No embate dos irmãos Gallagher, o mais velho leva a melhor – Ambrosia

No embate dos irmãos Gallagher, o mais velho leva a melhor

Se nos anos 90 o Oasis travava uma disputa nas paradas de sucesso com o Blur, em 2017 vimos um embate entre os irmãos Gallagher, com seus respectivos discos solo lançados no segundo semestre. E podemos dizer que o mais velho, Noel Gallagher, entregou um trabalho superior.

Liam Gallagher ficava sob a sombra do irmão na época do Oasis. Daí, não tínhamos a percepção de seu potencial. Ele exercia muito mais a função de frontman do que de compositor. Com o fim da banda, foi obrigado a provar seu talento. Primeiro à frente do Beady Eye, que era praticamente o Oasis sem Noel. Agora ele lança “As You Were” (Warner/2017), sua estreia solo em que mostra toda a sua veia de artesão pop, tal qual seu irmão mais velho.

O próprio nome do álbum diz tudo. Liam não renega aqui suas influências musicais e nem sua história. Portanto, temos aqui ecos de Oasis e Beady Eye. O produtor Greg Kursin sabe disso, mas não se furtou em realizar um trabalhe que desse um certo frescor à sonoridade. Liam mostra que seu poder de fogo para criar hits está intacto logo na primeira faixa, ‘Wall of Glass’.

Já as faixas ‘Paper Crown’, ‘When I’m in Need’ e ‘Chinatown’ são os melhores exemplos da força de suas composições pop. Claro que a maior influência na época do Oasis não iria se dissipar aqui. ‘Come Back to Me’ e ‘Universal Gream’ são as faixas que trazem um carregado acento beatlesque.

No todo, “As You Were” se apresenta como um bom disco na melhor tradição do rock britânico. Exatamente como o Oasis, mas despido de toda aquela pretensão e arrogância que passaram a ditar o tom do terceiro álbum em diante. É um típico caso em que a maturidade fez muito bem.

Cotação: Bom

Noel Gallagher, por sua vez, realizou com “Who Built The Moon” (Sour Mash/Universal, 2017) um álbum que em pouco remete ao que fez com o Oasis. As (ótimas) faixas ‘Fort Knox’ e ‘Holy Mountain’ têm raiz setentista, mas bastante diferente da linha melódica da antiga banda de Noel. Em ‘Keep On Reading’ o vemos prestando tributo a Paul Weller, sua grande influência. Em ‘It’s a Beautiful World’ está a forte influência de Beatles fase “Revolver” que o acompanha desde o Oasis. Por falar no quarteto de Liverpool, ‘Be Careful What You Wish’ For traz uma base que é um sampler disfarçado de ‘Come Together’. O disco ganha até em composições menos inspiradas como ‘She Taught Me How to Fly’ (parente do New Order com toque glam) e ‘The Love is the Law’.

O disco fecha com pomposa ‘The Man Who Built The Moon’, seguida da suíte instrumental ‘End Credits (Wednesday Part 2)’. O que Noel Gallagher fez em Who Built The Moon foi confirmar, de uma vez por todas, que vai bem sem o Oasis. Com o High Flying Birds, longe das brigas com o irmão e das pressões mercadológicas, ele tem liberdade criativa para proporcionar belas obras, como essa.

Cotação: Muito Bom

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