Uma Nova Orleans gótica e decadente numa narrativa juvenil que humaniza monstros clássicos – Ambrosia

Uma Nova Orleans gótica e decadente numa narrativa juvenil que humaniza monstros clássicos

SINOPSE: Ari se sente perdida e solitária. Com olhos azul-esverdeados e cabelos prateados esquisitos, que não podem ser modificados nem destruídos, sempre chamou a atenção por onde passava. Depois de crescer em casas adotivas, tudo o que quer é descobrir de onde veio e quem ela é. Em sua busca por respostas, encontra uma mensagem escrita pela mãe morta há muito tempo: “fuja”. A garota percebe que precisa voltar para o local de seu nascimento, Nova 2 — a cidade luxuosa, que foi inteiramente remodelada —, em Nova Orleans. Lá, ela é aparentemente normal. Mas cada criatura que encontra, por mais mortal ou horrível que seja, sente medo dela. Ari não vai parar até desvendar os mistérios de sua existência. No entanto, algumas verdades são terríveis e assustadoras demais para serem reveladas.

Faz um tempo que não escrevia resenhas. Até estranhava, mas as mudanças acontecem e agora corro contra o tempo, tirar o atraso de um semestre, pondo em dia a leitura de alguns livros. A sinopse acima apresentada é de um deles, o primeiro volume de Deuses & Monstros, Filha das Trevas (Darkness becomes her, tradução de Daniela Dias, Galera Record), da estadunidense Kelly Keaton. Sim, mais uma série juvenil, gosto deste gênero, pois prevalece dois aspectos importantes: a atitude do protagonista e a linguagem dos autores do gênero. Cativante e, mesmo com o mercado saturado, sempre alguma coisa boa surge, como a série Iron Fey (Os Encantadores de Ferro) de Julie Kagawa, que ambienta sua narrativa ao universo de Sonho de uma Noite de Verão de Shakespeare, ou Rachel Vincent e a inédita Soul Screamers, introduzindo banshees e ceifadores ao universo do gênero. E Kelly Keaton bebe da mitologia greco-romana para narrar a história de Ari e a maldição de sua família.

A narrativa segue como tantas outras, um personagem, que não sabe de seu passado, segue pistas em uma jornada do herói. A literatura juvenil trouxe o bruxo Harry Potter, o semideus Percy Jackson, o gênio do crime Artemis Fowl e o cavaleiro de dragões Eragon Bromsson, para citar alguns exemplos, todos os quais o caráter dos personagens seguem o que o jovem leitor procura, a jornada que os adultos e os líderes exemplificam em suas conversas e discursos. Com Aristanae “Ari” Selkirk não é diferente.

Alguns anos após o furacão Katrina devastar Nova Orleans, a protagonista, adotada por várias famílias, inicia sua trilha para encontrar seus pais biológicas.  Descobre sua mortalidade, pois estava destinada a morrer aos 21 anos de idade e determinada a não encontrar o mesmo fim, se aventura em Nova 2, o centro do que resta da destruída cidade de Nova Orleans onde se encontra com uma série de inesperados – e não convencionais – companheiros. Nova 2 é a mesma Nova Orleans só que depois de vários furacões a devastaram, momento propício para várias famílias “sobrenaturais”, as nove antigas, reuniram seus recursos e comprassem bairros inteiros.

A autora mantém a situação de Ari no centro da narrativa e, com quase todos os tipos de seres sobrenaturais, faz com que o leitor tente adivinhar qual é o seu segredo. A abordagem de mostrar monstros com seus problemas, já foi utilizado em outras séries, mas aqui se torna envolvente. A personagem é bem desbocada, fala palavrões em quase todas as suas frases, bem áspera, não confia nas pessoas por causa do seu passado, mas sabe cuidar de si mesma e é incrivelmente madura. Bem diferentes de outros heróis que seguem o monomito da jornada, pois trilha o caminho da vingança, pelo que já aconteceu consigo e com sua família.

Darkness Becomes Her, o titulo original, sinaliza o que encontraremos em Nova 2 e na leitura do livro, uma mistura da lenda da sacerdotisa de Atena e da Górgona, de semideuses e escolhidos com criaturas da cultura popular (bruxos, vampiros, lobisomens e zumbis), de uma forma bem fluida e agradável.  Cheia de voltas e reviravoltas, um elenco interessante de personagens e uma boa ambientação, Filhas das Trevas é uma boa narrativa de mistério, elementos sobrenaturais, mitologia grega e magia, pode ter seus clichês, mas surpreende, pois Keaton consegue introduzir um novo mundo em um mundo que já conhecemos, um feito que só os personagens poderiam dar vida. Leitura recomendada.

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