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Cinemateca Ambrosia: A Herdeira

Quando uma mulher ama um homem… ela não quer saber a verdade sobre ele.

A Herdeira (1949), de William Wyler, foi a primeira versão cinematográfica do livro de Henry James (1843-1916), originalmente publicado como uma série nas revistas Cornihill Magazine e Harper`s New Monthly Magazine. A história simples trazia o tema central da obra de James: a transformação de uma moça em mulher.

O escritor norte-americano passou grande parte da sua vida na Europa (terminando por se naturalizar inglês), e com um certo desdém pela terra natal, frequentemente falava sobre a posição falsa dos americanos em relação aos europeus. Suas personagens, em geral, eram americanas por que achavam que sabiam demais, mas se revelavam provincianas em relação ao velho mundo, que invejavam e descobriam enquanto amadureciam. Essa relação era simbolizada por suas heróinas, já que uma “moça americana” é duplamente prisioneira de si mesma, pois além das questões da pátria, é uma jovem mulher, com todas as limitações do “sexo frágil” na sociedade burguesa do século XIX.

O livro, originalmente chamado Washington Square, não era muito querido pelo autor, já que o estilo se assemelhava ao de Jane Austen, a quem não admirava. Mas assim como as obras da inglesa, foi um grande sucesso comercial. O drama da filha boba em embate com o pai dominador era um tema universal, e em sua simplicidade, cativou o público.

Em 1947, a obra foi adaptada para o teatro e estreou na Broadway com o título de A Herdeira. Olivia de Havilland (de …E O Vento Levou) assistiu a peça e procurou William Wyler, pedindo que a dirigisse numa adaptação para o cinema. Empolgado com o projeto, ele insistiu para que os executivos da Paramount comprassem os direitos da peça e contratassem seus autores para adaptarem o roteiro.

Embora o filme seja um fruto dessa adaptação, é bastante fiel ao livro original, com algumas frases retiradas diretamente da obra de Henry James.

Pobre Catherine…

O filme conta a história de Catherine Sloper, uma tímida e nada atraente herdeira, que é o desgosto de seu pai, um influente médico. O Dr. Sloper tem carinho pela filha, mas ela não é nem de longe a figura exuberante que sua amada esposa fora, e a alegria que seu nascimento poderia ter sido foi por água abaixo quando a mãe morreu no parto. A família se completa com a tia Penniman, a irmã solteirona do médico, que vivendo em sua casa, é como uma mãe para a menina boba.

Assim, só resta ao Dr. Sloper esperar que a filha faça um bom casamento, apesar de seus poucos encantos. Numa festa, ela conhece o belo Morris Townsend e se apaixona perdidamente, encantada por ter um homem tão fascinante lhe prestando atenção. O pai lhe adverte, com certo prazer cruel, que Morris só está interessado em seu dinheiro, já que é um fracassado sem fortuna e Catherine é tão desinteressante. Ele ameaça deserdá-la caso ela se case com Morris e ela planeja fugir com o rapaz, mas tem seu coração destruído quando ele simplesmente a abandona, uma vez que sem sua herança eles não poderiam viver.

O Dr. Sloper tinha razão, e a discussão que se segue entre pai e filha muda para sempre seu relacionamento. Catherine, desolada, amadurece subitamente, graças à dor. Seu pai não esconde a felicidade de se ver vitorioso. O tempo passa, e o médico finalmente morre, fazendo de Catherine uma mulher rica.

Morris retorna e se diz ainda apaixonado por Catherine, justificando que não poderia suportar ser a razão da tragédia da moça, cortando seu laço com o pai e destituíndo-a de sua herança. Morris conta com o apoio da romântica tia Penniman, e Catherine planeja fugir com o amado. Ela pede uma tarde para os preparativos e quando Townsend vai buscá-la à noite, calmamente saboreia sua vingança, enquando o homem grita por ela do lado de fora da porta trancada por sua ordem.

Sucesso

A Herdeira fez grande sucesso, sendo indicado a oito Oscar, incluíndo melhor filme. Ele rendeu à De Havilland sua segunda estatueta, e embora Montgomery Clift não tenha sido indicado, sua interpretação foi elogiada pela crítica. O estúdio tinha pedido aos autores que não fizessem de Morris um vilão, para capitalizar com a imagem de galã do ator, o que resultou num personagem sem muita profundidade. A interpretação ambígua de Clift foi considerada exepcional para o que seria um dos seus papéis menos interessantes.

Um remake de 1997 voltou ao título de Washington Square, mas nunca atingiu o mesmo brilho da produção original (embora seja um pouco mais fiel ao livro). Até hoje, o filme é uma das mais bem-sucedidas adaptações de uma obra literária para o cinema, e uma linda amostra da obra de um dos mais célebres escritores da ficção realista.

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