Protagonista e destaque de Manhãs de Setembro, Liniker foi as redes sociais para reclamar não ter sido convidada para comparecer ao Grande Prêmio de Cinema Brasileiro ao lado do restante da equipe da produção.
Liniker refletiu sobre as dificuldades de trabalhar com arte no Brasil e sobre a importância da série, que inclusive saiu da premiação vencedora de Melhor Série de Ficção, questionando a razão de ter sido excluída da celebração:
“A arte de fazer arte no Brasil, é um grande desafio, tanto pelas construções artísticas para se desenvolver um trabalho, pela política que muitas vezes invisibiliza os meios possíveis para a concretização e incentivo à esses projetos, as relações que são múltiplas dentro “do meio” e por aí segue o roteiro que a gente já conhece.
Ontem “Manhãs de setembro” série que tive a honra de estrear, ganhou o prêmio de Melhor Série de Ficção no grande e consagrado Grande Premio do Cinema Brasileiro. A beleza dessa série, não é só pela história e condução dos personagens, mas porque pela primeira vez num Brasil que mata, invisibiliza, apaga a memória de pessoas lgbtqiap+, pretas e indígenas, uma profissional, atriz, artista, que estudou para poder exercer esse ofício e travesti preta, pode contar a história de uma outra travesti, ao lado de outras travestis e pessoas Trans, de outras pessoas pretas e de aliades, que acreditaram em cada vírgula dessa história e transformaram o grande manhãs de setembro no sucesso que é. O reconhecimento pelo trabalho, é muito importante, ainda mais como diz uma grande amiga “ a nível de Brasil”, por todo o apagamento histórico que temos e vemos ao longa da história e trajetória artística de muitos e muites artistas por anos.
Ontem, eu não fui convidada para poder celebrar ao lado da equipe e elenco o prêmio que ganhamos, a noite de vitória ao lado de tantos outros artistas e colaboradores do audiovisual brasileiro e mundial, ontem fomos esquecidas mais uma vez, na hora de estourar a champanhe quando chegamos no esperado “rolo 100” de uma produção, ontem o cinema brasileiro, esqueceu mais uma vez, as outras pessoas que colaboram para a criação de um projeto de nível mundial e que mudou sim, a história do audiovisual brasileiro da última década. Não só pelo meu trabalho, mas pela força e talento único de cada pessoa que se dedicou para que a série nascesse.
Fica aqui a pergunta:
De quem é que se lembra nas vitórias, depois que o processo “acaba”?”
Já a Academia Brasileira de Cinema respondeu a publicação informando que os responsáveis pelas produções indicadas que escolhem quem será convidado para a cerimônia. “A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais convida nominalmente todos os finalistas. E cada produção indicada (séries e filmes) define sua própria lista de representantes/convidados. Não cabe à Academia escolher quem representará cada produção na cerimônia de premiação, que busca a diversidade no audiovisual brasileiro”, respondeu a entidade. “O resultado das principais categorias confirma esse posicionamento. Lamentamos muito não ter contado com a sua presença, Liniker, artista por quem a Academia tem a maior admiração. Parabéns pelo merecido prêmio da 2ª temporada da série Manhãs de Setembro!”
A série acompanha Cassandra, uma mulher trans cuja vida muda após o retorno do filho Gersinho (Gustavo Coelho), fruto da relação com a ex-namorada Leide (Karine Teles), para a sua vida.
A série Manhãs de Setembro está disponível no Amazon Prime Video.
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