Em 2018, a Cia. Mungunzá de Teatro levou ao palco no espetáculo Epidemia Prata, a visão pessoal dos atores sobre os personagens reais, que conheceram em sua residência no Teatro de Contêiner Mungunzá, localizado no centro de São Paulo em uma região popularmente conhecida como “Boca do Lixo” ou “Cracolândia”. Depois de cinco anos, o coletivo paulista volta o seu fazer teatral ao território, mas desta vez eles não estão sozinhos em cena. Na montagem Cena Ouro – Epide(r)mia, que estreia dia 19 de outubro, quinta-feira, às 20h, no Teatro de Contêiner Mungunzá, sete novos integrantes, artistas parceiros de vivências do centro da cidade, que estão ou já passaram por diferentes graus de vulnerabilidade social, completam o elenco.
No palco, diferentes agentes da região central da cidade de São Paulo se aproximam e colocam em cena as vivências deste território compartilhado. A narrativa costura a vida cotidiana à mitologia e à figura da medusa em um jogo entre o que é maleável e o que é tornado estátua no contexto.
Cena Ouro – Epide(r)mia possui uma direção tripla: Georgette Fadel e Cris Rocha, diretoras que já trabalharam com a Mungunzá, foram convidadas a voltar à “Cracolândia”, mas agora com a colaboração de Tânia Granussi, que já ocupa há três anos o espaço do Teatro de Contêiner com aulas de teatro para as pessoas do entorno. Para a cena foram convidados: Átila Fragozo, artista urbano e percussionista; Cleiton Ferreira, artista plástico e redutor de danos (também PcD – visão); Danee Amorim, mulher trans, contorcionista, atriz e dançarina; Índio Badaróss (em vídeo) pintor da região conhecido como “Basquiat da Cracolândia”; Laurah Cruz, mulher trans e cantora; Mc Docinho, mulher preta, mãe e cantora; e Mc Nego Bala, reconhecido cantor e produtor musical de funk, eleito disco do ano pela Associação Paulista dos Críticos de Arte e último artista a gravar com Elza Soares. Todos unidos ao núcleo artístico da Cia. Mungunzá de Teatro – Léo Akio, Lucas Bêda, Marcos Felipe, Pedro das Oliveiras, Sandra Modesto, Verônica Gentilin e Virginia Iglesias.
Desde o início, Cena Ouro – Epide(r)mia, foi entendido como uma pesquisa intersetorial, pois abordaria de maneira intensa questões artísticas e sociais, sendo necessário uma equipe especificamente ligada ao cuidado e a saúde emocional de todos os envolvidos. Destacam-se nesse processo a presença da psicanalista Ludmila Frateschi e do mediador social Ricardo Paes Carvalho, ambos profissionais também atuantes na região, que estiveram presentes em todos os ensaios sustentando, explicitando e mediando os conflitos surgidos no processo, e também colaborando na construção cênica do espetáculo.
Para a psicanalista Ludmila Frateschi, Cena Ouro – Epide(r)mia é a “proposição de um movimento sempre contínuo de deslocamento da posição com que se olha o mundo a partir do contato com o outro”. Já a diretora Georgette Fadel conta: “Nos deparamos com o conhecimento que estava do outro lado. São travestis, corpos negros, ex-frequentadores e frequentadores do fluxo da ‘Cracolândia’ com uma potência artística incrível. Para muitos é ali que estão amigos, afeto, relações e a própria sobrevivência”.
Serviço:
Cena Ouro – Epide(r)mia
De 19 de outubro a 3 de novembro, quinta e sexta-feira às 20h
Teatro de Contêiner Mungunzá – Rua dos Gusmões, 43 – Santa Ifigênia, São Paulo (próximo à estação Luz do metrô).
16 anos | 80 minutos | R$ 10,00 a venda pelo Sympla.
Ficha Técnica:
Argumento e Produção – Cia. Mungunzá de Teatro. Direção – Cris Rocha, Georgette Fadel e Tânia Granussi. Artistas da Cena – Átila Fragozo, Cleiton Ferreira, Danee Amorim, Índio Badaróss (em vídeo), Laurah Cruz, Léo Akio, Lucas Bêda, Marcos Felipe, Mc Docinho, Mc Nego Bala, Pedro das Oliveiras, Sandra Modesto, Verônica Gentilin e Virginia Iglesias. Textos – Artistas da cena e Direção. Supervisão Dramatúrgica –Verônica Gentilin. Direção e Preparação Musical – Bruno Menegatti e Flavio Rubens. Composições Originais – Pedro das Oliveiras, Mc Docinho e Mc Nego Bala. Assistência de Direção – Amanda Rocco. Psicanalista (acompanhamento, mediação do processo e colaboração cênica) – Ludmila Frateschi. Mediador Social (acompanhamento e colaboração cênica) – Ricardo Paes Carvalho. Vídeos (criação, captação, edição e IA) – Flavio Barollo. Desenho de Luz – Pedro das Oliveiras. Cenário – Léo Akio, Lucas Bêda, Marcos Felipe e Pedro das Oliveiras. Figurino – Cris Rocha e Sandra Modesto. Costura das saias – Coletivo Tem Sentimento. Apoio técnico (equipe Teatro de Contêiner Mungunzá) – Camila Bueno, Paloma Dantas e Sônia Cariri. Estágio (acompanhamento do processo) – Bárbara Freitas, Beatriz Cristina e Legina Leandro. Identidade Visual e Design Gráfico – Átila Fragozo e Léo Akio. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Podcast “Emoção Criativa | Cena Ouro” – Léo Akio, Pedro Garcia de Moura e Fabrício Zava. Produção Executiva – Cia. Mungunzá de Teatro e Gustavo Sanna. Apoio – Festival Pop Rua 2023 – 1ª edição, Museu da Língua Portuguesa, Sesc Bom Retiro, Teatro de Contêiner Mungunzá e Festival C’est Pas Du Luxe (Avignon – França). Realização – Cia. Mungunzá de Teatro e Sesc SP.
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