Relendo Warlands, em busca da armadura Darklyte – Ambrosia

Relendo Warlands, em busca da armadura Darklyte

Com essa notícia que a Panini emitiu um comunicado para que diversos sites de scans de quadrinhos retirem o seu conteúdo do ar muita coisa passou por minha cabeça. A repercussão sobre o assunto acredito que fora negativa, quantos quadrinhos ficaram conhecidos por causa dos scans e quantos outros fizeram recordar momentos importantes. Foi através de uma scan que conheci Warlands, procurei tê-la na minha coleção e foi assim com muitas outras. Creio que isso aconteceu com outros tantos leitores, mas não irei delongar muito sobre o assunto, mas espero que haja entendimento deste nicho, mas por enquanto tratarei desta série que reli recentemente.

Relendo Warlands, em busca da armadura Darklyte – Ambrosia

Warlands é uma HQ da Image, dos canadenses, de ascendência asiática, Pat Lee e Adrian Tsang. Saiu com o selo Dreamwave, propriedade do mesmo Pat Lee, publicado por aqui pela Mythos, por volta do ano de 2002. Essa maxissérie, que passa a chamar de ciclo de Darklyte, nome do objeto em torno do qual gira a narrativa dos seis capítulos lançados.

Mas antes de analisar Warlands em si, tratarei de explicar como surgiu toda essa narrativa de fantasia heroica. Por volta de 1996, os irmãos Lee fundavam a Dreamwave Productions, companhia com a pretensão de seguir o que Tod McFarlane estabeleceu na sua empresa, uma plataforma para produtos para qualquer tipo de exemplar da cultura pop, seja cinema, videogames, merchandising variado e, naturalmente, sobretudo, os quadrinhos.  E não foi tão mal no início, pois logo conseguiram um contrato para os quadrinhos dos Transformers. Até entrarem em falência em 2005, durante a trajetória do projeto empresarial fizeram algumas sagas baseadas no universo de Warlands, criação pessoal de Pat Lee como desenhista, Tsang no roteiro e Alvin Lee nas cores.

Relendo Warlands, em busca da armadura Darklyte – Ambrosia

Em geral, a Dreamwave utilizava de uma estética mangá que marcou um estilo próprio  que fundia o aspecto anime com a arte sequencial. E Warlands não foi uma exceção neste sentido, pois refletem claramente esta tendência. Considero mesmo a série como um bom representante do chamado amerimanga, enquanto hoje em dia encontramos o estilo japonês em qualquer produção europeia ou de outra procedência.

Em relação a Warlands, contraditoriamente o que designa a tradução, são formadas por vários, habitados por raças distintas, que aparentemente viviam em uma convivência pacífica a um certo tempo. Séculos atrás, sofreram uma invasão, dos clãs vampíricos de Datara, comandadas por Malagen. As tropas invasoras quase que conseguiram seu objetivo e a humanidade esteve a ponto de sucumbir, quando o próprio líder vampírico ordenou a retirada imediata, devido a descoberta de uma profecia que anunciava sua queda por um artefato mágico – a armadura Darklyte. Muito tempo passou e as Warlands se recuperaram dos estragos, mas a longeva estirpe dos vampiros, não esqueceu de nada e está pronta para sua carga final.

Um castelo é o primeiro a cair com a renovada vingança de Malagen e as tropas avançadas de seu filho, o príncipe Aalok. Só quatro singulares personagens conseguem escapar da fortaleza arrasada: o soldado Jerell, a elfa Elessa, o mago Delezar e o jovem Zeph. Enquanto os líderes se sobrepõem à surpresa inicial, tratando de estabelecer uma resistência efetiva, seguimos o grupo improvisado se dirigindo aos isolados elfos de Yattania e empreender a busca pela mítica armadura.

Não serão os únicos, de um lado, Aalok e seus seguidores, que querem evitar a profecia e por outro, uma nova peça no tabuleiro da guerra: as hostes demoníacas de Lorde Astaroth. Todos com um mesmo objetivo: vestir a armadura Darklyte, mas que acabará tendo um dono completamente inesperado.

O que se destaca de imediato em Warlands é o desenho limpo e definido de Pat Lee, um estilo que pode ou não ser tão atraente para alguns leitores, mas, pessoalmente, é bastante chamativo. A caracterização de personagens coloca os vampiros bem humanizados que os afasta de sua condição de seres do submundo, como também os elfos, porém em algumas cenas parecem demasiados parecidos. Como capista, Lee se apresenta como um desenhista surpreendente. Seu coloreado emprega técnicas digitais, que consegue bons efeitos. Mas padecem do demasiado escuro. Sei que boa parte da ação é protagonizada pelos vampiros, mas o contraste entre obscuridade e luminosidade semeia a confusão, pois há cenas que a essência noctívaga dos vampiros frente às outras raças acabam tragando as demais cores. E fica até um sobreaviso – não leem de noite ou em pouca luz se não quiserem ficar cegos

O trabalho de Adrian Tsang, por outro lado, não mostra nada que não tenha visto antes. Se a originalidade não é seu ponto forte, com um roteiro frouxo, mas que ganha mais força, tendo um final bem sucedido para esta saga. Com os personagens algo semelhante acontece. Eles não têm um gancho certo, especialmente no início, linear. Mas a simplicidade se eleva ao longo dos números e quando um deles ‘desaparece’, lamentando particularmente a sua perda.

Qualquer que têm falado de Warlands pode ver que é fortemente influenciada pelo famoso Record of Lodoss War. Não só pelas semelhanças óbvias do desenho artístico, Warlands é uma clara homenagem à saga de Ryo Mizuno, mas também com os paralelos estabelecidos entre os personagens: Jerell e Elessa quase poderia ser colocados como os protagonistas de Lodoss, Parn e Deedlit. E o mesmo é verdade para os respectivos assistentes Delezar e Slayn. Então, que desfrutou do popular mangá de fantasia, vai gostar de Warlands.

Embora o ciclo Darklyte possa contar uma boa história de fantasia, mas o final acontece muito abruptamente, deixando muitas pontas soltas, como se o roteirista tivesse acabado as páginas para narrar a evolução dos personagens,como no caso dos membros da horda demoníaca, que se parecem com convidados atrasados para uma festa.

Uma nova edição de Warlands, com as sagas que não saíram por aqui, seriam perfeito para a Mythos republicar, no momento dos seus 20 anos, numa linha de fantasia fantástica. Quem gosta de narrativas de protagonistas sempre em apuros, de vampiros, de ação, dragões e batalhas épicas recomendo a leitura desta saga. Não se trata de uma HQ deslumbrante, mas oferece uma leitura rápida e interessante. Recomendo.

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