A Netflix, conhecida por sua vasta gama de documentários que exploram figuras extraordinárias e suas jornadas únicas, traz O Homem que Quer Viver para Sempre (2025), dirigido por Chris Smith (n.1970). O filme centra-se em Bryan Johnson, um multimilionário norte-americano obcecado em prolongar sua vida ao máximo, mantendo-se saudável. A premissa é intrigante e atual, especialmente em uma era onde a busca pela juventude eterna e a otimização da saúde são temas cada vez mais populares. No entanto, o documentário falha em mergulhar profundamente nas complexidades éticas, científicas e sociais que sua narrativa poderia explorar.
Bryan Johnson é retratado como um homem dedicado a um estilo de vida extremo: treinos intensos, dietas rigorosas, ingestão de suplementos e investimentos pesados em pesquisas científicas. Ele se apresenta como um pioneiro, alguém que está à frente de seu tempo, disposto a desafiar os limites da biologia humana. No entanto, o documentário não consegue ir além da superfície dessa fascinante, porém controversa, jornada. Enquanto Johnson se descreve como um visionário, o documentário permite que críticos o classifiquem como um charlatão, alguém mais interessado em si mesmo do que em contribuir genuinamente para a ciência. Essa dualidade poderia ser um ponto forte, mas acaba sendo mal explorada.
Um dos principais problemas de O Homem que Quer Viver para Sempre é sua superficialidade. O diretor Chris Smith, conhecido por trabalhos como Roubo Cibernético: Bilhões em Bitcoin (2024) e A Máfia dos Tigres (2021), opta por não se aprofundar nas metodologias científicas que Johnson utiliza, nem nas implicações morais e sociais de sua busca pela imortalidade. Questões importantes, como o impacto de uma vida prolongada na sociedade, a possibilidade de uma divisão de classes entre aqueles que podem e não podem se permitir tal luxo, e os limites éticos da autopreservação extrema, são completamente ignoradas. O filme parece mais interessado em apresentar Johnson como uma figura excêntrica e bem-sucedida do que em provocar reflexões profundas.
Além disso, a tentativa de humanizar Johnson, mostrando sua juventude como mórmon e sua relação com o filho, acaba sendo rasa e pouco impactante. O documentário tenta, em vão, revelar o homem por trás da obsessão, mas falha em criar uma conexão emocional genuína com o espectador. Johnson permanece uma figura distante, quase caricata, mais preocupado com sua própria imagem do que com qualquer legado significativo.
O Homem que Quer Viver para Sempre é uma oportunidade perdida, tanto para o diretor, que não oferece o que já fez em A Rainha da Trapaça de Hollywood (2024). Apesar de abordar um tema relevante e atual, o documentário não consegue transcender a superficialidade, deixando o espectador com mais perguntas do que respostas. Para uma plataforma que já produziu obras profundas e instigantes, este filme é uma decepção. Recomendado apenas para aqueles que buscam um retrato leve e pouco crítico de uma figura controversa, mas não para quem espera uma análise séria e reflexiva sobre os limites da vida humana e as implicações de tentar superá-los.
NOTA: 5,00
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