Cultura colaborativa! Participe, publique e ganhe pelo seu conteúdo!

O Labirinto de Jim Henson numa versão escrita mais que caprichada

O que acontece quando você deseja algo terrível … e quando ele se torna realidade? A jovem Sarah descobriu da pior maneira. Deixada em casa para cuidar de Toby, seu meio-irmão, que, como todo bebê,  não consegue expor o que sente se não for através do choro. Naquela noite encontra-se tentando confortar seu irmão que grita em meio a tempestade que cai grossa sob a casa. Em um acesso de raiva, Sarah acaba desejando que os duendes venham e levem Toby embora. E infelizmente, eles fazem.

A narrativa acima, bem conhecida por sinal, em especial para quem viveu nos anos 1980, é do cult cinematográfico de Jim Henson, Labirinto: a magia do tempo, que contou com David Bowie, Jennifer Connelly, Warwick Davis entre outros. A editora Dark Side homenageia os trinta anos do filme trazendo a novelização do roteiro, em mais uma edição  caprichada, em capa dura e com um acabamento belíssimo, com a mesma capa que vemos no filme.

direitos-e-deveresLabirinto é uma história original criada a partir dos esforços combinados de pessoas especiais. Jim Henson surgiu com o conceito básico. Brian Froud trouxe esse conceito a forma física em seus desenhos, e Terry Jones contribuiu para o roteiro e os duendes. A novelização de Labirinto foi escrito por A.C.H.Smith, um poeta britânico que também escreve para o teatro e se divertiu bastante consultando o roteirista original do filme, o Monty Python Jones.
Acompanhar Sarah nesta narrativa de aventura, atravessando o labirinto em treze horas para chegar ao castelo de Jareth – o Rei dos Duendes é algo sublime. Mesmo com as imagens do filme, podemos com a leitura imaginar mais, com as descrições meio que técnicas para uma fantasia, mas que ajudaram a compor o cenário e as aventuras dos personagens. Em meio a voltas e reviravoltas de uma jornada perigosa, ela conhece uma extraordinária variedade de personagens estranhos, alguns mais que outros, Hoggle, Ludo, Senhor Dídimo estão lá, com sua amizade para ajudar a mocinha em sua empreitada. A cena de despedida de um deles emociona: “As vezes, precisar…é deixar ir!”
Um prequel sem igual, uma aventura de uma menina que pega referências em Lewis Carrol com sua Alice no País das Maravilhas ou em L. Frank Baum com seu O mágico de Oz, que luta contra o labirinto para salvar seu irmão e o temor que  tem em crescer. Normalmente não leio as novelizações de filmes, mas esse foi exceção à regra, pois o autor fez um bom trabalho, não irei entrar em momentos sobre a história, enredo e personagens, pois são basicamente o mesmo que encontramos no filme. O fim chega a ser mais sombrio que no filme e gostei desta diferença lírica e mórbida, mas está ali ainda a principal premissa: O labirinto da perda da inocência e da passagem da adolescência para a vida adulta, abordado com fantasia e criatividade pelos autores tanto do filme, quando do livro.
Há alguns detalhes que definem o livro em questão. Em primeiro lugar, a narrativa explica melhor sobre a mãe de Sarah. No filme podemos notar recortes de jornais e fotos de sua mãe, uma atriz de teatro que apresenta o mundo do palco para Sarah. O livro entra em detalhes e explica a relação de um colega de trabalho, Jeremy, e como Sarah se dá muito bem com ele. Uma grande atriz de teatro que vive em turnês com seu namorado pelo país, que deixou sua família por este homem, para que possamos entender as circunstâncias de Sarah ser daquele jeito com sua nova família. 
Outra parte, é sobre a musicalidade, eu realmente gostaria que pudéssemos encontrar alguma maneira de incorporar as músicas no livro. Seria incrível, mas encontraremos a poesia que ao ler, consegue exarar a persistência da música.
A edição apresenta ainda, pela primeira vez, as ilustrações dos duendes feitas por Brian Froud, que trabalhou no filme, além de trechos inéditos e nunca vistos com 50 páginas do diário de Henson, detalhando a concepção inicial de suas ideias para LABIRINTO, comemorando os 30 anos do filme em grande estilo.

Leitura para quem gosta de fantasia, para quem curte uma nostalgia e quiser ver o que já viu com outros olhos. Recomedadíssimo.

Compartilhar Publicação
Link para Compartilhar
Publicação Anterior

Festival do Rio: “BR 716” é uma carta aberta contra a opressão

Próxima publicação

Festival do Rio: “Cosmos” é uma alegoria de como a linguagem é um meio de averiguar o absoluto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia a seguir