São Paulo. As sessões acontecem dias 8 e 9 de março, sábado às 19h e 21h e domingo às 20h, no Teatro Manás Laboratório (a sessão das 19h de sábado é acessível em libras e audiodescrição e a sessão de domingo contará com bate-papo do elenco com o público após a apresentação).

Completado 60 anos do golpe militar no Brasil, LEVANTE mostra a história de amor e resistência de dois casais de mulheres brasileiras em diferentes tempos. Enquanto duas vivem os principais atos do movimento lésbica-feminista nos anos 1980, durante a ditadura civil militar, as outras passam por situações semelhantes nos tempos atuais.

LEVANTE também traz a recuperação histórica de mulheres lésbicas artistas e ativistas do período da ditadura, como Cassandra Rios e Rosely Roth. Cassandra foi a escritora mais censurada durante a ditadura civil militar (36 dos seus 50 livros foram censurados), e ainda assim foi a primeira escritora brasileira a vender mais de um milhão de cópias de livros, superando na época escritores como Jorge Amado e Clarice Lispector. Já Rosely Roth foi uma das mais importantes ativistas lésbicas do período, sendo destaque no Levante no Ferro’s Bar quando subiu em uma cadeira no dia da invasão do bar e discursou contra o preconceito e a violência.

Além de ser a autora de LEVANTE, Andrezza Czech também é a idealizadora da montagem e está em cena ao lado das atrizes Jéssica Barbosa (indicada ao prêmio Shell de Teatro 2023 como melhor atriz por Em Busca de Judith), Julianna Gerais e Sol Faganello. A peça possui uma equipe artística inteiramente formada por lésbicas, bissexuais, pansexuais, transmasculines e pessoas não-binárias.

Luta urgente

Para Andrezza Czech, a volta do espetáculo aos palcos recupera a memória de mulheres que resistiram e lideraram protestos como o Levante no Ferro’s Bar, ocorrido em 19 de agosto de 1983, data que posteriormente deu origem ao Dia do Orgulho Lésbico. O levante no Ferro’s Bar, um dos principais marcos da história do movimento lésbica-feminista é um dos eventos centrais abordados na peça.

“Inicialmente, o texto tinha o objetivo de recuperar momentos e eventos marcantes do movimento lésbica-feminista do período da ditadura militar brasileira, mas fui ampliando a história para a contemporaneidade, trazendo características como o tempo espiralar e o espelhamento para a narrativa como forma de denunciar o quanto a luta pela nossa existência e nossos direitos ainda é urgente”, destaca a autora e atriz.

LEVANTE trata também de histórias de amor. Essas personagens espelhadas e suas falas simultâneas apontam para uma narrativa de carinho e presença”, explica a diretora Eliana Monteiro.

O espetáculo integrou a programação do Festa 66 – Festival Santista de Teatro, na cidade de Santos, além de apresentações em Santo André e Ribeirão Preto. A capital paulista é a última cidade da temporada itinerante que acontece com apoio do Edital Lei Paulo Gustavo SP – Difusão Cultural.

O Levante no Ferro’s Bar

O Ferro’s era o principal local onde as lésbicas se encontravam entre os anos 60 e 80 em São Paulo. Foi lá que, em 23 de julho de 1983, quando Rosely Roth e outras ativistas vendiam o ChanacomChana (primeiro folhetim lésbico do país), os donos do bar proibiram com violência a venda do jornal. Em 19 de agosto do mesmo ano, as mulheres do GALF (Grupo de Ação Lésbica Feminista) organizaram o que hoje é conhecido como o Levante no Ferro’s Bar, manifestação que foi um marco na luta do movimento LGBTQIAPN+ por seus direitos, considerada o “pequeno Stonewall brasileiro”.

Rosely, assim como outras ativistas, inspiraram a criação das mulheres de LEVANTE. O espetáculo surgiu com o objetivo de relembrar principais atos do movimento lésbica-feminista durante a ditadura militar brasileira a partir do encontro entre duas mulheres: um amor que começa na primeira manifestação LGBTQIAPN+ do Brasil (realizada em frente ao Theatro Municipal de São Paulo em 13 de junho de 1980), resiste à Operação Sapatão (ocorrida em 15 de novembro de 1980, quando a Polícia Militar foi às ruas de São Paulo com o objetivo de prender o maior número possível de lésbicas), e se fortalece na luta do levante no Ferro’s Bar.

Serviço:

LEVANTE

8 e 9 de março, sábado às 19h e 21h e domingo às 20h, no Teatro Manás Laboratório (a sessão das 19h de sábado é acessível em libras e audiodescrição e a sessão de domingo contará com bate-papo do elenco com o público após a apresentação).

Teatro Manás Laboratório – Rua Treze de Maio, 222 – Bela Vista, São Paulo. Convênio com o estacionamento EFER Parking (Rua Treze de Maio, 238).

50 minutos | 14 anos | R$ 15,00 a R$ 30,00 no site Sympla (ingressos gratuitos para: alunos e professores de instituições públicas, estudantes do Prouni, profissionais de saúde, integrantes de coletivos culturais e de associações comunitárias).

Ficha Técnica:

Direção e Cenografia – Eliana Monteiro. Idealização, Coordenação Geral e Dramaturgia – Andrezza Czech. Elenco – Andrezza Czech, Jéssica Barbosa, Julianna Gerais e Sol Faganello. Músico em Cena/ Trilha Sonora – Riba Canhestro. Direção Técnica e Assistência de Direção – Lu Maya. Desenho de Luz – Aline Santini. Figurino – Lívia Barros (Ken-gá Bitchwear). Mapping e Vídeo – GIVVA. Operação de Luz – Marina Gatti. Operação de Som – May Manão. Fotografia, Captação de Vídeo e Identidade Visual – Laís Catalano Aranha. Consultoria em Acessibilidade – Vanessa Bruna. Audiodescrição – Bruna Tonso. Redes Sociais – Andrezza Czech. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Produção – Corpo Rastreado (Nathalia Morais e Keila Maschio).

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