Última chance de adentrar o universo onírico da exposição “Entre Tramas e Labirintos” no Paço das Artes

Até o dia 12 de janeiro, o público ainda poderá visitar a exposição “Entre Tramas e Labirintos”, uma instalação multimídia que convida a fazer uma pausa na rotina urbana acelerada e explorar outras dimensões da experiência visual e afetiva. 

Composta por uma seleção de 28 imagens, a série fotográfica, realizada, em sua maioria, através de mecanismos analógicos e experimentações técnicas que consideram o acaso parte intrínseca do processo criativo, é resultado de uma pesquisa que vem sendo aprodundada pela artista carioca Raquel Gandra em Canoa Quebrada, no litoral do Ceará, desde 2012, ano em que se apaixonou pela cidade. A relação com o local tem um forte caráter afetivo e formativo, visto que acompanhou o período de desenvolvimento e amadurecimento artístico da fotógrafa.

Assim como muitas outras pequenas cidades, Canoa vem passando por transformações simbólicas, físicas e sociais em decorrência de seus processos de modernização e turismo predatório. Mas ainda é possível encontrar ali vestígios de uma comunidade cuja sobrevivência está intimamente ligada à perpetuação de seus saberes ancestrais e de uma profunda conexão com a natureza. 

O título aponta para o caráter alusivo das narrativas que fundamentam a cosmologia local, em seu caráter amplo de lendas e memórias, mas também para o caráter físico dos materiais encontrados nas redes de pesca e nos artesanatos de bordado típicos da região, intitulados Labirinto. Esse intrincamento das tramas sugerem um deixar-se perder numa zona de encantamento e curiosidade.

Inspirada por estas narrativas, que revelam uma fronteira difusa entre imaginação e realidade, o projeto é composto por imagens que surgem da observação atenta de momentos mágicos contidos na banalidade do dia a dia e da composição de cenas co criadas com os habitantes, trazendo empoderamento e protagonismo a suas personagens e exaltando o imaginário local.

O uso de diferentes técnicas e materiais, tanto no momento da captura como na composição expográfica, busca expandir as possibilidades expressivas da fotografia e realçar sensorialidades, agregando sentido através da combinação entre paisagens de cores, luzes e sons. A plasticidade dos grãos, os borrões, as texturas e os ruídos fazem parte deste repertório.

O trabalho foi um dos seis contemplados entre quase 300 propostas enviadas para a Temporada de Projetos 2024. O júri de seleção contou com: Renata Felinto, artista, pesquisadora, curadora e professora na URCA/CE; Renato Araújo da Silva, pesquisador, curador e professor na FAU USP; e Mariano Klautau Filho, artista, pesquisador, curador e professor na UNAMA/PA.

Em um mundo devorado por consumismo, individualismo e crenças únicas, a habilidade de imaginar outras realidades, baseadas em coletividade e relações mais sustentáveis (com a natureza e entre nós) se torna uma poderosa ferramenta de transformação.

A realização dessa exposição é uma das várias bifurcações dessa pesquisa, que já deu origem a um fotolivro digital (https://livrosdefotografia.org/publicacao/39310/entre-tramas-e-labirintos) e que pretende ainda desembocar em um longa metragem e em um livro impresso.

Visita Guiada

Aproveitando esse momento de fechamento da exposição, a artista Raquel Gandra estará presente no dia 10 de janeiro, à partir das 11h30, para receber o público e conversar sobre seu trabalho. 

Conheça a artista: 

Raquel Gandra (Rio de Janeiro, RJ, 1986) é artista visual, fotógrafa e andarilha. Formada em comunicação e mestre em belas-artes pela UFRJ, cursou o máster em fotografia artística e documental no Instituto de Produção Cultural e Imagem (IPCI), em Portugal. Participou de exposições coletivas no Brasil e na Europa, com destaque para a Limburg Biennale (Holanda, 2024), Galeria Mundo (Rio de Janeiro, RJ, 2023), Semana da Fotografia (Caxias do Sul, RS, 2022), FOTO EM PAUTA 2022 (Tiradentes, MG), SUBURBS, Galeria Millepiani (Roma, Itália, 2019). Em 2021, recebeu o XIV Prêmio de Fotografia Marc Ferrez e em 2023, foi uma das 36 finalistas da bolsa internacional PH Museum Photography Grant. Em sua trajetória, que perpassa diferentes linguagens, compreende o dispositivo de criação de imagens como meio fortuito para dar a ver/imaginar o outro e nós mesmos, e questionar a maneira como enxergamos a própria realidade. Ao explorar várias técnicas analógicas, busca criar imagens porosas que acontecem entre a materialidade e a imaginação e que, de outra forma, não seriam vistas.

Visitação e Catálogo

A exposição “Entre Tramas e Labirintos” é uma das três exposições abertas à visitação no Paço das Artes. Além dela, há também “Desejos guardados sob o rio”, de Luciano Maia e o projeto curatorial de Henrique Menezes, “Da flor da pele ao pó do osso”, que põe em diálogo três jovens artistas: Dora Smék (Campinas, SP), Érica Magalhães (Muriaé, MG) e Vitória Macedo (Porto Alegre, RS). 

Quem for lá, ainda poderá receber o catálogo da Temporada de Projetos 2024, que reúne registros fotográficos, textos críticos e curatoriais, além de entrevistas dos participantes da 28ª edição deste projeto que revela novos nomes da arte contemporânea.

Situado em um belíssimo casarão do século passado, o Paço das Artes está situado ao lado de vários cafés e possui jardim, ar puro e clima ameno.

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Mais informações e contato com a organização do evento podem ser obtidos através do perfil @pacodasartes no Instagram e pelo email pacodasartes@pacodasartes.org.br