17a Fest Comix – Grant Morrison: Talking With Gods

Nas últimas semanas, um dos maiores eventos de quadrinhos dos EUA, a New York Comic Con, trouxe à luz para os reles mortais o documentário de um dos escritores mais excêntricos da atualidade: Grant Morrison. Eu poderia me alongar ao dizer quem é Grant Morrison e sua importância para a fase atual que estamos vivendo nos quadrinhos, mas acho que o trabalho dele diz por si só. Invisibles, Arkham Asylum, All Star: Superman, Crise Final… O escritor e desenhista escocês, que hoje escreve exclusivamente para a DC Comics e está marcando época, permitiu que a sua vida fosse dissecada perante as câmeras.

Aqui no Brasil, quem compareceu a 17a Fest Comix teve a oportunidade de apreciar o documentário somente uma semana após o lançamento. O site Goma de Mascar conseguiu trazer com exclusividade, e apesar de alguns problemas técnicos – a sala cedida para o local não ser muito boa e a divulgação quase nula por parte da própria equipe do evento no dia – nada fez o material perder o brilho. Só acho realmente uma sacanagem não terem divulgado mais, já que o evento tinha toneladas de fãs de Grant Morrison, dava para ver nas prateleiras com quadrinhos da DC e os números escassos de Crise Final.

Grant Morrison - Talking With Gods na 17a Fest Comix

O documentário, produzido pela Sequart TV (que também está produzindo documentarios sobre Warren Ellis e a história editorial de X-Men) e pela Respect Films, mostra a vida de Grant Morrison desde criança, muito pelo ponto de vista do próprio escritor, mas também com comentários de pessoas que acompanharam a sua carreira e parceiros de trabalho. Além de conhecer de perto quem são seus amigos, quem é a sua mulher e como ele a conheceu, vemos fotos dele de quando ainda tinha cabelo e o escritório particular em seu castelo na Escócia. O ritmo frenético de pensamento, quase hiperativo, domina suas falas. Ele tem uma linha de raciocínio muito rápida sobre tudo, e é um pouco demorado para assimilar.

Se há um comentário que eu não cansei de fazer a mim mesma durante a sessão é: “Isso explica muita coisa.” A figura emblemática de Morrison é inevitavelmente desconstruída. Entre passagens de um infância otimista e os anos mais loucos de sua vida, os anos 90, viajamos por uma montanha russa emocional que construiu a genialidade do escritor. Temos a oportunidade de entender o porquê de ele se envolver com magia e quais foram as drogas e inspirações que ele teve para fazer Invisibles, esta parte que especialmente eu acho a mais interessante. Ao mesmo tempo, vemos que ele vive coisas de forma muito intensa e que essas experiências são diretamente refletidas em seus roteiros, sem filtro nenhum. The Filth é um ótimo exemplo: todas as coisas que ele estava sentindo e vivenciando foram inseridas na HQ de forma quase literal.

Pra quem é da área e gosta de escrever roteiros e/ou desenhar é um momento especial e divertido: Grant conta como faz os seus roteiros e seus companheiros de trabalho mostram suas reações variadas ao ter que materializar tantos detalhes. Artistas, roteiristas e outros profissionais diversos dão seus depoimentos: Geoff Johns, Warren Ellis, Mark Waid, Matt Fraction, Jill Thompson, Camila Delrrico, Frank Quitely, Cameron Stewart, Phil Jimenez, Chris Weston, JH Williams III, Jason Aaron, Dan Didio, Karen Berger, entre outros. Só gente conceituada. Ele também fala sobre as suas influências (entre estas,  Alan Moore) e como entrou na DC e não saiu mais.

Um verdadeiro dossiê sobre uma vida entrelaçada com os quadrinhos, ótimo para conhecer com mais detalhes as obras do roteirista e apresentar o trabalho para o público que não o conhece ainda. Diria que esse é o grande feito do documentário: conseguir conversar com todo mundo.

Grant Morrison: Talking With Gods tem por volta de 1h20min. As vendas começam de fato dia 22/11 e o DVD está em pré venda na Amazon. Se você quer ver os outros projetos da Sequart, é só entrar no site da produtora. O filme também tem um hotsite com informações mais detalhadas.

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Comentários 4
  1. Eu comecei a usar um "caderno de idéias" depois que vi o documentário.

    Achei muto bom. Eu que já acompanho a obra do cara faz tempo achei muito mais massa a parte de passado dele e tal, mas ofilme como um todo é massa, passando todo o imaginário doido dele sem cansar.

    E ELE ENSINA A SOLTAR SIGILOS!!

  2. grant morrison é um grande cara ,seu surrealismo cientifico casa com perfeição com o conceito de super heroi ,sua trajetoria é notavel ,lembro de uma entrevista sua num jornal especializado em quadrinhos que saia aqui ,o nome do jornal eu não me recordo ,aquele moleque arrogante se auto promovendo até soava meio arrogante ,mas suas ideias chamavam a atenção ,se não me falhe a memoria ,seu animal man estava sendo publicado no formatinho dc 2000,e que ideias,ja dava para perceber que a cabeça da figura era uma usina poderosa que triturava o culto e o pop numa coisa nova e refrescante ,depois veio asilo arkhan que teve a pachorra de desfiar a suspeita de uma relação homoerotica entre batman e robin ,como matar seu namorado devia ser obrigado por lei a nunca sair de catalogo ,os invisiveis é um verdadeiro tratado sobre realidades paralelas ,all star superman é simplesmente a melhor historia escrita do personagen,sua trajetoria é impar é uma pena que de ums anos para ca sua fama cresceu tanto que o tornou imune a direções editoriais ,sua obras recentes em sua maioria são um emaranhados de boas ideias amontoadas sem nenhuma direção , fica evidente a falta de um editor de pulso firme que o obrigue a ser mais objetivo .

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